Intolerância religiosa
Na época das Cruzadas, cristãos lutavam contra os muçulmanos pela retomada da “terra santa”, Jerusalém. Na Idade Média, a Santa Inquisição Católica queimava bruxas por cometerem heresia. No século XVI, durante a Reforma Protestante realizada pelo monge alemão, Martinho Lutero, católicos matavam protestantes. Agora, em pleno século XXI, a intolerância religiosa continua com cristãos (neopentecostais) destruindo templos de umbanda e candomblé.
Pai Walter, babalorixá (pai de santo) num terreiro de candomblé, já estava cansado e irritadíssimo com a destruição dos símbolos religiosos de sua religião pelos cristãos neopentecostais. Consumido pelo ódio, o sacerdote da religião africana ia fazer o que prega a lei de Talião: olho por olho, dente por dente. Mesmo indo frontalmente contra o que prega sua religião, ele ia se vingar dos fanáticos que destruíam seu templo alegando que lá realizavam-se cultos demoníacos e não de Deus.
Era 23 de abril de 2019. Um dia santo e feriado. Após a celebração no terreiro em homenagem a Ogum (São Jorge), pai Walter fica de tocaia esperando os iconoclastas. Os destruidores não tardam a chegar. São cinco. Altos e fortes começam a quebrar com raiva e ódio as estátuas e tudo que há dentro do terreiro. Pai Walter chora por dentro, mas espera pacientemente o final da quebradeira para agir. Assim que os fanáticos terminam o “trabalho”, o babalorixá dá voz de prisão ao grupo. Eles riem na cara do pai de santo. “Um nanico como você tem mais é que agradecer por não o matarmos. Cai fora, seu merda! Antes que eu mude de ideia”. Diz o líder do grupo de fanáticos ameaçando pai Walter com um porrete. Pai Walter não diz nada. Não precisa. Pega de sua mochila uma pistola e começa a atirar nos fanáticos neopentecostais. Um a um, eles caem no chão. Mortos. Pai Walter chora. O pesadelo acabou. Agora era comunicar à polícia o ocorrido e enfrentar o julgamento do Tribunal do Júri que muito provavelmente inocentará o coronel reformado do BOPE, Walter Suz.
FIM