Vermes Psicopatas: onde habitam?

Era mais um daqueles canalhas sujos. Aposentado de empresa estatal, separado e esquecido pela família. Estava entrando em contato com um cara que aliciava menores. Ele estava de olho em uma menina de 11 anos, já 700 reais separados.

Um tipo como ele, mais comum do que imaginamos, aprendem a se disfarçarem. Moralistas baratos e conservadores, um verniz de classe, status e respeito mantidos como um disfarce vital para a sua sobrevivência social.

Com o tempo,a esposa desiste, depois de anos, de não ter que encarar a verdade. Não há nada que o torne tão nojento, ele é propriamente aquilo que o torna asqueroso aos demais. É capaz de matar e ferir gravemente a honra ou o corpo de quem lhe ameaça sua imagem, não pelo outro lhe dizer mentira, mas por revelar aos outros a verdade.

Os filhos também notam, com muito custo e resistência aprendem a aceitar que o pai não presta que ele tem um coração ruim independente de tão bem que possa ser tratado. Se afastam e o vazio mal é sentido por ele. Nunca este presente mesmo na vida deles.

Então foi morar sozinho e não demorou para fazer amizade com outros semelhantes. Não sei se é bem amizade o nome, é mais como cumplicidade. Seus encontros em bares e prostíbulos era como um momento de relaxamento, onde poderiam tirar as máscaras e mostrarem para si mesmos e os demais quem realmente eram.

Eles sabia que qualquer intimidade com eles revelaria o monstro que neles habitavam. Então não poderiam se abrir com qualquer um, que não tivesse também a alma emporcalhada de vermes.

Estavam interessados em crianças, meninos ou meninas, já não queriam mais esconder um do outro isto. Agradavam o desespero do inocente e a também a incapacidade dos mesmos de ver a monstruosidade dos pensamentos e instintos que moviam aqueles corpos.

Gostavam de sentir o completo poder sobre o corpo e a alma das pessoas. As crianças e mulheres mais sensíveis eram seus alvos. Sabiam dizer as palavras certas para submeter e causar dor, podiam se quisessem, e muitas vezes queriam, reduzir suas vítimas a nada - o que facilitava que elas aceitassem suas torturas.

Algumas vezes, os ingênuos e desavisados teimavam em ver neles algo de bom. Acreditavam que algo no passado e uma falta de oportunidade no presente fariam destes homens algo ruim. Então davam a eles tudo que não deveriam: confiança, perdão e compreensão.

Sentiam prazer na mentira. Quando enganavam as pessoas, por algum momento sentiam o desejo de serem desafiados. Se perguntavam, se a pessoa iria realmente acreditar naquela baboseira. O olhar desconfiado dava esperança, mas o sorriso tenro estragava o prazer: "o pato havia caído, ah não! Fácil demais!".

Poderia te contar casos e casos. Um final feliz ou uma justiça divina punindo estes mal feitores. Mas seria uma enganação. Você quer acreditar que gente assim acaba pagando um dia. Você quer acreditar que por não fazer o mal não sofrerá o mal, estará protegido dele.

Não é bem assim, mas te entrego algum final. Eles estavam esperando a entrega. Começaram a se irritar com a demora, afinal já tinham planos expectativas criadas. A entrega foi feita, fizeram tudo que imaginaram e quiseram, resultando na criança morta. Perceberam que poderia dar problema, mas não se arrependeram nenhum pouco, saíram satisfeitos: "a noite foi boa".

Não se encontraram depois disto, afinal foram meros cúmplices e nada mais. Um deles morreu alguns anos depois, 78 anos cercado de familiares e entes queridos depois de um ataque cardíaco. Encontra-se enterrado no Parque da Saudade.

A criança que vitimaram poderia ter crescido, formado família, tido uma profissão se não fosse por aqueles homens. O prazer deles custou uma vida, que pra eles valia menos que o prazer que sentiram. Talvez fosse oferecida, caso eles negassem a outros homens, provavelmente.

Seria algo como rasgar um papel depois que nele se desenhou e rabiscou a vontade, sem utilidade ou entediado em desenhar rasga-se o papel ou o enrola como uma bolinha.

Aquela vida e tantas outras foram consumidas assim. Não houve nada que impedisse isto. Este outro no qual nos identificamos e o protegemos como se fizéssemos a nós mesmos é assassinado em nossa mente todos os dias.

Vivemos de não deixar morrer esta algo em nós que nos torna humanos outros deixaram este algo morrer há muito tempo. Mas ninguém é mais seriamente compelido a suportar o incomodo de uma velha ideia, a suporta quem quiser e se dispor a isto.

Nossa humanidade é como senhora idosa e moribunda que alguns retribuem alguma gratidão e dela cuidam. Outros se livraram dela, para que outros cuidassem, e seguiram suas vidas.

Isto não é uma lição de moral, nossos olhares estão cada vez mais estranhos ou pessoas estão desaparecendo do mundo sem que a gente perceba. Afinal, seria eu ou você pessoas de verdade? Ou seria uma hipocrisia nossa?

Alguns que estavam no enterro sabiam por alto a tal história. Ficavam olhando de óculos escuros aquele cadáver ali, inofensivo. Pessoas chorando, um semblante aparentando resignação. Ninguém imaginava do que ele fora capaz.

Aquele corpo morto parecia liberto do mal. Se algo o devolvesse a vida faria a mesma coisa, afinal onde estava o mal? A criança também estava enterrada, mas como indigente, a polícia não localizou os pais ou responsáveis. Seu corpo estava também paralisado definitivamente, existiu até que sua vida fosse consumida pelo outro que agora também esta sem vida.

Novamente você espera um final feliz. Como você pode se contentar com uma fantasia? Você acha que não é fantasia e me pede ajuda para conspirar contigo nesta farsa. Não! Vou te deixar sozinho. Você precisa aprender o que é a vida.

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Você não entendeu nada! Já falei que não vai ter final feliz, lição de moral ou coisa assim. Vá dormir!Tenta sonhar com algo bom e relaxe.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 30/01/2019
Reeditado em 30/01/2019
Código do texto: T6562742
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