A Mansão dos Bichos
Era uma tarde ensolarada de janeiro, e os garotos jogavam futebol na rua. Aquele futebol onde tudo era improvisado, as traves do gol eram dois chinelos, e o prêmio era uma garrafa de refrigerante que o time perdedor pagaria para o vencedor na Mercearia do Seu José.
Aquela rua era como outra qualquer de periferia. Casas simples ocupavam o quarteirão, com exceção de uma mansão abandonada que ficava justamente em frente o local onde os garotos jogavam futebol. Mansão essa que tinha a fama de ser mal assombrada.
O goleiro chutou a bola para o meio campo Tiago, que avançou descalço com a bola e cruzou para Fernando que esperava na porta do gol, mas se atrapalhou e acabou isolando a bola ao chutar. Todos observam o movimento da bola que subiu, foi em direção a mansão, bateu na janela e caiu no interior da casa.
- E agora – disse Tiago apontando para Fernando – Você vai ter que entrar lá e pegar a bola.
- Mas a casa é mal assombrada – retrucou Fernando.
- Problema seu. Quem mandou chutar a bola naquela direção?
E lá foi Fernando. Abriu o portão da mansão, atravessou o jardim onde o mato já era bem alto e abriu a porta que estava destrancada. Ao entrar se deparou com uma grande sala de estar, onde não tinha um móvel sequer. Era um cômodo gigante, uma porta a esquerda, uma porta a direita, e a sua frente uma escada de madeira luxuosa que levava ao segundo andar.
Avistou a bola próxima a escada, correu até lá, pegou-a e voltou rápido mas se assustou ao se deparar com uma grande cobra enrolada na porta que ele havia passado.Uma cobra que parecia ser venenosa, colocando a língua pra fora e balançando o seu chocalho, bloqueando a saída.
Fernando correu para porta da direita e entrou numa espécie de biblioteca. As prateleiras não tinham nenhum livro, mas estavam cheias de teia. O garoto pensou em quebrar a janela e sair por ali, mas ouviu um barulho que vinha de um buraco no canto: uma enorme aranha peluda apareceu e veio em sua direção.
O garoto gritou e saiu correndo sem olhar para traz, subindo pela escada da sala, coração acelerado e passos longos. Um dos degraus de madeira quebrou fazendo o garoto cair. Levantou- se e continuou a subir.
Ao chegar ao segundo andar foi logo entrando num quarto, mas caiu em desespero ao ver que um caixão de madeira ocupava o centro do cômodo. Do teto desceram morcegos que passaram próximos a sua cabeça.
Dentro do caixão jazia o corpo em decomposição de uma garota que segurava um urso de pelúcia. Mosquitos e vermes cobriam todo o cadáver, e o cheiro era podre. Então ouviu passos na escada, passos que pareciam ser de cachorro.
Então eis que aparece na porta do quarto um lobo. Olhou para Fernando e começou a uivar. Abriu a boca cheia de saliva mostrando os enormes dentes caninos e se preparou para atacar latindo alto. O garoto em pânico correu e pulou pela janela indo de encontro a uma estaca de ponta afiada que atravessou seu corpo deixando-o sem vida.
FIM