Bobo - Prólogo
PRÓLOGO
HÁ DOIS ANOS, EM DOIS MIL E QUINZE, NO FIM DA RUA CARMELO, UMA CASA GRANDE, DE ESQUINA, FOI DESTRUÍDA EM FOGO. ERA UM INÍCIO DE TARDE QUANDO A FUMAÇA, ESCURA E ESPESSA, COMEÇOU A SUBIR. UMA VIZINHA QUE, VENDO O SINAL, SUSPEITOU O PIOR, ACIONOU RAPIDAMENTE OS BOMBEIROS E O CAMINHÃO CHEGOU AO LOCAL EM TEMPO RECORDE. NO ENTANTO, MUITO MAIS VELOZ FOI O FOGO, QUE COM SUA FOME INSACIÁVEL TRAGOU AQUELA CASA EM UM PISCAR DE OLHOS.
SOMENTE NA TARDE DO DIA SEGUINTE, QUANDO JÁ NÃO HAVIA FOGO, FUMAÇA E CALOR, OS BOMBEIROS E SOCORRISTAS INICIARAM A TRISTE MISSÃO DE ESQUADRINHAR OS ESCOMBROS. A PROPRIETÁRIA DO IMÓVEL MORAVA NAQUELE LUGAR A CINCO ANOS, JUNTO COM SUA FILHA DE QUINZE E SEU FILHO DE TRÊS.
NO MOMENTO DO INCÊNDIO, DURANTE E DEPOIS TAMBÉM, AS AUTORIDADES TENTARAM CONTATO COM A MULHER, MAS NÃO OBTIVERAM SUCESSO. A ESPERANÇA E O DESEJO DA EQUIPE DOS BOMBEIROS E DE TODOS ENVOLVIDOS ERA NÃO ENCONTRAR UMA TRAGÉDIA ALI DENTRO. PORÉM, TRÊS HORAS DEPOIS QUE COMEÇARAM AS BUSCAS A FAMÍLIA FOI ENCONTRADA.
ESSE TRÁGICO EPISÓDIO REPERCUTIU PELA CIDADE E ECOOU PELOS MESES. A MÍDIA LOCAL NÃO DEIXAVA NINGUÉM ESQUECER. A TODO MOMENTO OS JORNAIS PROPAGAVAM SUAS MATÉRIAS SOBRE O ACONTECIDO, RELEMBRANDO QUANTO SOFRIMENTO O INCÊNDIO TROUXERA E DESENVOLVENDO QUESTIONAMENTOS SOBRE O QUE O HAVIA CAUSADO.
SEMPRE COM AR PROVOCATIVO, AS MATÉRIAS CHAMAVAM A ATENÇÃO DAS AUTORIDADES PARA O ESCLARECIMENTO DO CASO. O QUE, EM CERTO PONTO, FOI DE EXTREMA IMPORT NCIA, PORQUE SENTINDO-SE BASTANTE PRESSIONADO, O CHEFE DOS BOMBEIROS NÃO PODE MAIS POSTERGAR E FOI AO JORNAL FAZER O PRONUNCIAMENTO OFICIAL.
AS INVESTIGAÇÕES APURARAM QUE O FOCO DO INCÊNDIO FOI A FIAÇÃO QUE PASSAVA ATRÁS DO PAINEL ONDE FICAVA A TELEVISÃO, NA SALA. E SENDO ESTA SALA UM CÔMODO PEQUENO E MAIS SEPARADO DOS OUTROS, QUANDO UM DOS QUE ESTAVAM NA CASA PERCEBEU, JÁ NÃO HAVIA TEMPO PARA SAIR. SEM CONTAR QUE PARA CADA UM DELES QUE SE DEPARASSE COM O FOGO, HAVIA UMA REAÇÃO DISTINTA. O INSTINTO DA MÃE É UM, O DE UM ADOLESCENTE É OUTRO E O DE UMA CRIANÇA... SEGUNDO O CHEFE DOS BOMBEIROS, FOI UM CASO PECULIAR E COMPLEXO AO MESMO TEMPO. UMA TRAGÉDIA TERRÍVEL.
APÓS O PRONUNCIAMENTO, A MÍDIA ESQUECEU-SE DO CASO, DEIXANDO-O SER SILENCIADO POR SI SÓ. NÃO HAVIA MAIS O QUE BUSCAR OU O QUE QUESTIONAR SOBRE ELE.
ENTÃO, COMO ESTAVA TUDO RESOLVIDO, ERA PRECISO APENAS DEIXAR A HISTÓRIA DE LADO PARA OS FAMILIARES TEREM SEU LUTO PARTICULAR. UMA ÚLTIMA NOTA DO MAIOR VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO DA CIDADE DESEJAVA CONFORTO E FÉ PARA ELES.
A VIZINHANÇA, NO ENTANTO, DIFERENTE DA MÍDIA, JAMAIS IRIA ESQUECER, OU PELO MENOS LEVARIA UM TEMPO MAIOR, PORQUE OS ESCOMBROS, NEGROS E CINZAS, NÃO FORAM RETIRADOS DO LUGAR E PERMANECERAM À VISTA PARA QUALQUER UM QUE PASSASSE ALI. HAVIA UM RESTO DE MURO E UM PORTÃO ENFERRUJADO ESCORADO COM ESTACAS. MAS O VÃO ENTRE O MURO E O PORTÃO ERA GRANDE O SUFICIENTE PARA NÃO ESCONDER O QUE ACONTECEU.
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UM ANO MAIS TARDE E O TRÁGICO INCÊNDIO HAVIA SE TRANSFORMADO EM MISTÉRIO E LENDAS. ENTRE AS HISTÓRIAS DE FIM DE NOITE, QUE CIRCULAVAM PELAS BOCAS DAQUELES QUE ERAM ATRAÍDOS PELO TERROR, DOS ESCOMBROS DA CASA QUEIMADA OUVIAM-SE VOZES CLAMANDO SOCORRO EM MEIO UM CREPITAR DE CHAMAS AGITADAS.
OUTROS, MAIS OUSADOS OU PERCEPTIVOS, AFIRMAVAM QUE ERA POSSÍVEL OUVIR, SEMPRE NO INÍCIO DA TARDE, PASSOS APRESSADOS CORRENDO PELA LARGA CALÇADA DA ESQUINA.
DIZIAM ESSES CONTADORES QUE AS ALMAS DOS MORTOS PERTENCEM À TERRA ONDE MORREM E, DESTINADOS A ELA, REVIVEM ETERNAMENTE O SOFRIMENTO QUE FINDOU SUAS VIDAS.
PARA MUITOS AS HISTÓRIAS NÃO PASSAVAM DE BOATOS INSENSÍVEIS E CRUÉIS, ALÉM DE DESRESPEITOSOS. MAS FATO É QUE SE DISSEMINARAM COMO PRAGAS E, SENDO INSENSÍVEIS OU NÃO, A RUA CARMELO FICOU MARCADA PELO RECEIO E O MEDO.
MAS HAVIA UM GRUPO DE AMIGOS QUE MORAVAM NO COMEÇO DA RUA E, PARA ELES, ACIMA DA VERDADE OU MENTIRA EXISTIA A ADRENALINA DO SOMBRIO.
ESSE GRUPO, POR DIVERSAS VEZES, HAVIA ENSAIADO UMA EXPEDIÇÃO POR ENTRE OS RESTOS DA CASA QUEIMADA. NO ENTANTO, COMO ERA DE SE ESPERAR, OS ENSAIOS NUNCA FORAM, DE FATO, CONCRETIZADOS. ERAM APENAS ADOLESCENTES GANGORRANDO ENTRE A CURIOSIDADE E O MEDO.
MAS ENTÃO NO DIA DEZESSEIS DE OUTUBRO DE DOIS MIL E DEZESSEIS, QUANDO A NOITE SE INICIOU, DE LUA TÃO GRANDE E TÃO CLARA, OS AMIGOS SE ENCORAJARAM E UM A UM ESGUEIROU-SE PELO VÃO DO PORTÃO.
DO LADO DE DENTRO, A RUÍDA NEGRA E ACINZENTADA DEIXADA PELO FOGO SE RESUMIA A ALGUMAS PAREDES EM PÉ, AMONTOADOS DE TELHAS, REBOCOS E AZULEJOS. O QUE O FOGO NÃO CONSEGUIU CONSUMIR, MARCOU E DESTRUIU SEM PUDOR.
O GRUPO, ENFILEIRADO, DESVIOU-SE DE ALGUNS AMONTOADOS DE DESTROÇOS E SEGUIU ATÉ À PORTA DA FRENTE, PASSANDO POR ENTRE PILASTRAS QUE, POSSIVELMENTE, ERAM DE UMA ANTIGA GARAGEM. ENCOSTADAS NUM CANTO ESTAVAM UMA MOTO, COMPLETAMENTE QUEIMADA, DUAS BICICLETAS, NAS MESMAS CONDIÇÕES, E RESTOS DE MÓVEIS EMPILHADOS.
HAVIA TAMBÉM, NO CANTO DO MURO, O SINAL DE UM COQUEIRO, DESSES PEQUENOS, DE JARDIM, E AO SEU REDOR MUITOS JARROS DE FLORES FEITOS DE CONCRETO.
O SILÊNCIO ERA QUASE SEPULCRAL. NÃO SE OUVIA UMA MÍNIMA RAJADA DE VENTO E NEM SE ESCUTAVAM GRILOS OU QUALQUER OUTRO INSETO QUE VIVE EM ENTULHO. NA NOITE OUVIA-SE APENAS OS PASSOS SUAVES E CAUTELOSOS DO GRUPO, ALÉM DE RESPIRAÇÕES QUE DEMONSTRAVAM TENSÃO.
EM FRENTE À PORTA, O PRIMEIRO DA FILA A EMPURROU, COM CUIDADO, MAS INEVITAVELMENTE O METAL RETORCIDO RANGEU EM UM ENORME RUÍDO, PARA EM SEGUIDA SE DESPRENDER DO PORTAL E CAIR, POTENCIALIZANDO O BARULHO. NESSA HORA, UM PEQUENO VULTO PASSOU DE UM LADO AO OUTRO DO CORREDOR QUE SURGIU QUANDO A PORTA CAÍRA. O GRUPO PAROU, ASSUSTADO. MINUTOS DEPOIS UM GATO SAIU DAS SOMBRAS, PULOU O MURO E NÃO FOI VISTO MAIS.
RECUPERADOS DO SUSTO E MUNIDOS DA CAUTELA INICIAL, OS JOVENS PULARAM PARA DENTRO DA CASA. COMO NÃO HAVIA LAJE, A LUA, PERPENDICULAR, DEIXOU O LUGAR CLARO E VISÍVEL. NO ENTANTO, AINDA ASSIM ERA O LUGAR ONDE UMA FAMÍLIA HAVIA MORRIDO E NÃO EXISTIA LUZ QUE O DEIXASSE MENOS TENSO.
NUM PRIMEIRO MOMENTO, UM DOS GAROTOS DISSE TER SENTIDO UMA PRESENÇA ESTRANHA, COM UM ARREPIO NA NUCA. E OUTRO CONCORDOU SUSSURRANDO QUE A SENSAÇÃO ERA DE QUE ALGUÉM OS MIRAVA. PARA TENTAR ACALMÁ-LOS, UM TERCEIRO, MAIS CENTRADO, AFIRMOU QUE NÃO HAVIA SENTIDO NADA, MAS DEVERIAM FICAR ATENTOS.
A PARTE DA CASA ONDE ESTAVAM PARECIA SER A SALA, ONDE AS INVESTIGAÇÕES REVELARAM TER INICIADO O INCÊNDIO. ALI NÃO HAVIA NADA A NÃO SER MATERIAIS QUEIMADOS E TIJOLOS A MOSTRA, DOS REBOCOS QUE TINHAM SE DESCOLADOS PELO CALOR. OLHANDO DE UM LADO AO OUTRO, NÃO ENCONTRARAM NADA CURIOSO. ENTÃO, SEGUIRAM PELO CORREDOR.
A PRIMEIRA PORTA À ESQUERDA DAVA PARA UM QUARTO PEQUENO. O GRUPO ENTROU. PRÓXIMO À JANELA ESTAVA UMA CAMA DE SOLTEIRO, DE METAL, E AO SEUS PÉS UMA PILHA DE CINZAS E RESTOS DE TECIDO SINALIZAVA ONDE O GUARDA-ROUPA FICAVA. EM TODAS AS PAREDES HAVIAM SINAIS DE DESENHOS COLORIDOS AQUI E ALI. MAS FORAM DEZENAS E DEZENAS DE CARRINHOS DE BRINQUEDO, PARTES DE UMA COLEÇÃO QUEIMADA, QUE REVELOU DE QUEM ERA O QUARTO. SEM REMORSO OU CULPA, CADA UM DOS JOVENS ESCOLHEU UM CARRINHO E METEU-O NO BOLSO DA CALÇA.
AVANÇANDO O CORREDOR, O GRUPO ABAIXOU-SE PERANTE UMA VIGOTA DE MADEIRA QUE OBSTRUÍA O CAMINHO E, LOGO QUE PASSARAM, ENTRARAM NO SEGUNDO QUARTO, À DIREITA. NESTE QUARTO A MAIOR PARTE DO TELHADO EXISTIA, QUE SEGUIA ATÉ À COZINHA, MAS A OUTRA PARTE HAVIA DESMORONADO E PARECIA NÃO TER SIDO REMOVIDA. TELHAS E PEDAÇOS DE MADEIRA COBRIAM OS MÓVEIS QUE NÃO QUEIMARAM POR COMPLETO. TUDO ENEGRECIDO PELO FOGO.
SAINDO DALI, OS GAROTOS NÃO CONSEGUIRAM CHEGAR AO TERCEIRO QUARTO, POR CONTA DE UMA PAREDE QUE TINHA CAÍDO E COBRIA A PASSAGEM. MAS HAVIA UMA PEQUENA BRECHA ENTRE ESSA PAREDE E O VÃO DA PORTA QUE PERMITIA QUE UMA PESSOA ESPREITASSE. QUANDO O PRIMEIRO SE PERMITIU ESPIAR, UM BARULHO REPENTINO E SUAVE INVADIU A CASA. IMEDIATAMENTE, O GAROTO RECOLHEU O ROSTO E SE PÔS A REPREENDER OS OUTROS, DESAPROVANDO A BRINCADEIRA. MAS, ENTREOLHANDO-SE, TODOS NEGARAM A AUTORIA DO BARULHO.
UM DELES DISSE QUE O SOM TINHA VINDO DO PORTÃO. OUTRO, QUE TINHA VINDO DO TERCEIRO QUARTO, E QUE PODERIA SER UM ESPÍRITO NÃO QUERENDO SER VISTO E, POR ISSO, TENTOU ESPANTÁ-LOS. AQUELE QUE ERA O MAIS CENTRADO, NO ENTANTO, DISSE QUE DEVERIAM FICAR QUIETOS E CALADOS, SE O BARULHO SURGISSE NOVAMENTE, TALVEZ PUDESSEM SEGUI-LO. O QUARTO JOVEM CONCORDOU E REFORÇOU A IDEIA.
MAS ESPERARAM UM BOM TEMPO E O BARULHO NÃO SURGIU. RECOBRANDO O NIMO, ENTÃO, OS GAROTOS PROSSEGUIRAM A EXPEDIÇÃO. PASSARAM PELO BANHEIRO, SEM NADA PARA VER, E TERMINARAM NA COZINHA QUE, MUITO GRANDE, ERA O CÔMODO MAIS CURIOSO.
O TELHADO ESTAVA QUASE INTEIRO, FALTANDO APENAS ALGUMAS DEZENAS DE TELHAS, TALVEZ. ENTÃO O QUE HAVIA ALI ERA BASTANTE PENUMBROSO E OBSCURO EM RELAÇÃO AO RESTANTE DA CASA. QUANDO OS OLHOS SE ACOSTUMARAM, NO ENTANTO, SURGIU À VISTA GELADEIRA, FOGÃO, BANCADA DE MÁRMORE, MICROONDAS, PIA E ARMÁRIOS SUSPENSOS, UM DELES JÁ NÃO PRESO À PAREDE.
O QUE SE PODIA VER ERA UM CÔMODO COM POUCA MARCA DE FOGO. DEFINITIVAMENTE, O INCÊNDIO NÃO HAVIA INICIADO NA COZINHA. AS PAREDES, BOA PARTE DELAS, CONTINUAVAM COM SEUS REVESTIMENTOS E SUAS CORES. DE FATO, TUDO ESTAVA ENFUMAÇADO E EMPOEIRADO, MAS O FOGO PARECIA NÃO TER CHEGADO TÃO FORTE NAQUELE LUGAR.
POR OUTRO LADO, O AR QUE CIRCULAVA ALI ERA TERRIVELMENTE FRIO E FUNESTO. O CLIMA PARECIA FALAR E FALAVA EM SUSSURROS EMBARALHADOS, COMO UMA VOZ BAIXINHA, QUE DE TÃO BAIXINHA NÃO SE PODIA ENTENDER. QUANDO UM DOS GAROTOS ABRIU A PORTA DA COZINHA, QUE DAVA PARA OS FUNDOS DA CASA, A LUZ DA LUA ENTROU E INCIDIU SOBRE A GELADEIRA. ESTA CENA, SOMADA AO CLIMA TENSO DO AMBIENTE, PARECEU, AOS GAROTOS, UM SINAL. ENTÃO, DECIDIRAM QUE AQUELE QUE HAVIA ABERTO A PORTA, DEVERIA, TAMBÉM, ABRIR A GELADEIRA. E ASSIM FOI FEITO. MAS O FEDOR QUE SAIU DALI DE DENTRO FEZ QUE COM FOSSE FECHADA NO MESMO INSTANTE. PENSARAM MUITAS COISAS A RESPEITO, MAS NO FIM CONCORDARAM QUE ERA SÓ COMIDA ESTRAGADA. TAMPARAM OS NARIZES E COMEÇARAM A VASCULHAR, CADA UM EM UM CANTO.
EM UM MINUTO TODAS AS PORTAS DOS OBJETOS QUE HAVIAM NA COZINHA FORAM ABERTAS. YURI, NOS ARMÁRIOS, NÃO ENCONTROU NADA DE MAIS, A NÃO SER PANELAS E BARATAS. PEDRO, NO ARMÁRIO DEBAIXO DA PIA, TAMBÉM NÃO ENCONTROU NADA. E LUÍS, QUE FOI AO MICROONDAS, O MAIS SIMPLES DE TODOS, VIU APENAS UMA CANECA VAZIA.
MAS THIAGO, QUE FICOU COM O FOGÃO, AO ABRIR A PORTA DO FORNO, FOI SURPREENDIDO POR UM BONECO DE PANO, VELHO, SUJO, SEM ROSTO, SENTADO DE FRENTE PARA ELE. AO TOMÁ-LO NA MÃO, SENTIU UM ARREPIO PELO CORPO, E O CLIMA, QUE ERAM VOZES BAIXINHAS, SUSSURROU MAIS PALAVRAS EM SEUS OUVIDOS.
O BONECO ERA PEQUENO, UM POUCO MAIOR QUE A MÃO DO GAROTO QUE O SEGURAVA. SEUS MEMBROS, BRAÇOS E PERNAS, PARECIAM ALMOFADINHAS COMPRIDAS COSTURADAS A UM TRONCO, UMA ALMOFADA MAIOR. EM UM DOS BRAÇOS HAVIA UM PEQUENO RASGO, POR ONDE VAZAVA ALGODÃO E, EM VOLTA DO TRONCO, TINHA UMA FAIXA, ENROLADA COMO ATADURA.
THIAGO AGARROU O BONECO E SORRIU. DISSE APENAS QUE SERIA PERFEITO PARA ASSUSTAR SUA IRMÃ. A PARTIR DAQUI ESTA HISTÓRIA COMEÇA.