A Múmia
“Do alto destas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam.” Napoleão Bonaparte
Pouco mais de cem anos após a pedra de Roseta ser decifrada por Jean-François Champollion, uma expedição inglesa de arqueólogos é enviada ao Egito. Sob o comando de sir Dalton Ligh, arqueólogo renomado e especialista em hieróglifos, estão 15 operários egípcios, seu assistente de confiança, Matheus Thorn, e Lady Daisy, sua filha e também arqueóloga. Eles têm uma missão a cumprir: descobrir os segredos de uma pirâmide encontrada ao acaso nos arredores de Gizé, no Egito.
Porém, um mês após o início da missão, somente Lady Daisy é encontrada com vida.
O diário de Matheus Thorn encontrado no acampamento abandonado retrata fielmente os eventos que se sucederam, ao longo de quase um mês de pesquisas, na pirâmide batizada de Carfax,
Eis seu conteúdo:
13 de março de 1925
Primeiro dia da missão. Está muito quente aqui. Os egípcios começam a escavar a pirâmide. O dia transcorre sem problemas.
Dalton está animado e eu também.
(…) 17 de março de 1925
A escavação termina. É quase noite quando entramos na pirâmide. Ela é enorme e tem diversas passagens. Sinto um pouco de medo e repulsa. O lugar fede e parece um cemitério de tão silencioso. Após duas horas de exploração, saímos da pirâmide e respiramos novamente ar puro.
(…) 25 de março de 1925
Meu patrão encontra uma câmara mortuária. Ela tem um sarcófago cercado, ao seu redor, de figuras religiosas como: Anúbis, Hórus e Set (deuses egípcios). Noto que os operários egípcios estão assustados com a descoberta da múmia. Eu os entendo. O desconhecido realmente assusta.
(…) 29 de março de 1925
A múmia contida no sarcófago, segundo Dalton e sua filha, era um príncipe chamado Quiptus. Não viveu muito (apenas 18 anos), mas o pouco que viveu foi o suficiente para quem o conheceu nunca mais esquecê-lo. Ele era cruel e vingativo e provavelmente morreu assassinado.
(…) 31 de março de 1925
Não sou de me assustar fácil, mas estou assustado. Três egípcios foram embora sem dar satisfações. Simplesmente desapareceram do nada. Lady Daisy apresenta um comportamento estranho. Seu pai conversa comigo expressando sua preocupação sobre ela. Rezo para que Deus me proteja e a meus amigos também.
(…) 3 de abril de 1925
Voltamos a explorar a pirâmide Carfax. Ela possui tantos túneis que poderíamos nos perder facilmente lá, se não tivéssemos tido o cuidado de marcar o lugar como Teseu o fez no labirinto de Creta. Mais três egípcios somem inexplicavelmente. Os que sobraram estão bastantes assustados. Os vejo citando o Alcorão em busca da proteção de Alá. Estou com medo. Muito medo.
(…) 7 de abril de 1925
Lady Daisy está com febre. Uma febre muito alta e misteriosa. Meu patrão está prestes a encerrar a expedição, mas ela pede que ele fique. Dalton decide atender o pedido da filha.
(…) 10 de abril de 1925
Mais três operários egípcios somem. Eu estou nervoso, com medo e irritado com o sumiço sem explicação dos homens. Uma boa notícia, ao menos: Lady Daisy está curada da febre. Dalton, eu e os egípcios restantes entramos na pirâmide.
(…) 12 de abril de 1925
Acordo e procuro por meu patrão, sua filha e pelos operários egípcios. Não encontro ninguém. Nenhum sinal dos homens, nem de Dalton e Lady Daisy. Ontem, olhei bem nos olhos outrora doces e delicados de Lady Daisy. Vi tudo, menos doçura neles. Em seu olhar, eu vi o mal. O mal de alguém que quer se vingar.
No dia 13 de abril de 1925, a filha de Dalton Ligh, Lady Daisy, é encontrada vagando nua numa estrada nos arredores de Gizé. Ela é levada para um hospital no Cairo. Mas ela não está doente e também está longe de ser uma vítima…
FIM