MEMÓRIAS NÁUFRAGAS - CLTS 06

PARTE 1 – A FENDA

O pesado maquinário do transatlântico voltou a operar com força máxima. Deixava agora o arquipélago compreendido pelas ilhas que circundam Porto Rico para navegar em direção à Flórida, onde as férias de verão teriam prosseguimento. Na medida em que a grande embarcação se afastava das praias, as águas rasas iam perdendo o paradisíaco tom de verde esbranquiçado para ganhar matizes mais profundas. Não demorou muito para que as terras litorâneas desaparecessem na imensidão azul, deixando para a população do cruzeiro a vista monótona dos lençóis marinhos.

Longas horas os separavam do próximo porto, e alguém que se dispusesse a observar o rastro espumante que o navio ia deixando para trás poderia ficar facilmente entediado. Não havia, porém, espaço para o tédio: centenas de atrações, eventos e coquetéis se abriam num leque de opções diante dos passageiros, de modo que, se assim desejassem, não precisariam repetir a mesma programação sequer uma única vez durante os dias em que permaneceriam a bordo daquele gigante de aço.

Tereza completaria setenta anos no dia seguinte. Viúva, deixava transparecer um estado permanente de euforia. Era a primeira vez que se afastava das rotinas de pouco significado para se entregar aos prazeres simplistas que apenas corações viajantes conhecem. Rumava sozinha para a terra do sol, inspirada pela força daqueles que descobrem em si a melhor das companhias. Estava na proa, apoiada no gradil, quando um lampejo cintilou no horizonte. Teria acreditado se tratar de uma daquelas famosas tempestades que se precipitam em alto-mar, não fosse o brilho avermelhado da coisa. Um pressentimento ruim assaltou seu coração.

Não muito longe dali, Estevão cuidava das filhas. A menor, uma garotinha que aparentava ter uns oito anos, indicava com o dedo o bote salva vidas. Sua mente fantasiava uma fuga épica enquanto sua irmã perdia-se em devaneios românticos – os botes não eram parecidos com os que vira no filme Titanic, mas ainda assim não parava de associar uma coisa à outra. Estevão permanecia vidrado na tela do celular, mas as meninas enxergaram com assombro o clarão escarlate que cortou o horizonte. Não encontraram credibilidade nos olhos do pai quando relataram a visão apocalíptica que haviam testemunhado.

Do outro lado da embarcação, Oswaldo discutia com a esposa. Sentia o sangue quente fluir abaixo da pele de seu rosto enquanto outra crise de ciúmes o fulminava. Débora nada tinha feito para despertar a ira do marido, mas a insegurança do homem as vezes alcançava proporções absurdas. Um constrangimento sem igual despontou em suas feições quando ela viu rostos inquietos se virando para observá-los. Não lhe ocorreu que aquelas pessoas pudessem estar fitando o horizonte atrás de si, porque ela mesma não vira o brilho de sangue que explodiu além da linha onde céu e mar se encontravam.

O capitão velejava com a confiança de quem percorrera as mesmas milhas dezenas de vezes. Sentiu o chão sumir sob seus pés quando recebeu um chamado da central de comando: uma voz alarmada pedia que retornassem imediatamente para o curso previsto, pois estavam entrando em zona proibida. O velho marujo consultou os cursores e já abria a boca para dizer que não haviam se desviado, quando então as bússolas e coordenadas piscantes entraram em pane. Recorreu ao relógio de pulso e com horror crescente constatou que cinco horas haviam se passado na duração de um momento. Nenhum membro de sua equipe fazia ideia de onde estavam, ou de como e quando haviam chegado até aquele ponto do atlântico, mas antigas lendas começavam a revisitar a mente experiente do capitão.

Os passageiros abrigados no interior do transatlântico não repararam no lapso espaço-temporal que de alguma forma haviam cruzado. A coisa foi mais perceptível para aqueles que ocupavam a cabine de comando e as áreas externas. De um segundo a outro o sol pareceu se deslocar em direção ao poente, fazendo com que uma sensação de vertigem e estranhamento coletivo se apoderasse daqueles pobres infelizes. Olharam-se todos como se a realidade tivesse perdido substância. Durante segundos de incrível eternidade, um silêncio abissal caiu sobre o cruzeiro, como um presságio que viesse anunciar o fim de toda aquela diversão.

Foram recobrando os sentidos na medida em que suas mentes chocadas tentavam justificar aquele horror silencioso, mas não houve tempo para assimilação. A proa do navio mergulhou num declive impossível e logo estavam escorregando em alta velocidade por alguma espécie de corredeira que não deveria existir nas calmas ondulações oceânicas. O navio se inclinou e o pavor os alcançou finalmente: gritos estridentes ecoaram por todos os cantos da embarcação. Algumas pessoas se agarraram às grades, mastros ou quaisquer outras estruturas que pudessem oferecer solidez, enquanto outras dezenas escorregavam sobre o chão do convés.

Tereza estava na linha de frente: num momento contemplava a distante tempestade avermelhada. No outro, se agarrava com todas as forças ao gradil enquanto a embarcação rumava para os confins de um desfiladeiro que surgira do nada. Era como se o solo do oceano tivesse se partido, sugando água para baixo e levando consigo tudo que sobre ela flutuasse. A calmaria das ondas foi substituída pelo horror de enxurradas que só poderiam ser imaginadas em cachoeiras e rios agitados. Água revolta era lançada por toda a superfície do cruzeiro, enquanto muitos de seus passageiros eram violentamente lançados ao mar em solavancos inesperados.

O sol pareceu se eclipsar, ressurgir, sumir outra vez. O dia perdeu consistência e foi se apagando rapidamente. Onde antes se enxergava céu azul e nuvens brilhantes, agora via-se uma atmosfera tempestiva que continuava se obscurecendo. Por um instante Estevão pensou que estivessem entrando numa espécie de rasgo no éter, pois quando olhou para traz viu o clarão do dia desaparecer por entre contornos razoavelmente definidos, sendo então ofuscado pela colina de água sobre a qual escorregavam agora. Abraçou as filhas e apertou-as com firmeza contra o gradil lateral, desejando que aquele pesadelo terminasse logo.

Como se alguma divindade perversa jogasse com a vida daquelas pessoas, o dia se extinguiu por completo, colocando-as numa situação ainda mais precária. Mergulhado em trevas, o navio deslizava aos trancos pela gigantesca parede de água. Destroços diversos se chocavam contra a superfície de aço, e logo as comportas estavam inundadas. Alguém na sala de comando tateou sobre o painel para acender as luzes externas. Mesmo com os holofotes ligados, a sensação de breu era arrebatadora. Podiam enxergar o brilho molhado refletido no piso do convés e tudo que a embarcação compreendia. Para além dela, porém, havia apenas a corredeira espumante e o negrume infinito – nenhuma estrela brilhava no lugar onde deveria estar o céu.

Escorregaram pelas torrentes salgadas durante um longo período de tempo. Na medida em que desciam, um número cada vez mais reduzido de sobreviventes restava – muitos foram atirados sobre a fúria do mar, enquanto outros foram chacoalhados até a morte nos luxuosos aposentos do navio. Luzes vermelhas se ascenderam para indicar percursos que levavam até os pontos de evacuação, onde botes salva vidas aguardavam para serem utilizados. Uma sirene explodiu no ar e continuou sinalizando a evidente emergência. Sistemas infláveis caíram do convés e se apoiaram nas laterais do transatlântico, mas poucos grupos conseguiram alcançar os tubos de evacuação e os botes alaranjados.

Estevão e as filhas tiveram a sorte de se verem a poucos metros de uma das áreas de fuga. Desceram pelos tubos infláveis e caíram na acolchoada superfície do bote. Por acaso, a cabine de comando ficava à poucos metros desse mesmo ponto de evacuação, e foi por ele que o capitão concretizou sua escapada. Oswaldo, Débora e sobretudo Tereza precisaram lutar por suas vidas com mais afinco. Cruzaram o navio no sentido contrário ao declive e se esquivaram das dezenas de corpos contundidos que deslizavam sem vida, alcançando em seguida um dos pontos de evacuação. O bote já se desprendia quando Tereza escorregou pelo tudo. Um segundo mais tarde e teria caído sobre a arrebentação do oceano.

Os botes se soltaram do cruzeiro e ficaram para trás, escorregando em menor velocidade corredeira abaixo. Seus ocupantes, munidos de lanternas e coletes, não puderam se dar ao luxo de esperar: a grande estrutura colapsava depressa demais. Viram com pesar o navio que avançava na escuridão, rugindo em som metálico enquanto vigas se partiam, parafusos se soltavam e luzes se apagavam. A grande embarcação afundou na correnteza, levando consigo aqueles que não puderam alcançar os postos de evacuação. Então restou apenas o choro dos sobreviventes nos barcos infláveis e a implacável voz do mar revolto.

Em algum lugar atrás daqueles condenados, uma fenda se fechava.

PARTE 2 – ÁGUAS ESQUECIDAS

Dos quatro botes que evacuaram, apenas um resistiu ao desfiladeiro. Os mesmos detritos que afundaram o navio deram cabo dos outros três. Por mais absurdo que parecesse, hélices, asas de avião, turbinas, motores, lascas de madeira e outros restos passavam inesperadamente sobre os botes, flutuando na enxurrada. A escuridão permanente ocultava os destroços que estavam por vir, até que fosse tarde demais para os sobreviventes escaparem de sua fúria. Quando finalmente alcançou o fim daquele mortal tobogã, o bote restante nivelou e seus ocupantes estavam navegando outra vez nas suaves ondulações marinhas.

As filhas de Estevão pararam de chorar. Ele se permitiu afrouxar o abraço que as prendia e se colocou de pé para examinar a ilha de detritos sobre a qual o bote aterrissara. As lanternas criavam focos muito definidos de luz em meio as trevas. Oswaldo apontou sua própria lanterna para trás e viu trechos da corredeira que ainda lançava seus detritos no mar. Tereza incentivou o grupo a seguir em frente, enquanto Débora analisava o compartimento de suprimentos contido naquele bote. O capitão permanecia impassível – achava, com razão, que seus dias de marinheiro estavam encerrados.

Desorientação e exaustão foram sentimentos de ordem. Depois de semanas à deriva, já não especulavam mais sobre onde estavam: aceitaram a ideia de que navegavam no próprio inferno. Na tentativa de prolongarem suas vidas, racionavam comida, água e até as baterias das lanternas, de modo que passavam a maior parte do tempo mergulhados na escuridão. Deixaram de se revezar em turnos na hora de dormir porque constataram que nada havia abaixo daquelas águas a não ser a monotonia de suas ondas. Além disso, concluíram que nenhum resgate viria. Sem luz que se assemelhasse ao dia, rezavam para cair na inconsciência do sono pelo maior período de tempo possível.

Quando a filha caçula de estevão despertou outra vez no breu daquela noite infinita, tateou pelo bote até encontrar uma das lanternas que jaziam desligadas. Acendeu-a e pôs-se a brincar com ela na borda do bote enquanto os outros dormiam. Mergulhou a mão esquerda no mar e a iluminou, assistindo o modo como seu braço se deformava sob a refração da água. Viu um rosto pálido como cera emergir a poucos centímetros de seu indicador, dentes pontiagudos lhe sorrindo enquanto órbitas estufadas a encaravam com ávido interesse.

A coisa tocou sua face e por um terrível momento a garota achou que seria levada para o fundo do oceano. Ao invés disso, porém, os dedos gelatinosos a soltaram e a criatura desapareceu num mergulho. A menina teria gritado, não fosse o estado de choque em que se encontrava. Desligou a lanterna e se aninhou outra vez ao lado do pai, enquanto estranhas escamas cresciam anonimamente em seu rosto, partindo do ponto exato onde o monstro marinho a tocara. Adormeceu após longo período de reflexão muda.

Acordou algumas horas mais tarde. Os demais ocupantes do bote a observavam de longe, uma expressão de inquietação pairando em seus rostos. Chamou pelo pai, mas este se limitou a fita-la com uma estranha expressão de horror. “De onde ela veio?”, Débora perguntou ao marido. Oswaldo estava mudo, então o capitão achou que era hora de intervir. “Ouvimos lendas sobre esse lugar, minha tripulação e eu. Costuma-se dizer que os monstros daqui assumem formas humanas. Abstrações para facilitar a caça”. Com desespero crescente, a menina então descobriu que ninguém a reconhecia – nem mesmo o pai ou sua irmã.

Decidiram que não correriam riscos. As escamas que despontavam nas bochechas da criança pareciam comprovar os argumentos do capitão. Aos prantos, a garota foi expulsa da embarcação. Jogaram um colete salva vidas em sua direção e mandaram que saltasse nas águas. Seguiram viagem, atormentados pela terrível artimanha dos monstros que nadavam sobre aquele inferno. “Por Deus”, pensou Estevão. “Quase fomos comidos por um demônio fantasiado de criança”. Muito atrás dele, um humanoide com dentes afiados emergia das águas para agarrar sua filha esquecida e comê-la viva.

Outro dia se passou sem que luz alguma os atingisse. Estevão abraçava aquela que pensava ser sua única filha com força, porque sentia que lhe faltava algo: era incapaz de engolir o nó que insistia em morar na sua garganta. Não precisou conviver com aquela amargura por muito tempo. Pouco depois daqueles eventos, acordou de outro período de sono ao sentir algo como uma esponja molhada deslizar sobre seu pescoço. Sentou-se, alarmado, e viu que o capitão cumpria seu turno, dando-lhe as costas para fitar as águas do outro lado do bote. Estevão acendeu a própria lanterna e investigou seu lado da embarcação. Passou a mão sobre a pele molhada do pescoço, imaginando quem poderia ter feito aquilo, e adormeceu outra vez.

Quando despertou sentiu escamas crescendo na própria nuca. Tentou argumentar com o restante do grupo, mas ninguém se lembrava de conhecê-lo – sua filha restante o observava como se fosse um completo estranho. “Como chegou até aqui, demônio?”, perguntou Oswaldo. “Que truques utiliza? De quem é o rosto que lhe cobre a verdadeira face?”. Num golpe certeiro, o capitão acertou Estevão na cabeça com o remo e o atirou no mar. Voltaram a remar com rapidez, deixando para trás o corpo flutuante do homem esquecido. A criatura marinha se elevou para conquistar seu segundo troféu. Agarrou Estevão antes que ele recobrasse os sentidos e o levou para as profundezas onde vivia.

Embora sentissem que faltavam membros naquele reduzido grupo de sobreviventes, ninguém se atreveu a falar sobre o assunto. Remaram mudos até que a exaustão os arrebatasse. O cansaço e a desorientação eram tantos que não se deram ao trabalho de delegar turnos de vigilância. Caíram no sono e, portanto, não sentiram quando a abominação de pele mofada deslizou para o bote. Poderia liquida-los ali mesmo, mas a criatura nutria uma bizarra predileção por almas esquecidas – se a rejeição temperasse a carne, a refeição tornava-se ainda mais saborosa. Lambeu o rosto enrugado do capitão e voltou a desaparecer no mar.

Oswaldo reparou no velho assim que ligou a lanterna. Acordou sua esposa Débora e pediu que esta despertasse Tereza e a garotinha. “Outro invasor”, afirmou num tom grave enquanto apontava para o rosto coberto de escamas do capitão. “Precisamos ficar atentos. Este é o terceiro monstro que vemos desde o naufrágio”. Tereza abria a boca para perguntar o que aquelas coisas poderiam querer, quando Oswaldo atirou o velho impostor ao mar. O capitão acordou banhado pelas águas malditas e tentou alcançar o bote, pedindo que esperassem por ele. Não teve tempo de entender o que acontecia: seu algoz de pele gelatinosa o silenciou para sempre, emplacando a terceira refeição.

Tereza pensava. A idade avançada não diminuíra sua astúcia. Se questionava porque aquelas estranhas pessoas com escamas insistiam em invadir o bote onde seguiam viagem, sem nunca realmente atacá-los. Ao mesmo tempo, a terrível sensação de vazio e perda que experimentava não parecia aumentar a cada dia? Podia jurar que aquele grupo fora maior. Decidiu que ficaria de olho, e assim o fez. Quando os quatro sobreviventes resolveram descansar, Tereza se ofereceu para o primeiro turno da vigília. Disse que estava com insônia e prometeu acordar Oswaldo se algum estranho rolasse do mar escuro para dentro do bote.

Quando todos dormiram, apagou a lanterna e se pô a escutar atentamente. A princípio, havia apenas o rumor incessante das ondas, mas logo ouviu um som gotejante, como se alguém estivesse saindo encharcado de uma piscina. Virou a lanterna na direção do ruído e a ascendeu, flagrando a abominação furtiva que já lambia a face de Oswaldo. Tereza gritou e todos se colocaram de pé imediatamente. Viram, abismados, um vulto esbranquiçado se jogando no mar para então desaparecer. Não voltaram a dormir.

Tereza contou tudo o que testemunhara. A garotinha, filha restante de Estevão, tentava sufocar a imensa sensação de abandono que experimentava. Sentaram-se os quatro num círculo, cada um segurando uma lanterna, e esperaram. Na medida em que escamas esverdeadas iam cobrindo o rosto de Oswaldo, as mulheres iam se esquecendo de sua existência. Débora via sua aliança e sabia que era casada. Lembrava-se do vestido que usara na cerimônia, mas não sabia quem era seu marido. Tereza e a garota se lembravam de terem escapado ao lado de um homem robusto, mas já não tinham certeza se ele havia conseguido descer pelos tubos de evacuação. Talvez tivesse naufragado com o cruzeiro.

Restava diante delas um completo estranho. Sua voz não remetia a ninguém, e suas feições nada significavam. Compartilhavam, as três, de um medo mútuo. Aquele mesmo medo que sentimos ao encarar um desconhecido de olhos febris. Sabiam que de alguma forma ele pertencia àquela embarcação, porque estiveram com ele o tempo todo. Ainda assim, pareciam incapazes de relaxar. Era como se um intruso tivesse invadido a casa onde moravam para se estabelecer permanentemente num dos quartos.

Elas não precisaram expulsá-lo. Oswaldo percebia a terrível rejeição e o angustiante medo que aquelas mulheres sentiam por ele. Não suportou as horas de tensão que se seguiram e se atirou no mar, sabendo que aquele vulto destorcido espreitava. Morreu sozinho, esquecido. No bote, as mulheres relaxaram um pouco, a sensação de névoa mental ainda presente. Abriram o compartimento de suprimentos e apreciaram uma última refeição. Não sabiam qual delas seria a última, mas no momento em que as outras duas fossem expelidas da embarcação, o monstro não precisaria percorrer o corpo de mais ninguém com sua língua asquerosa. Toda a população do majestoso transatlântico estaria esquecida para sempre.

TEMA: Triângulo das Bermudas.