A Vingança de um Assassino

Alguns colegas meus se tornaram advogados, engenheiros e professores; outros, médicos, militares e arquitetos. Eu me tornei um assassino. Não qualquer assassino: eu me tornei um assassino profissional. Matava por dinheiro, mas só quem merecia morrer. Quando criança, sofria bullying por ser muito magro. Meus colegas de colégio me chamavam de caveirinha, macarrão, magricela dentre outros apelidos grotescos e depreciativos. Eu tinha 11 anos quando isso acontecia. E jurei vingança contra eles, uma vingança que agora cobraria seu preço. Marcus, Guilherme e Lino eram meus alvos. O primeiro da minha lista era Lino. Quando criança, ele era gordo, forte e debochado. Tirava sempre boas notas, mas era o terceiro mais bagunceiro da classe (os dois primeiros eram Marcus e Guilherme). Lino fazia pouco de mim sem piedade e se juntava a Marcus e Guilherme para me bater e infernizar. Ele já deve ter me esquecido. Quem bate, esquece. Mas quem apanha nunca esquece de seu agressor. Cheguei ao apartamento do agora professor de português, Lino Sitis. Ele era solteiro. E dormia como um porco em sua cama de casal. Acordei-o colocando o cano do revólver em sua boca. Ele acordou assustado. Qualquer um acordaria assim.

― Quem… quem… é você? O que você quer? ― ele disse.

― Já faz mais de 25 anos, Lino. Olhe bem para o meu rosto. Você não se lembra de mim?

― Você é o Fernando! O macarrão!

― Eu mesmo. Parabéns!

― O que você quer comigo? Você quer dinheiro? Eu te…

Eu dei um tiro, com silenciador é claro, na perna de meu ex-colega. Ele gritou como um porco.

― Você lembra das maldades que fazia comigo, Lino?

― Eu era criança. Não sabia o que estava fazen…

Dei um tiro, desta vez, no saco escrotal de Lino. Ele desmaiou de dor. Acordei-o jogando água em sua cara suja.

― Acorde, seu verme!

― Socorro! Socorro!― gritou Lino, sem sucesso. Não havia quem o acudisse. Era carnaval. Seus vizinhos tinham viajado e eu sabia disso.

― Lino, você se arrepende de ter me xingado e me batido? ― perguntei com um sorriso satânico.

― Sim. Por favor me perdoe. Eu te dou o que você quiser. Não me mate!

― Eu acredito em você. Mas eu não te perdoo não…

Atirei sem piedade na barriga do porco. Três tiros certeiros. O sangue escorria em abundância de seu corpo volumoso e asqueroso. Agora, faltavam Guilherme e Marcus. Marcus eu deixaria para o final. Ele era especial. Era o líder do trio e seu castigo seria proporcional à maldade que ele fez comigo.

Guilherme Karrt era alto e forte. Não teve sorte nem competência para arrumar um bom emprego. Era vigia noturno. Estava trabalhando e armado quando eu o rendi. Tirei sua arma e bati com o cano de meu revólver com toda a força em sua cabeça sem cabelos. Ele desmaiou. Amarrei-o com as cordas que tinha trazido na mochila e atirei em seu pé direito para trazê-lo de volta à realidade.

― Ai! Merda! Quem é você, cara?

― Quem sou eu, Guilherme? Olhe bem pra mim. Você não lembra de mim?

― Não lembro, não. Quem é…

Dei um tiro em sua perna, bastante irritado. Ele não tinha culpa de não lembrar de mim. Era um retardado mesmo.

― Já que você não lembra de mim. Vou recordar sua fraca memória. Você me chamava de caveirinha. Lembrou agora?

― Fer… Fernando!

― Sim, meu caro ex-colega. ― respondi batendo palmas.

― O que você quer comigo, Fernando. Eu sou um fudido. Não tenho dinheiro para te dar…

― Eu não sou ladrão, Gui. Minha profissão é outra. Se você ainda não descobriu o que vim fazer aqui é porque você é muito burro mesmo…

― Você veio se vingar… Mas eu só fazia o que o Marcus mandava. Eu era um pau-mandado…

― Sim, é verdade. Você só obedecia ordens. Mas quem apanhava e era xingado e ridicularizado era eu. E agora vou ter minha vingança…

Peguei o revólver e enfiei no cu dele. Antes de atirar, ele me pediu clemência, mas eu não possuía esta virtude. Atirei sem dó. Ele estrebuchou, mas não morreu. Coloquei o revólver na boca do outrora orgulhoso e malvado menino. Atirei. Desta vez ele morreu. Pena que precisei gastar uma bala extra. Munição é tudo para um assassino profissional. Pode ser o fio da navalha entre viver e morrer.

Faltava Marcus. O mais inteligente, o mais forte, o mais bem-sucedido e o que eu mais odiava. Por isso, deixei-o para o final. Era a cereja do meu bolo de vingança. Ele ia pagar e bem caro o que fez comigo quando eu tinha apenas 11 anos.

O advogado, Marcus Lorit, estava em casa com seu filho e sua linda esposa.

Eu entrei na casa silencioso como um vento frio de inverno. Eles jantavam quando os rendi.

― Que família bonita você tem, Marcus!

― Quem é você? Como sabe meu nome?

― Faz anos que a gente não se vê, mas nunca esqueci de você… Olhe bem para mim, Marcus! Você não lembra de mim?

O rosto do advogado ficou cheio de suor, que lhe escorria da face assustada por lembranças do passado. ― Você é o… Fernando! O magricela!

― Sim! Eu mesmo. Não mudei quase nada no rosto. Mas agora possuo o poder que você tinha quando me agredia…

― Nos deixe em paz, moço! ― disse a criança de apenas 11 anos.

― Piedade, não nos faça mal. ― implorou a mulher de cabelos dourados e encaracolados.

― É uma pena. Mas alguém vai ter que pagar pelo que eu sofri. Apontei o revólver para a mulher e atirei. Ela caiu pesadamente no chão.

― Ma-mãe! Ma-mãe! ― gritou o menino chorando.

― Miserável! Vou matá-lo!

― Não, Marcus! Você vai é pagar por tudo que me fez com juros e correção monetária…

Marcus veio voando em minha direção com seu corpo atlético e ágil de lutador de jiu-jitsu. Atirei um tiro certeiro em sua direção. No ponto de seu corpo, que acertei, sabia que ele não morreria, mas ficaria sem poder andar para o resto da vida. Um castigo pior do que a morte para um valentão. Patrícia, a mulher de Marcus, não morreu. Sou assassino, mas não sou mau para matar inocentes. Quando atirei nela mirei num ponto não vital. Queria apenas causar impacto. Só poupei o garoto. Afinal, já fui um garoto e sei o que é sofrer nesta idade…

FIM

Luciano RF
Enviado por Luciano RF em 07/03/2019
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