Minha cabeça dói. Esse ponto que lateja em cima do meu olho direito me cega parcialmente. Sinto algo pegajoso como a raiva crescendo dentro de mim. Não sei de onde isso vem e tenho medo do que possa se tornar. Quero gritar para expulsar toda essa miséria que habita em mim, mas na verdade não quero que me ouçam. Quero silenciar o mundo, porém ele continua zunindo ao meu redor. Cada pequeno som ecoando dentro dos meus ouvidos e se intensificando até o infinito. Meu corpo está gelado, mas minhas mãos estão suando. Há suor em minha nuca, meu cabelo está molhado. Começo a correr. Tento fugir. Eu sempre tento fugir disso que está impregnado em mim, mas, por mais que eu tente me esconder, ainda está aqui.
A chuva começa a cair novamente. A chuva sempre vem.
É uma presença constante e a umidade de mais um dia cinza penetra em minha alma me fazendo entender que não há para onde fugir.
Isso nunca vai me deixar.
A chuva começa a cair novamente. A chuva sempre vem.
É uma presença constante e a umidade de mais um dia cinza penetra em minha alma me fazendo entender que não há para onde fugir.
Isso nunca vai me deixar.
(...)