A Velha
Nicodemus e Nicolau estavam de férias no colégio e sem nada melhor para fazer decidem sacanear Sigfrida, a velha que mora numa vila perto deles. Sigfrida tinha quase oitenta anos de idade, cabelos cor de neve e constituição física forte, apesar da idade avançada. Era tida como maluca pelos vizinhos por suas atitudes intempestivas e temperamentais. Alguns diziam que ela era uma bruxa, outros, uma satanista, mas eram apenas suposições. Os irmãos Nicodemus e Nicolau não tinham medo da velha. Não mesmo. Eles queriam se vingar por Sigfrida ter furado a bola de futebol nova deles que caiu em sua casa. Nicodemus, o mais velho, de 13 anos de idade, já tinha elaborado seu plano de vingança: esperariam a velha sair (ela sempre ia ao mercado de tarde), subiriam o muro, cheio de cacos de vidro, usando uma corda e dentro da casa de Sigfrida, “tocariam o terror”, ou seja: quebrariam tudo!
Às quinze horas, como de praxe, a velha sai para fazer compras. Os irmãos sabiam que ela ficaria fora ao menos uma hora. Cinco minutos depois, Nicodemus e Nicolau invadem a casa da velha. A porta de entrada estava apenas encostada e os irmãos entram sem cerimônia. Na sala, havia estátuas de demônios e seres sinistros que Nicodemus e Nicolau não conheciam. Havia um altar no fundo da sala com velas negras e vermelhas acesas. Se a velha não era satanista, devia ser uma bruxa ou, no mínimo, macumbeira. A sala dava para um corredor com diversas entradas. Os irmãos entram no quarto da velha. Uma bagunça só. Havia poeira por todos os lados, mofo no teto e roupas sujas jogadas ao chão. Moscas faziam seus característicos zumbidos irritantes. Nicodemus vê algo sinistro debaixo da cama da velha… uma mão! Os irmãos puxam a mão e com ela vem um corpo: o corpo em decomposição de uma menina de não mais que dez anos. “A velha é uma assassina!”, berrou Nicolau, colocando as duas mãos em cima da cabeça. Nicodemus soluçava de tanto chorar. Sabia que Sigfrida era estranha, mas não uma assassina. De repente, os irmãos ouvem um barulho de porta se batendo: “Bam!”.“A velha voltou antes da hora!”, sussurra Nicodemus, desesperado, no ouvido do irmão. “Quem está aí?”. Grita Sigfrida a plenos pulmões. Os irmãos não respondem. Não têm saída. A velha os encontra em seu quarto. Está calor, mas as mãos de Nicodemus e Nicolau estão geladas… de medo! “Então, vocês descobriram meu segredinho, hein? Azar de vocês!”. A velha pega a peixeira que trazia na mão direita e a enfia na barriga de Nicodemus. Nicolau tenta fugir, mas é atingido com a enorme faca no pescoço. Os dois agonizam, no chão encharcado de sangue , próximos ao cadáver da menina, enquanto a velha agradece a seu deus pela comida saborosa que terá por toda a semana…
FIM