Krampus - O demônio do Natal - CLTS 05
Krampus - O demônio do Natal - CLTS 05
by: Johnathan King
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PREFÁCIO
O corredor estava escuro e silencioso, uma brisa gelada deslizava no ar, como um rio fantasma de águas invisíveis. Isabel caminhava nas pontas dos pés sempre atenta a qualquer movimento suspeito, ela segurava um taco de baseball nas mãos firmemente e seus olhos trabalhavam todo e qualquer sinal de perigo.
Algo dentro da garota lhe deixava alerta, e ela podia sentir que não estava sozinha dentro de casa. Por mais que tentasse se controlar e manter-se firme, Isabel podia sentir toda a fragilidade do seu corpo e todo o medo que estava sentindo diante daquela situação de terror e estresse.
Quando parou no alto da escada e olhou para baixo, Isabel tomou um susto e o seu corpo vacilou, suas pernas tremiam feito vara verde e isso quase a fez rolar escada abaixo. Do outro lado da sala uma figura bastante familiar vinha descendo pela chaminé com sua tradicional roupa vermelha e seu barrigão estufado.
Mas a imagem que aparecia na frente de Isabel contrastava totalmente com o que ela conhecia, sua roupa estava rasgada e suja, e o seu rosto desfigurado. A velha barba grisalha estava enegrecida e os olhos do bom velhinho eram agora duas bolas de gude vermelhas e diabólicas, que se moviam em movimentos alucinantes, como uma bússola quebrada.
E no lugar do saco de presentes ele carregava um machado sujo de sangue...
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NOITE DE NATAL
Já se aproximava da meia-noite e Isabel não conseguia pegar no sono por mais que tentasse. Uma angústia tomava conta dos seus pensamentos e seu coração estava apertado no peito, sua respiração era ofegante e seus olhos miravam o teto, arregalados de uma maneira incomum. A noite era de festas e de comemorações para muitos, mas para Isabel era apenas mais uma noite como outra qualquer, sem nenhuma importância.
O Natal e suas tradições, ceias fartas e trocas de presentes não significavam nada para a garota. Para ela era apenas mais uma data estúpida no calendário, e não entendia como as pessoas podiam perder tempo com esse tipo de comemoração.
Estava fazendo exatamente um ano que os pais de Isabel foram mortos de forma trágica e violenta. Tudo foi tão repentino e brutal que parecia um sonho de mau gosto em que a pessoa não consegue acordar. Levou dias, semanas e meses para que Isabel aceitasse a perda trágica dos pais e aprendesse a conviver sozinha a partir daquele momento.
A sensação de impotência e insegurança viraram rotina na vida da garota após o trágico evento com os pais, eles haviam sido brutalmente assassinados dentro da própria casa enquanto dormiam.
Passado tanto tempo desde o ocorrido, a polícia da pequena Charles, Ohio, ainda não tinha pistas de quem cometera o brutal massacre. E Isabel apenas esperava alguma solução para o caso.
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O VISITANTE
Um barulho vindo do andar de baixo despertou Isabel subitamente, fazendo acender o sinal de alerta. A garota pegou um taco de baseball que estava dentro do seu armário de roupas e se dirigiu até a porta do quarto. Ela girou a maçaneta e a porta se abriu num baque profundo.
Armada com o taco de baseball, a moça se aventurou por um corredor escuro e silencioso. Os únicos sons emitidos eram de sua respiração, que estava ofegante; e do seu coração, que batia aceleradamente, parecendo que ia saltar do peito a qualquer momento.
Isabel parou no alto da escada!
Ela olhou para baixo, na direção da chaminé que ficava do outro lado da sala e viu quando uma figura bastante conhecida do Natal adentrou sua casa furtivamente: o Papai Noel!
Mas sua aparência não lembrava em nada a que Isabel guardava em suas memórias de infância. Aquela pessoa trajada com roupas natalinas em nada se parecia com o bom velhinho dos contos de Natal. Muito pelo contrário, sua aparência era estranha e bizarra, uma brincadeira de muito mau gosto.
O macabro visitante carregava nas mãos um machado com sangue ressecado e encarando Isabel com olhos acusadores, começou a andar calmamente na direção em que a jovem se encontrava. Um grito de horror ficou preso na garganta da moça, quando a mesma se desequilibrou e rolou escada a baixo.
Isabel estava desnorteada, sua cabeça girava como um moinho de vento enlouquecido; e todo o seu corpo estava dolorido, como se tivesse sido moída por um trator. O lugar estava entregue a penumbra e a jovem não conseguia enxergar muita coisa naquela escuridão toda.
Mas Isabel podia sentir os passos sorrateiros daquele demônio se aproximando dela lentamente; o Papai Noel, não aquele Papai Noel que seus pais lhe ensinaram a gostar desde criança. E sim, um demônio de olhos faiscantes e sorriso diabólico.
Ele caminhava lentamente, como que sem nenhuma pressa. Isabel nesse momento se deu conta da situação aterradora em que estava metida, e seu corpo todo gelou de pavor.
Ela se lembrou dos pais!
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CRIME E CASTIGO
Naquele momento Isabel recordou tudo o que tinha acontecido na noite da morte dos seus pais. Tinha sido ela que os matará de maneira bárbara e cruel, enquanto os mesmos dormiam tranquilamente, sem lhes dar a mínima chance de defesa. Um machado fora a arma utilizada no crime.
O demônio trajado de Papai Noel sabia da verdade, pois ele estava lá quando o crime aconteceu, e ele acusava Isabel com seus olhos de inquisidor, aquela aberração do inferno que ela não sabia de onde tinha surgido.
O machado que ele carregava era o mesmo que Isabel usou na noite dos assassinatos, ela o reconheceu. O sangue ressecado que tinha nele era dos seus pais. As lágrimas vieram naturalmente e o arrependimento também, ela não sabia porque havia cometido o crime, só sabia que precisava se livrar dos pais.
Ao ver a garota chorando arrependida do que havia feito, o Papai Noel do mal não conseguiu se controlar e soltou uma gargalhada infernal, e em seguida começou a se transformar em algo diferente. Seu corpo tremia de maneira alucinada e ele não conseguia parar de gargalhar, entrando em um transe enlouquecido.
Ao final da transformação grotesca ele havia se tornado um outro tipo de demônio chamado: Krampus.
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KRAMPUS
Isabel buscou forças para se levantar e escapar naquele pesadelo macabro. Ela procurou pelo taco de baseball, ele estava adiante, caído perto do sofá; há uns dois metros dela. Krampus, o demônio do Natal se aproximou da jovem e ergueu seu machado manchado de sangue ressecado.
Isabel esticou seu braço e conseguiu alcançar o taco de baseball, ela o ergueu, e num movimento rápido e preciso golpeou o demônio em cheio na cabeça, que balançou para o lado desnorteado; deixando cair seu machado. Isabel ficou de pé e correu na direção da porta principal, mas a mesma se encontrava trancada e a chave havia sumido.
Ela se virou e viu seu algoz balançando um chaveiro com um bolo de chaves na mão, exibindo um sorriso maldito. Isabel não conseguia acreditar que tudo aquilo pudesse ser realmente de verdade, na sua cabeça tudo não passava de um pesadelo infernal que logo teria fim assim que ela acordasse. Mas algo dentro dela dizia que isso não iria acontecer.
Krampus, o demônio do Natal encarava Isabel com um olhar alucinado. A criatura era humanoide da cintura para cima, possua pernas e cascos de bode, um rabo longo e peludo; e uma língua comprida e asquerosa, que não conseguia ficar quieta dentro da boca do bicho. E na cabeça possua um par de chifres longos e afiados.
Isabel envolveu o taco de baseball em suas mãos com toda força. Krampus começou a andar na direção em que ela se encontrava. A moça se apoiou na porta. O coração de Isabel estava para saltar para fora de seu peito e seu corpo começava a tremer. Suas pernas pareciam que iam falhar em algum qualquer momento e seu corpo iria desabar no chão como uma árvore velha arrancada pela raiz.
Isabel apertou os olhos bem fechados, tentando ser corajosa, tentando se manter viva; e apertou com mais força o taco de baseball em suas mãos. Ela olhou para Krampus e soltou um suspiro profundo. Isabel não pensou muito e se lançou na direção daquele demônio saído do inferno, ao mesmo tempo que o monstro famigerado erguia seu horrendo machado para desferir um golpe certeiro e fatal.
Quando se aproximou do alvo a sua frente e, de uma morte quase certa, Isabel se jogou ao chão, passando entre as pernas da criatura que estavam semiabertas. O monstro tentou desferir um golpe contra a jovem, mas seu machado ficou cravado no chão.
Isabel aproveitou e subiu para o seu quarto, tropeçando nos degraus da escada, completamente entregue ao pavor e o desespero. Ela chegou ao quarto, entrou, trancou a porta e empurrou um pesado armário na direção da mesma, selando assim a entrada do lugar.
***
PÂNICO
Isabel pegou o telefone celular para chamar a polícia, mas para sua total surpresa e desespero, o aparelho estava sem sua bateria. A aflição tomou conta da mesma, que colocou as mãos na cabeça e ficou dando voltas no quarto, tentando encontrar uma saída para aquele terror. Mas parecia que essa estava há milhas de distância.
Um barulho fez Isabel recobrar a consciência. Krampus estava cravando seu infame machado na porta do quarto, e não demoraria muito para ele estar lá dentro. Isabel olhou para a janela e correu na direção dela. A rua estava iluminada por árvores de Natal com várias lâmpadas coloridas.
Pessoas andavam de um lado para o outro desejando boas novas no Natal umas as outras. Crianças brincavam sem nenhuma preocupação, alheias ao que estava acontecendo próximo delas. Tudo aquilo deixava Isabel enlouquecida.
Ela tentou abrir a janela, mas essa estava emperrada.
Desesperada, Isabel voltou a sua atenção mais uma vez para a porta do quarto, onde Krampus cravava o machado, já conseguindo fazer uma pequena abertura na madeira, de onde conseguia vigiar todos os passos da garota lá dentro. Por sorte, Isabel conseguiu abrir a janela.
Ela colocou a cabeça para fora e começou a gritar por ajuda e a fazer gestos com as mãos e os braços, na tentativa de chamar a atenção dos vizinhos.
Ninguém notou nada!
A porta do quarto se rompeu e Krampus entrou, após retirar o armário que impedia sua passagem. Isabel olhou para trás com espanto e incredulidade. Seus olhos exibiam um terror inimaginável, ela tinha que ser rápida e agir logo, não lhe restava mais tempo.
Nesse momento, uma sensação ruim abalou o espírito de Isabel, mas logo a garota se recuperou. Ela colocou umas das pernas para fora da janela, quando sentiu um forte solavanco que a fez recuar para trás instintivamente. Krampus segurou Isabel pelos cabelos com força e a puxou de volta para dentro do quarto.
A cabeça da garota se chocou com o chão e tudo começou a girar de maneira descompensada. Krampus ergueu o machado bem alto, o mesmo que Isabel usará para matar os pais dela, ele desceu o objeto com velocidade o cravando no pescoço da garota, separando a cabeça do corpo.
FIM
TEMA: Criaturas Fantásticas.