Minha cabeça dói. Esse ponto que lateja em cima do meu olho direito me cega parcialmente. Sinto algo pegajoso como a raiva crescendo dentro de mim. Não sei de onde isso vem e tenho medo do que possa se tornar. Quero gritar para expulsar toda essa miséria que habita em mim, mas na verdade não quero que me ouçam. Quero silenciar o mundo, porém ele continua zunindo ao meu redor. Cada pequeno som ecoando dentro dos meus ouvidos e se intensificando até o infinito. Meu corpo está gelado, mas minhas mãos estão suando. Há suor em minha nuca, meu cabelo está molhado. Começo a correr. Tento fugir. Eu sempre tento fugir disso que está impregnado em mim, mas, por mais que eu tente me esconder, ainda está aqui.

A chuva começa a cair novamente. A chuva sempre vem.

É uma presença constante e a umidade de mais um dia cinza penetra em minha alma me fazendo entender que não há para onde fugir.

Isso nunca vai me deixar.

(...)
 
Fefa Rodrigues
Enviado por Fefa Rodrigues em 27/10/2018
Reeditado em 21/02/2019
Código do texto: T6487538
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