A Estatueta de Sabrina
Sabrina era uma pequena moça alegre, apenas 7 anos de idade e pura energia, seu aniversário de 8 anos estava chegando, faltava apenas um dia.
O pai de Sabrina voltava caminhando do serviço, em um momento de distração ele acaba tropeçando e caindo no chão, ao se levantar ele vê uma loja de antiguidades, na vitrine havia uma estatueta com o formato de uma mulher, de certa forma aquele objeto o fazia lembrar de sua filha, sendo assim ele compra a estatueta de presente.
Sabrina sorri ao ganhar seu presente de seu pai, ela o abraça e diz que o ama, ao ouvir aquelas palavras seu pai entre em frenesi, seu corpo tremia, ele mal conseguia se controlar, tinha impulsos sexuais por sua filha. Ela se assusta com a situação, seu pai começa a acariciá-la e despir suas roupas, a menina já não entendia mais nada do que estava ocorrendo, com um gesto de desespero ela começa a se debater, gritos sufocantes escapam de sua garganta, mas seu pai era forte e o prendia em seus braços, havia uma blusa escarlate da Sabrina caída no canto da cama, ele a pega e amordaça a boca da menina, a estatueta que estava em cima da cama cai no chão, Sabrina é posta deitada de peito na cama, enquanto era estuprada, sua única visão horrenda daquilo tudo era a estatueta caída à sua frente. Chorando e sangrando sem parar, Sabrina se arrasta até a lareira com a estatueta em mãos, ela não queria guardar aquilo, o presente que marcava o início de uma vida assombrosa. Ainda sem parar de chorar ela joga o objeto no fogo, a cena a seguir foi um tanto estranha, enquanto lágrimas escorriam do rosto de Sabrina, a estatueta também parecia chorar e esboçava um leve sorriso enquanto se derretia em meio as chamas. Antes de se virar e ir embora pro seu quarto chorando, Sabrina pôde jurar ouvir a voz da estatueta dizendo, “até logo!” Depois sucumbindo as brasas intensas.
Durante anos Sabrina continuou sendo estuprada, sua mãe sabia de tudo e não fazia nada a respeito, sempre que a menina pedia ajuda ela acabava sendo espancada pela mãe, ela só estava com 14 anos, mas almejava a morte constantemente.
A vida de Sabrina não foi planejada, mas sua morte parecia que sim, seus pais a odiavam e sentiam repugnância por sua existência, mas que culpa tinha a coitada.
Seu único motivo para não desistir da vida era seu namorado, ele a tratava com muito carinho e sempre fazia de tudo para alegrá-la, ele não sabia que sua namorada sofria abusos sexuais, mas sabia que havia algo de errado com ela.
Seu namoro por um tempo foi até bem, mas certo dia em um trabalho escolar, Sabrina e seu namorado foram até a casa de outra aluna, o trabalho era em trio, Sabrina, seu namorado e uma amiga dele. Seu namorado era responsável por levar papel crepom, mas o mesmo esqueceu de levar o material, é então que Sabrina resolve ir até o mercado comprar o papel crepom, sendo assim ela caminha em direção a papelaria mais próxima, ela queria ir sozinha, sua mente não estava boa, constantemente vinham lampejos dela sendo abusada por seu pai, ela não conseguia esquecer do maldito presente que ganhou de seu pai no dia de seu aniversario de 8 anos, devido a esse fato ela caminha solitariamente até a papelaria, enquanto isso, seu namorado e a outra aluna ficam esperando na casa que estavam, não demorou muito para os dois se entrelaçarem em beijos e caricias. Sabrina ainda estava no meio de seu trajeto, foi então que ela nota que o dinheiro havia ficado em cima da mesa, à passos rápidos ela volta para casa, chegando lá a cena que presencia não é nada legal, seu namorado se degustava dos lábios da outra menina, Sabrina surta e começa a gritar com eles, os dois ficam sem reação, mas seu namorado não parecia se importar muito, ao ser questionado por Sabrina do porque daquilo, ele simplesmente responde que já havia cansado de bancar o senhor bonzinho para uma menina tão deprimente. Sabrina que já estava sem chão se desaba mais ainda, sua ira era grande, seu corpo tremia tanto que... Aqueles lampejos do passado atormentavam sua mente, a maldita imagem da estatueta sorrindo ao ser devoradas pelas chamas fazia seu corpo tremer. Seu namorado o traindo, lembranças horríveis do passado, tudo aquilo explodia e fazia sua mente surtar, seu corpo parecia se mover sozinho em direção da cozinha, ela caminha rumo a faca mais próxima.. espera.. o que era aquilo em cima da mesa? Não pode ser! A estatueta que Sabrina ganhou de presente estava ali diante ela, sua cabeça estava ruim, mal sabia se era real ou não, mas aquela faca era real, seu namorado o traindo era real, seu corpo mexendo sozinho era real, e algo ruim estava prestes a acontecer.
Aquela faca cintilava ódio, parecia pronta para penetrar corpos humanos, decepar pessoas podres de alma, mas aquela faca se encontrava com a pessoa errada, Sabrina apertava aquela faca tão forte que seu cabo se trinca levemente, a histeria se graduava, Sabrina olhava para seu namorado e enxergava o rosto de seu pai, olhava a menina e via a face de sua mãe, sua mente estava confusa, seu coração ao mesmo tempo que se mantinha acelerado permanecia frio, cega pelo ódio.
O namorado de Sabrina tenta ir acalmá-la, péssima ideia, a mesma tenta acertá-lo com um golpe de faca no rosto, atinge somente de raspão, ele a empurra, ela segura seu braço e ambos caem sobre o chão, em uma tentativa de tomar a faca de Sabrina, ele acaba sentindo seu estômago ser perfurado, uma dor aguda e forte, a outra aluna que estava na casa assiste tudo e começa a gritar por ajuda, mas ao se virar na tentativa de correr para fora da casa, seu pescoço conhece a lâmina afiada da morte. Sabrina chorava enquanto esfaqueava os dois, mas seu coração parecia sentir em paz, suas ações não foram paradas e as tentativas de se defender foram em vão, os dois jovens morreram no local com mais de 30 facadas no corpo de cada um.
Sabrina estava desnorteada, sua mente transitava entre o pesadelo e o real, mas para seu pavor, a realidade era seu próprio pesadelo. Suas lágrimas desesperadas só aumentou ao chegar em casa. Depois de matar dois jovens, um do qual amava e outra que no seu ver não passava de uma vadia, seu psicológico não era mais o mesmo, a sede de sangue aumentou dentro de seu peito, aqueles dois estavam mortos, mas seus pais ainda respiravam, e isso a prendia num mundo de horrores e tortura, ela não tinha mais nada a perder, acabou de cometer homicídio altamente qualificado, uma atrocidade só vista antes por ela em filmes de terror e assassinatos.
Sabrina chorava aos montes na varanda de sua casa, já era tarde da noite, ela queria entrar e matar seus pais, mas ao mesmo tempo não conseguia prosseguir. A luz da sala acende, era seu pai gritando com sua mãe, o mesmo segurava uma garrafa de uísque pela metade, os dois discutiam sobre o que fazer com Sabrina, a essa altura eles já sabiam sobre o assassinato dos jovens. Sabrina olha para dentro de sua casa, agarra com força bruta sua faca, a ira e o ódio estampavam seu olhar novamente, ela ergue seu braço e quando trisca na maçaneta, uma voz ecoa em seu ouvido, "entre e mate todos, mas não me deixe aqui sozinho." Ela olha para o lado direito e vê sua estatueta caída no canto da parede, a voz ecoa novamente a mesma mensagem, parecia soar da estatueta, a mesma caminha até o objeto e o pega no chão, ao tocar aquilo seu corpo sente um certo desconforto, suas veias saltitavam de sua pele, algo muito quente percorria toda sua corrente sanguínea, ela tentou soltar a estatueta, mas seu corpo não obedecia mais suas ordens, sem se dar conta ela já estava dentro da casa, segurando a faca em uma mão e a estatueta na outra, seu pai a vê entrando em casa e parte em sua direção, gritando, com bastante raiva e medo, por mais incrível que pareça, pela primeira vez na vida ele sentia medo dela, sabia o que havia acontecido, pensava que poderia ser o próximo se não desse um jeito de uma vez por todas. Com uma intensidade agressiva seu pai tenta acertá-la com a garrafa de uísque, mas ela desvia enquanto mantinha um olhar distante e sombrio sobre seu alvo, sua mãe em um gesto de desespero agarra ela, porém, sua força era imensa, talvez sobre humana naquela ocasião, Sabrina derruba sua mãe e a atinge com uma facada no pescoço, seu pai tenta acertá-la novamente, mas ela desvia de novo e acerta um golpe de faca em seu abdômen, pela primeira vez no dia podia se ver sorriso no rosto de Sabrina, ela saciava sua sede por vingança, seus pais gritavam de dor e se arrastavam pelos cômodos, isso a deixava feliz, sensação de prazer, um êxtase jamais sentido.
Aquilo já havia se tornado brincadeira, ela esfaqueava eles de pouco em pouco, a casa estava repleta de sangue, igualmente seu corpo. O serviço estava quase em seu clímax quando a estatueta emergiu um brilho tão intenso que olho nenhum conseguia se manter aberto. De repente uma dor aguda no peito e um desmaio, Sabrina cai de bruços no chão, tudo que sua mente podia ver era escuridão, seus olhos não abriam, seu corpo não mexia, ela parecia morta. Aproveitando a situação os pais de Sabrina tentam se arrastar para fora da casa, chegando na porta eles olham para trás, na tentativa de ver se Sabrina ainda estava desmaiada, não havia nada e nem ninguém, eles abrem a porta e dão de cara com a estatueta no chão, a mesma começa a brilhar novamente, os dois sentem dores fortes na região do ombro e costas, antes de fechar os olhos e caírem, eles puderam ver a Sabrina retirando a faca de seus corpos e lambendo o sangue na mesma, segundos depois só restou a Sabrina viva, ela achava estar sentindo um odor diferente de sangue, parecia álcool, ou era somente sua mente. Ao tentar sair da casa ela se vê diante da estatueta, e a mesma emana outra rajada de luz e dessa vez a casa começa a pegar fogo, Sabrina ainda estava lá dentro, saiu da casa com o corpo todo em chamas, parecia não sentir dor alguma, ela nem mesmo sentia que estava viva.
Sua faca ficou para trás, mas a estatueta estava em sua mão. Caminhando rumo a escuridão de uma floresta que se encontrava atrás de sua casa, as chamas de seu corpo vão se apagando vagarosamente, mas os sinais de queimaduras dominam seu corpo, sua pele borbulhava e se derretia, tudo que se podia ver eram seus olhos arregalados, destacados pela falta de sobrancelha. Sabrina continua caminhando pela mata à fora, o sangue emanava de seu corpo, deixando uma trilha por todo o percurso, quase saindo da cidade, Sabrina para e olha sua estatueta, um objeto de tamanho médio, seu formato era idêntico à Sabrina, porém, seu corpo estava todo enfaixado, somente seu rosto que não, ao menos uma parte dele, seus olhos estavam destacados pela falta de sobrancelha e sua boca enrolado por uma faixa de tom escarlate. Aquela estatueta era a própria Sabrina depois de todo o ocorrido, e a mesma sabia disso, sempre soube, desde o primeiro contato ela sabia que terminaria assim, se é que isso terminou. Após o vislumbre com sua replica em formato de estatueta, Sabrina olha em direção de sua antiga casa e abre um sorriso demoníaco.