Universo Saturno, o Vampiro - Microconto - Olhos Celestiais

Sexta feira, 27 de julho de 2018. 19h e 28min. Mooca - São Paulo.

Saturno e Ângela correm pelos telhados das casas da Mooca, tão silenciosos que nem os cachorros os escutam.

Subitamente, o vampiro indio pára. Saca o punhal de aço alemão do século XVI e seus olhos se acendem, vermelhos.

Ângela, vendo seu amor se armar, tira do sobretudo um pequeno machadinho e olha em volta.

Nada.

_ O que foi?

Saturno tenta farejar o ar, mas tambem nao sente nada.

_ Uma... Sensação! Algo perigoso... Não sei...

A milhões de anos luz dali, dois celestiais os observam.

_ Eu poderia destrui-lo Eriel. Seria tão rapido!

O outro anjo do tamanho de um prédio o observa com seus quatro rostos.

_ Alumiel, você sabe que o mais Alto proibiu mata-lo, não é?

O anjo o observa com seus olhos de luz líquida e faz um gesto displicente com as mãos.

_ O Verbo pode estar errado, não seria a primeira vez...

O primeiro dos dois anjos abana a cabeça em sinal de concordância.

_ Sim! Mas no início, ele estava ocupado em manter a coesão do todo e não viu as pequenas coisas próximas a ele. É diferente agora...

Eriel se levanta e mergulha no éter.

_ Se algo mudar eu o destruo da existência!

O outro segue seus passos leves.

No planeta Terra, Saturno se sobressalta.

Ângela, nua o abraça com mais força.

_ O que foi amor? Está estranho essa noite!

O índio para de toca-la e acende um cigarro.

_ Sei lá! Uma impressão ruim... Como se falassem mal de mim!

Ela toma o cigarro, ri e dá uma tragada.

_ Deixa de ser doido, vem?

Ele sorri também e se deita para fazer amor no cemitério.

Humberto Lima
Enviado por Humberto Lima em 30/10/2018
Código do texto: T6489707
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