A EPOPEIA DOS MORTOS 2

A EPOPEIA DOS MORTOS 2 - DTRL

by: Johnathan King

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No cemitério de uma cidadezinha - e em plena luz do dia -, um casal de namorados é atacado por zumbis.

Com seus trajes "de enterro", olhar vago e movimentos letárgicos, os monstros não parecem ameaçadores - ao contrário, são até engraçados.

Mas a cena tem todos os ingredientes para se tornar uma carnificina: mortos-vivos, vítimas e pânico.

O casal corre para longe do perigo, mas é cercado pelos mortos ressuscitados. Mesmo lentos, os zumbis estão em maior número, e isso faz a diferença - pendendo a balança para o lado deles.

Mãos esqueléticas com longos dedos ossudos dançam no ar, tentando agarrar um sopro de vida - em vão. Passos vagos e desajeitados caminham na direção do alvo sem sucesso. Bocas exibindo dentes apodrecidos mordem o ar em um movimento de abre e fecha repetitivo.

O casal faz malabarismo para escapar das investidas dos zumbis, se lançando de um lado para o outro, saltando sobre túmulos vazios e tentando manter um mínimo de esperança possível.

O cemitério - uma necrópole labiríntica, parece se fechar sobre o casal, fazendo com que a fuga pareça algo hipotético. Na frente, um pouco adiante, um muro se eleva no vazio - um sinal de salvação. Os passos do casal de namorados ganham contornos mais agitados -, fazendo seus corações pulsar de maneira incontrolada.

Grunhidos animalescos emergem de todos os lados -, o cemitério está sitiado. Os mortos-vivos não pareciam tão assustadores quando vistos pela primeira vez, mas agora a imagem que passam é outra: medo.

O casal de namorados para de repente, parece perceber que as possibilidades de fuga são limitadas - pelo menos se permanecerem juntos. O rapaz encara a namorada, seu olhar parece dizer o que seus lábios não conseguem falar.

Sacrifício!

Às lágrimas quentes rolam pelo rosto de ambos, as palavras de adeus parecem não querer sair.

Os zumbis se aproximam lentamente!

A garota corre até o muro, para e olha para trás. Ela hesita por um momento, parece querer voltar para junto do amado e morrer com ele. O rapaz apenas balança a cabeça negativamente, não quer que seu sacrifício seja em vão. A moça lança um beijo de despedida sofrido. Ela começa a escalar o muro.

Os zumbis saltam sobre o rapaz como feras famintas, há muito não alimentadas. A concorrida fila do "bandejão" ganha contornos infernais. Os mortos-vivos saltam uns sobre os outros tentando alcançar o "prato do dia" -, como se fosse a última refeição da "morte".

O espetáculo de horror gratuito é brutal e chocante. As unhas dos mortos-vivos rasgam a carne do pobre garoto como se fossem garras afiadas, seus dentes penetram até os ossos com voracidade.

Depois tudo o que resta é um amontoado de ossos triturados e zumbis com suas bocas manchadas de sangue.

Do lado de fora do cemitério, as coisas não parecem melhores. A cidade está morta.

FIM

Total de palavras: 492

Tema: ZUMBIS