Impressões que vão além das palavras

As memórias de um sonho costumam se desvanecer assim que se acorda. Não importa a intensidade ou a profundidade de um sonho, não importa o que se tenha feito ou onde se tenha ido, ele pode desaparecer assim que se abra os olhos. A consciência é assim mesmo, ela dirige a sua atenção onde é necessária, como você dirige os olhos de sua cabeça para aonde repousa o seu interesse imediato. No entanto, a consciência pode ser desdobrada. Ela pode abranger várias “localidades” ao mesmo tempo. Isso costuma acontecer entre o seu dormir e o seu acordar. Uma das nossas funções aqui é despertar essas habilidades em vocês, pois o destino do gênero humano é aprender a manipular a sua consciência, interagindo com muitas realidades ao mesmo tempo, sem ficar desorientada com isso. Esta é a chave. Perceber e manipular várias realidades ao mesmo tempo. Vocês fazem isso agora, só não percebem porque o seu ponto de foco é exclusivamente na realidade física. Mas a percepção humana profunda tem consciência das suas várias manifestações, além do que chamam de tempo e espaço. Vocês vivem várias situações ao mesmo tempo, várias vidas ao mesmo tempo, mesmo na sua vida diária normal existem eventos que não são registrados em seus cérebros físicos, mas nem por isso não significam que eles não existiram. Semelhantes aos sonhos que vocês esquecem no momento em que acordam.

Algumas pessoas se espantam com o conceito de serem parte de um conjunto de Consciências que se veem como única. Mas não há nada de estranho neste conceito. O seu próprio ego atual é produto das incontáveis células de seu corpo, e você vê, cada célula é um individuo único, interagindo numa dinâmica quase mágica para fazer você ser você.

A realidade pode ser explicada a partir de vários pontos de vista, porque, a grosso modo, realidade é isso mesmo, um ponto de vista. A Consciência vê o que quer ver, e ela constrói o seu mundo à imagem dela. Esta parte da informação que queremos tentar se tornar consciente a você.

Se eu fosse tentar explicar a realidade a um físico, eu deveria começar a dizer a ele que todas as coisas são vibrações. Pois que cada vibração é um discreto “oi” que cada pequena Consciência emite para as outras da qual é parte, e que essas impressões impressas nestas Consciências definem o seu mundo material. Então eu diria, não existem átomos, existem saudações...

Para um matemático, diríamos que tudo o que existe é uma parte de conjunto, que por sua vez é parte de outro conjunto, e que tudo se contêm, como pequenas frações de um floco de neve contém a neve toda.

Para um biólogo, diria que as células são as genitoras dos órgãos, que os órgãos são os dos sistemas, e que os sistemas, todos juntos, formam um individuo. E apesar dessa cooperação conjunta gigantesca de milhões de seres vivos autônomos, o conjunto deles se vê como um único individuo que renega todas as partes de si mesmo.

Para um psicólogo, que a realidade é a leitura que as diversas partes da psique faz, levando em conta a sua inclinação momentânea. Que a união da profunda psique com a psique externa forja um ego, que embora mutável ao longo dos anos, faz o melhor que pode para negar isso, e pensar que é incólume. Mas que a menor alteração do ambiente pode, muito verdadeiramente, alterá-lo.

Para um poeta, de que a realidade é a união do tudo e do nada. Eternamente reverberando na asas ligeiras de uma fada, cujo o vento vai e volta num rodopio agudo, voltando a transformar o nada em tudo.

No entanto, por trás de tantas denominações, as pessoas são sempre pessoas. As vezes, é preciso esquecer-se dos títulos, e dirigir-se a quem de fato são. E é isso que muita gente esquece, mas é preciso que às vezes, muito discretamente seja lembrado.

Todas as divisões são imaginárias. E, dentro da natureza última da realidade, se você continuar imaginando, então as coisas vão se realizando...