O Cântico de Mauema e Madauá - DTRL34
Eu sei que não devia, mas preciso, eu preciso contar para você. Desculpe.
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A mãe contou para o filho aquela história, de quando ainda havia verdade no mundo, de quando o amor era puro. Ele, naquele momento acreditou, soube que encontraria algo assim. Teve certeza disso.
E a mãe disse:
“Mauema era a mulher de Madauá. Reza a lenda que ambos ficaram perdidos por muitos dias naquele deserto, e que em determinado ponto, após horas de fome e sede, quando o sol já os despia de sanidade e os corpos já se demonstravam desprovidos de energia, deitaram-se na areia e um enterrou o outro, jogando a areia com as mãos, após jurarem fidelidade e amor eterno.
Morreram ali, lado a lado. O vento, senhor daquelas terras, muito triste resolveu os ajudar, e carregou duas grandes porções de areia, jogando cada uma por sobre um corpo, formando duas enormes dunas, e desde então cada lado do deserto ganhou seus nomes, no meio deles onde a semente de seu amor brotou, nasceu a sagrada árvore da vida, o umbuzeiro.”
E desde então as dunas que dividem Mauema e Madauá choram, num cântico assustador, feito murmúrios de um vento fúnebre.
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“Não brota chuva, nem broto
O deserto espanta a sombra
Não há água, terra tá surda
Berra, tem o sol na garganta”
Bolhas nos pés, dor de cabeça, sede, muita sede. Debaixo do sol, sobre a areia, caminhava perdido no breu de outra tarde seca. O corpo quase obedecia a gravidade, balançando para frente e para trás, para direita e para esquerda, tropeçando em sua própria sombra quente.
A areia poeirenta lhe feria a face, persistente e feroz, parecia desejar lhe sangrar os olhos. Havia enrolado, parcialmente, um trapo de pano sobre o rosto, e isso fazia com que sua figura apática lembrasse um muçulmano naquele lugar ermo, desprezado por qualquer deus. Pelejava pela vida que não lhe pertencia mais, em busca de alguma redenção.
De tudo não era nada mais que um pedaço de carne sendo perseguido por um quadrupede que cheirava à morte. O bicho, mais negro que sua própria sombra, caminhava arrastando a pata dianteira direita, deixando um rasto na areia, tal qual uma lesma que abandona o muco para conduzi-la de volta para casa, nesse caso ainda com uma corda presa ao pescoço e um par de buracos, onde haveria de ter dois chifres sobre a testa. O sangue escorria do animal, dois pequeninos rios de sangue, trilhando sedentos o caminhando dos olhos, descendo pelo pescoço, encharcavam a corda e o líquido já pútrido e gosmento tingia o seu rasto sobre a areia.
Enquanto caminhava com destino certo, perdido em sua própria cólera, sentia que as dunas falavam consigo, como sua mãe lhe contara certa vez. O fantasma do animal estava ao seu encalço, como uma sombra de sua nova existência.
Ouça o som oco das dunas
O uivo sombrio dos ventos
Zumbindo feito Zabumba
Zombando dos pensamentos
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“Antes”
A sorte era essa, o danado antes de conhece-la era o cão chupando manga. Eu, que vim doutras terras, presenciei muitas cenas bizarras ao longo de minhas passadas pelos confins desse mundão.
Zé Damasceno era um cabra certeiro, daqueles que atiraria primeiro em qualquer um que pisasse no seu calo, ou quem sabe nem carecesse ter calo para pisar. Tinha fama de matador, mas maior que essa sua fama, com o tempo passou a ser o renome de corno. Aquela que ele amava tão cegamente estava o traindo com o maior criador de cabras daquelas bandas.
O não tão valente, mas poderoso macho era conhecido como Coronel Sebastião Cabreiro, um dos homens mais ricos daquelas bandas. Zé talvez fosse mais bonito, mesmo que nem tanto. Contudo, fora o dinheiro do velho, que por si só já pagava um bom boquete e uma trepada das boas, havia um boato sobre ele, dizia esse falaço que o homem era dotado, ou melhor superdotado da coisa. Os que o conheciam há mais tempo diziam que quando mais novo era apelidado de três pernas, numa época em que ele ainda somente se divertia com as cabras do falecido pai.
Eu mesmo, também ouvi falar por tais ou outras línguas traiçoeiras que a mulher do Zé, Jussara, era tão foguenta que para se esfregar sobre o colo do bode velho, pouco caso fez de ser casada, fiquei sabendo que apenas tomou dois goles da marvada e sem medo, se dispôs da calcinha passando-a para o velho com os punhos cerrados e abrindo-os sobre as palmas grandes de suas mãos. E, logo depois o convidou com os olhos, foi até o banheiro do botequim do Seu Nelson Peixeiro, onde estavam, e deixou a porta entreaberta. As mesmas más línguas não esconderam o detalhe de que ela gemia alto, tão alto que as bezerras há uma quadra do lugar acompanhavam o furdunço.
Mas essa foi apenas uma das vezes que ela ficou com o coronel. O homem era esperto, passava alguns serviços para o Zé, pedia que levasse suas cabras mais velhas para o abate, num matadouro numa vila vizinha, lá pagava-se mais caro pelos animais, pois a sede e a fome eram ainda maiores. O coronel era homem de negócios, herdara do pai essa virtude, assim como a fama de mulherengo.
Num destes serviços, Zé Damasceno, guiava as cabras pela trilha entre as Vilas Mauema e Madauá, um pedaço de chão árido, desses que cresce mais e mais, a cada sopro do vento que quase nunca descansa, bem onde as dunas vem despejando sua areia e estrangulando as raízes, lá aonde os pequenos córregos cada vez estão mais estreitos, logo onde a morte vive à espreita.
Eram cerca de dois dias de caminhada. Levar os bichos vivos era uma forma de burlar a fiscalização. Cabras secas de leite sendo vendidas para o abate, sem licença, sem certeza de terem ou não doenças, mas o Zé sabia que ali estavam os descartes do velho; a carne mais magra, as piores lactantes, aquelas que jaziam doentes, as que só serviriam para os que estivessem em constante desespero. “As Cabras de Mauema sacrificadas a Madauá.” Grande falácia.
Zé sempre viajava sozinho, só ele e os bichos, e tinha consigo a experiência de conhecer aquelas bandas, de tanto caminhar com a mãe e ouvir as histórias sobre as trilhas, sobre as lendas e origens. Sabia como poucos os caminhos da sobrevivência, conhecia os riscos, desde cedo. Quando criança fora criado para suportar o calor, os ventos irrequietos e aprendeu da mais dura forma que amor de pai é feito chicote que ensina e que marca, que faz obedecer e mostra o caminho a seguir. Já com a mãe, tida como macumbeira por muitos, como curandeira por outros, recebia os ensinamentos que com o tempo esqueceu, pois as lembranças e marcas do pai eram mais fortes e vívidas, como sinais de ferrete em suas costas.
Como de praxe, parou em certo ponto no caminho, num pequeno recanto onde podiam descansar os animais e ele próprio, onde um fio d’água ainda vivia e escorria por uma pequena fenda para o meio de uma loca sem início ou fim. Deitou-se ali mesmo, na areia. Era noite e precisava cair no sono. As estrelas cintilavam parcialmente os espinhos de um mandacaru a sua frente, um símbolo da resistência em meio ao ríspido deserto, explodindo como um rugido no meio do ermo. A espiar as flores alvas do cacto acendidas no negrume da noite, Zé sorriu tímido ao relento, aos pés do tronco de um umbuzeiro, a coisa mais linda e sagrada que poderia admirar naquele percurso. Meio a tudo isso, sentiu o peso das pestanas e antes que caísse na modorra notou as pegadas se arrastando por sobre seu corpo.
Levou, de súbito, a mão e por puro reflexo, bateu com força em cima dele, e nele. Gritou, a dor era lancinante. Não demorou muito, e pouco após a picada, desmaiou.
“Delírio ou Realidade”
- Oi. Você vai ficar a migué aí? – Indagou a voz rouca e feminina.
- Ahn? Quem tá falando? - Ele investigava, sentia que estava flutuando em algum lugar, não percebia seus pés no chão, na verdade estava quente, muito mais quente que o normal.
- Arriba, seu abestado. Não está me vendo, abra os olhos, vai ficar mais fácil me enxergar de olhos abertos – E após isso ele a viu.
- Cê é uma cabra, uma das cabra que tô levando pro matadouro? – Parou, sem entender o que estava havendo. À sua frente uma cabra negra e com dois chifres na testa falava com ele. Lembrava dela no rebanho, mas falando, ele compreendia que só podia estar sonhando – Que diabo que é isso?
- Assunta bem! Bota os pé em cima da areia e volta pra casa que sua muié tá de caso com meu Coroné – A cabra falou e a voz soou tão nítida, tão verdadeira que parecia entrar em seu cérebro.
- Ê-ê-ê, não brinca com isso, coisa do demo. Eu vô acordá e depois te arranco o bucho – Ele disse, naquele momento, furioso.
- Fila duma égua, escuta, o coroné tá comendo a sua muié, abestado! Escuta o que vai fazê – E por um breve momento pensou se aquilo, se aquela voz poderia ser a voz de sua mãe, confusa em meio ao berro de uma cabra rouca.
Ainda deslocado, tentando pisar com os próprios pés, percebia que não estava ali, mas estava. Que o bicho não era real, mas tanto era. Como poderia ser aquilo? O que contam, que ele contou, foi que no fim das contas não podia duvidar daquele bicho, ele simplesmente sabia que precisava voltar.
Zé escutou aquela maldita poesia. Era tão clara como o dia, tão sombria como a noite. Não precisava estar acordado, mas ele tão logo acordou, olhou para sua mão, a marca de uma picada de escorpião ainda desenhava avermelhada um pequeno inchaço na palma. Talvez poderia ter sido o efeito de uma forte febre, alucinação. Poderia, mas ele sabia, a cabra falava a verdade.
Se lembrou de cada palavra da cabra, olhou para o animal e repetiu as palavras amaldiçoadas. O bicho já não falava mais, mas aparentemente queria ouvi-lo, esticado à sua frente, como se esperasse pela própria morte. E então começou uma espécie de ritual...
O bode, o pote de sangue
A cabra, o leite nas tetas
O filho, o filhote, arranque
Os chifres pontudos da besta
E repetiu, enquanto pegava a peixeira entre o cinto e a cintura...
Enterra o meu coração
Dentro da sua barriga
Enterra os meus chifres
Dentro da sua rapariga
Arrancou o coração do animal que parecia continuar respirando...
E após o sacrifício
Sozinho não ficará
Terás a companhia
Ela te seguirá
E segurou o animal e arrancou-lhe os chifres...
E então aquela que traiu
Por essa terra há de cair
Feito sangue que consumiu
O maldito irá sucumbir
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Antes de conhecer Jussara, era feito bicho do mato, só que com ela era diferente, com ela parecia ser mais humano. Ainda era uma menina quando a viu pela primeira vez.
Ela tinha não mais que treze anos, usava um vestido num tom azul-esverdeado, os cabelos soltos e mal arrumados davam a impressão que a menina de faces coradas e pés descalços era só uma criança desmazelada. Não deu muita trela naquele primeiro momento, mas reparou nela, guardou aquele rosto, como se já soubesse que lhe pertencia.
Lembro de estar lá naquela noite, poucos dias depois desse primeiro encontro. Eu estava sentado, pitando um cigarro de palha, tomando minha poderosa cajuína, sim, uma delícia, a melhor das melhores bebidas que conheci com os nordestinos. Pois bem, lembro de perceber aquela troca de olhares, estavam bastante envolvidos, ele via como ela dançava forró ao pé da fogueira. As fagulhas embaralhavam-se como estrelas, rodopiando, a saia girando no ar. Com movimentos quase perfeitos, o corpo requebrando tal uma boneca de pano, os passos e o espaço entre eles diminuindo, e então... Um estouro.
Sim, foi feio, o tronco se rompeu e a fogueira desceu ao encontro da menina de sorriso cativante e malicioso. Zé, com a agilidade que tinha, como pôde, correu e se atirou tirando o corpo dela do encontro com as toras em brasas. Queimou-se um tanto, não o bastante para tirar os olhos dela. A perna ardia, mas quando se deu conta que estava em cima dela, seu rosto enrubesceu e percebeu com clareza a proximidade entre seus lábios e os da pequena.
- Você está bem? – Ele perguntou.
- S-Sim – Ela rebateu ofegante.
Não a beijou ali, mas não foi tão depois daquele momento, e sim naquela mesma noite, bem quando as brasas davam seu último lampejo, lá quando o frio se encontrara com os corpos, logo que os olhos se fechavam e tão brevemente se abriam.
Foi mais ou menos assim, a lua nordestina, o forró, a sensualidade da jovem e a carência do homem. Tudo corroborou para que se misturassem tão perfeitamente feito fagulhas e brisa.
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Dizem que as dunas cantam, sussurram. Caminhou por tanto tempo de volta, sentindo o peso por sobre os ombros, ouvindo o murmúrio das dunas. Ele escutou aquele barulho por horas, com fome e sede. Não comia fazia mais de quatorze horas, e não queria comer. Ainda se lembrava do gosto do coração daquela cabra, e nas mãos ainda trazia os chifres, um par de chifres.
Sabia que nem tudo era verdade, que nem todos poderiam perceber sua dor, não imaginava que demônio era esse que queria ajuda-lo mostrando a verdade, mas ali nas dunas lembrava da mãe, de como ela sempre o amou. Nunca conseguiu ser o que sua mãe queria, matou alguns homens, mas mudou um pouco quando conhecera Jussara, deixara de ser o pior dos homens para ser um homem melhor, com a fama de ruim, mas o coração de um apaixonado feito Madauá.
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Chegou e era noite, as luzes da casa estavam acesas, as chamas das velas lamuriavam tremeluzentes ao soprar da brisa. A porta de madeira entreaberta denunciava a visita. O capacho de palha ao pé da porta, surrado. Tão surrado quanto o barro batido a mão na construção da casa. O bambu mal entrelaçado fazia com que por pequenas fendas escapassem feixes de luz das paredes que formavam os três cômodos. Segurou firme os chifres, tão firme quanto os que tinha na testa e entrou, descalço e ainda sentindo a companhia da cabra, mesmo não vendo ela em lugar algum.
Pisou por sobre o piso de madeira, viu as botas do sujeito esparramadas, uma de ponta cabeça, a outra por sobre o sofá, mais à frente. Próximo ao pequeno corredor que dava para o quarto e que também era caminho do banheiro estavam as calças largas do velhote. Os nervos a flor da pele, os punhos cada vez mais firmes. Silencioso continuou a caminhar, ouviu os roncos do coronel, e naquele momento apenas uma cortina separava-o deles.
Com um dos chifres na mão direita afastou o tecido e entrou sorrateiro.
Viu que os dois dormiam despojados na cama, ela sobre a rechonchuda barriga do covarde, assim, como vieram ao mundo e constatou que o maldito realmente tinha três pernas.
Chegou bem próximo deles, e quando ergueu os chifres com as duas mãos em meio a insanidade e sabor de vingança agradeceu a cabra com um berro alto e um golpe em cada um. As duas mãos desceram com força e perfeita simetria.
Jussara recebeu um golpe nas costas, o chifre cravou a pele, perfurou as costelas e atingiu o coração. Ela abriu os olhos e quase disse seu nome, o chifre em forma de bumerangue girou dentro da pele e em meio aos ossos, sendo guiado pelas mãos do agressor, sendo pressionado para dentro até brotar do outro lado do corpo, apenas um ponta, como se um olho se abrisse do outro lado para enxergar o sangue da outra vítima que recebera um golpe direto na boca, tampando o ronco do porco imundo.
Deste Zé fez questão de após enfiar o chifre goela adentro do miserável, puxar de volta, trazendo sua língua asquerosa para fora, fazendo com que a mesma despencasse lateralmente na boca escancarada do criador de cabras. Olhou mais uma vez para eles, ali, sem nem saberem o que lhes atingiu. O sangue escorria pelos tecidos e pingava na madeira, um som quase inaudível. Sentou-se à beira da parede, um metro de distância da cama, ainda com um dos chifres na mão, um pedaço da língua do homem ainda estava ali, bem na parte pontiaguda do utensílio.
Ficou ali durante algum tempo, pensando em como as pessoas eram, todas as pessoas. Olhou para os dois corpos mais uma vez e pensou que sua fama não podia ser essa, de um corno. Se levantou, olhou para porta e a viu lá, parada, sem os chifres, a maldita cabra parecia feliz. Caminhou em sua direção, e quando chegou bem próximo, abaixou-se e colocou a mão sobre a cabeça do animal e acariciou-a.
- Bora – Ele disse.
Seguiram caminhando juntos, sei que foram parar no botequim do Seu Nelson Peixeiro, foi lá que ele contou toda a história. Muitos queriam rir, pois ninguém via a cabra ao lado dele, mas ao fim, ele disse:
- Não sou corno, mas vou usar esse chifre para cravar em cada um que duvidar ou espalhar essa história ou descobrir sobre esta história – Naquele dia ele matou o Seu Nelson por não ter lhe dito nada.
Pensei que aquele era o fim e que não aconteceria mais nada, afinal foram tantos anos, mas aparentemente morreram algumas pessoas da região nos últimos meses e alguns destes nem moravam mais lá.
Parece que todos tiveram perfurações com um objeto em espiral, como um chifre de cabra. Não sei se acredito nisso, mas estou escrevendo essa carta para que fique registrado que se eu morrer de causas não naturais, o assassino pode ser ele.
Dizem, apenas dizem que antes de morrer você tem um vislumbre da cabra com os chifres arrancados e os olhos cobertos pelo sangue que mina dos buracos na testa dela. Mas se é antes de morrer, como podem saber?
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PS: Não saio de casa há alguns dias, e aparentemente também tenho escutado barulhos estranhos, como o de um animal de cascos rondando a minha casa e um outro som, algo parecido com o vento soprando uma melodia fúnebre, me lembra a história sobre o cântico das dunas de Mauema e Madauá.
Fim.
Tema: Sertão Nordestino