OS FANTASMAS DO CARNAVAL
OS FANTASMAS DO CARNAVAL
Noite de chuva torrencial em pleno carnaval. Eu estava,
sentado sobre o espinhaço numa cadeira de vime antiga, daquelas
tão antigas quanto a minha maluquice. Ao lado estava estava o meu
cachorro Twist que, vez por outra, levantava o focinho para espantar
uma mosca intrusa que lhe incomodava e eu absorto em minhas
maluquices. De repente ouço umas batidas fortes na porta. ao mesmo
tempo em que ouço gritos de socorro. Corri para abrir a pesada porta
e vejo a minha amiga A. Rocha ofegante, pálida e trêmula. Apoiei-a
levando-a até onde pudesse sentar-se. Ofereci uma dose de uísque,
que ela aceitou de pronto. Bebeu de um só gole. Ofereci outra. Ela
bebeu com mais vagar e as cores do rosto foram voltando. Então,
perguntei o que acontecera para tamanho reboliço. Era uma mulher
encantadora, de formas físicas para endoidar qualquer cristão que
gostasse de mulher. Estava numa fantasia de odalisca que se
amoldava em seu corpo. Começou a narrar:
- Antonio, estava em casa. Deu-me nos miolos que são poucos,
para vestir a fantasia e sair zanzanando pela rua, pois até hoje
só tinha brincado carnaval em clubes. Saí pulando loucamente,
como louca sou, e logo agrupei-me a um punhado de moças
jovens e saímos pulando o funk. Carnaval hoje é com funk.
Marchinhas são do tempo da vovó. Sassarica pra cá, rebola pra lá e l
logo apareceram quatro jovens, bonitos que faziam os cabelos
de qualquer mulher arrepiar de prazer. Neste mexido separamo-nos
do grupo e encontrei-me sozinha com eles num beco com pouca luz.
Transformaram-se. Um com o rosto deformado, outros com o braço
quebrado e arrastando-me para um ABISMO PROFUNDO. Não sei
o que queriam fazer.
- Eu disse então: EU SEI.