Foi desenvolvendo um medo irracional de lugares fechados, a ponto de lhe faltar o ar para respirar. Outro dia, seguindo a ideia de jerico de um amigo, não sabe nem o porquê, resolveu pegar o teleférico na Central do Brasil, para visitar a Cidade do Samba, na Gamboa. Foram uns dez minutos de quase pânico, pois estava muito sol e um calor infernal, o transporte passava sobre o morro da Providência.

Em certos momentos, com o vento, parava. Procurou não demonstrar seu pavor às crianças que seguiam  acompanhadas das mães. Tomava água, chupava bala, virava meio de lado e protegia a cabeça com os braços como se só quisesse descansar um pouco e falava baixinho: "Ai, meu Deus do Céu. Ai, meu Deus do Céu!".  Lá dentro não havia uma ventilação. Finalmente, chegaram ao destino. E, na saída as mães olharam para ele como se fosse louco, escondendo os rebentos embaixo do braço. Até que depois o passeio foi ótimo, ponto turístico, com coisas mais do que interessantes, ligadas ao universo do samba e suas alegorias. Mas a volta foi de táxi. Nunca mais iria passear no bondinho. Nunca mais iria pegar um elevador moderno, hermeticamente fechado. Um sacrifício passar por túneis e afins, nunca mais o elevador do Empire States Building, em Nova Yorque, também o do Edifício Avenida Central e afins.

Dizem que pessoas claustrofóbicas foram submetidas a atos de violência, ou passaram por situações de "prisões" e repressões provocadas por autoritarismo, seja no trabalho, na família, políticas. Dizem também que todas as pessoas com fobia a lugares fechados têm problemas respiratórios.

Este tem sim, é alérgico, tem bronquite aguda e asmática. E quanto à violência, sofreu, porém é algo que guarda somente para si e não confessa a ninguém, mesmo se fizer terapia. Ah, sim, desconfiava que sofria de catalepsia, pois, no passado, tinha paralisia do sono, conquanto, estranhamente, de olhos fechados, conseguia ver o que se passava ao redor e até, por vezes, sair do corpo, ter projeção astral. Seu medo era o de nunca mais conseguir mover seu corpo e estar consciente e de ser enterrado vivo.

Recomedaram a ele a hipnose, pois no futuro, não aguentaria tantas horas dentro de um avião. Sim, o mundo estava cada vez mais difícil para ele! O tratamento levaria alguns meses com um grande especialista médico e parapsicólogo.

Logo na primeira sessão, foi feita a hipnose para diagnosticar a causa da sua aflição, porém, algo deu errado, o paciente não saiu do transe, ficou meses em estado semivegetativo, como se estivesse dormindo.

Sendo que num dia acordou, para alívio de todos. Ele contou que viajou para um mundo em outra dimensão, este se subdividia em dois, um era  um deserto repleto de perigos, catástrofes naturais, labirintos de areia encandescente, sem água, queimava a sola dos pés e ele mesmo assim andava, porque sabia que no final da jornada havia um oásis e sabia também que não iria morrer, apesar da fome e da sede. 

E  ele estava certo, encontrou um paraíso. Ali, sofreu um processo de grande elevação e enriquecimento espiritual. Após este tempo, que parecia infindável para ele, sua alma voltou para o corpo.

A cura aparentemente veio, entretanto o paciente se encontra em fase de observação.
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Muito obrigada por sua leitura. Um ano novo de positividade e conquistas!
LYGIA VICTORIA
Enviado por LYGIA VICTORIA em 01/01/2019
Reeditado em 01/01/2019
Código do texto: T6540530
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