Brincadeira - DTRL 33- Minicontos de Terror
Acordou sem nem lembrar que horas tinha dormido. Desde a mudança seu sono estava diferente. O barulho vindo do andar de baixo denunciava que as crianças estavam muito agitadas e provavelmente esperando o café da manhã. Desceu as escadas meio zonza e logo notou que o lugar estava muito bagunçado. Não iria arrumar naquele dia e provavelmente nem no próximo.
Logo que avistaram a mãe descendo as escadas as crianças pararam de correr e se colocaram quietas perto da mesa da cozinha improvisada. Com seu olhar apurado a mãe notou que um dos filhos segurava um risinho enquanto trocava um olhar com o outro. O filho do meio não estava presente. Eles haviam aprontado alguma coisa. Provavelmente alguma pegadinha ou algo do tipo.
-O que estão aprontando? Cadê o irmão de vocês?
A única resposta que teve foram mais risinhos e a confirmação de que provavelmente seria vítima de mais uma pegadinha das crianças.
Se a fome não fosse maior que a irritação teria brigado com eles naquele momento, mas achou que poderia esperar até pegar alguma coisa na geladeira. Abriu a porta e paralisou no momento em que viu uma cabeça na geladeira, entre as comidas, lhe encarando. Um ar de riso na expressão podia ser notado na expressão facial da cabeça. No momento em que ela deu uma piscada rápida a mulher não conseguiu segurar o grito que saiu com toda força:
-Meninos, já disse para não fazerem essas coisas!!
Os meninos começaram a rir e seu filho do meio saiu de trás da cortina de tom fúnebre se guiando pelas mãos. Atrás da cabeça perdida.
-Não devia nem lhe devolver depois disso.- disse a mulher tirando a cabeça da geladeira e devolvendo ao filho sem cabeça que a colocou com facilidade no lugar.
-Mas a senhora tem que admitir que foi engraçado. – disse o filho mais novo.
-Sim, pior que foi um pouco.- disse a mulher finalmente deixando escapar um riso, desde que havia contraído o vírus não havia rido muito. Deixou escapar mais um risinho enquanto pensava em uma revanche para cima dos filhos. Talvez um deles encontrasse o braço dela onde menos esperassem.
Pegou um pote de cérebros em conserva da geladeira. O lugar em que moravam era uma funerária que tinha um necrotério como anexo. O local foi abandonado as pressas por seus antigos donos. A geladeira ainda estava cheia de orgãos que seriam usados para estudos que deviam ser muito bizarros, mas ela não iria pensar nisso.
Havia sido uma manhã muito agitada e eles precisavam comer, principalmente os seus meninos. Crianças zumbis estavam sempre com fome.
Temas: Zumbis