Houve, certa vez, um operário que trabalhava em uma pedreira, cortando pedras que seriam usadas para calçar ruas. Ele era um jovem muito sonhador, e nunca estava contente com nada. Vivia sonhando com uma vida melhor e invejando cada pessoa que parecia estar em melhor situação do que ele.
Um dia, ao passar em frente a uma suntuosa mansão, no bairro rico da cidade, ele viu o dono da casa saindo, no seu luxuoso automóvel, ao lado de uma linda mulher.
– Ah! suspirou ele.– O que não daria para ser como esse cara!
Aconteceu de estar passando por ali um senhorzinho, bem baixinho, de longas barbas brancas e pernas tortas. Tinha orelhas pontudas e grossas sobrancelhas, bem negras. Seu olhar era maldoso e o sorriso sarcástico.
– Isso que você disse é de coração? – perguntou o anãozinho, que na verdade era um duende.
– De todo coração – respondeu o rapaz.
– Pois então está concedido! Tudo que você pedir, daqui para a frente, lhe será dado– disse o duende, rindo como um pequeno demônio travesso.
Ele fez um gesto com as mão e puff! Eis o jovem cortador de pedras, por um passe de mágica, vivendo numa rica mansão, com uma linda loura do lado. Tudo do bom e do melhor. Um exército de empregados, todos armados, tomavam conta da sua mansão. Ele não estranhou toda aquela parafernália. Achou que fazia parte do pacote.
“ Esse gênio pensa em tudo”, imaginou ele, pois com uma grana daquela, os bandidos deviam estar de olho nele. Mas não havia se passado três dias- ele estava na piscina, tomando a sua champanhe - e eis que um batalhão de policiais invade a esplêndida mansão e leva todo mundo para a cadeia. A acusação: ele era o chefão de um grupo de traficantes de drogas. Então o jovem cortador de pedras compreendeu de onde vinha toda aquela grana. Sozinho na sua cela, amargando a perspectiva de pegar uns vinte anos de cadeia sem ser culpado, ele se arrependeu de não ter pedido ao duende que fizesse dele um monge que não precisasse se preocupar com mais nada a não ser comer e rezar.
Puff! E eis que imediatamente, lá estava ele num mosteiro, no alto de uma montanha, vestido de monge, com uma gamela de sopa de batatas na mão. E ele logo viu que a vida de um monge não era só comer e rezar. Os coitados trabalhavam de sol a sol. De manhã arrumavam a cela, depois faziam a faxina no mosteiro, depois arrumavam a cozinha e deixavam tudo pronto paa o almoço, e à tarde trabalhavam na horta. Á noite, moídos de cansaço, só tinham um colchão de palha, estendido no chão frio, para dormir. E para comer, só aquela horrorosa papa. Ele logo verificou que ali, naquele mosteiro, estava tão preso quanto antes, quando era um traficante de drogas. Desejou ser livre. Livre com aquele passarinho, que vinha pousar na sua janela pela manhã e depois saia voando, alegre, pelos campos...
Puff! Eis o antigo jovem cortador de pedras transformado em um vistoso sabiá-laranjeira, de mavioso canto e linda plumagem, voando feliz, pelos campos. Voava, de árvore em árvore, cantava, saltitava, alegre na relva. Na sua alegria, não percebeu o gavião que o espreitava. Só se deu conta do que acontecera quando as garras do terrível predador se fecharam, como tenazes, sobre ele. E ele percebeu que estava sendo levado para o ninho do gavião, onde, de certo seria devorado.
Voando bem alto, preso nas garras do gavião, ele se arrependeu da escolha que havia feito e desejou ser uma nuvem, pois elas sim, não se preocupavam com nada...
Puff! Ei-lo, nuvem branquinha, a pairar no céu, levado de um lado para o outro, pelo sopro do vento... E o jovem cortador de pedras pensou: “agora sim. É só planar, planar, sem preocupações, nem problemas, nem ninguém para me fazer mal...”. No sossego que estava então, nem notou que o vento o havia empurrado para uma zona mais fria, no céu. E que seu corpo vaporoso estava se transformando em água. Que em poucos minutos estava caindo na terra, na forma de uma copiosa chuva. Que logo se transformou numa forte enxurrada, rolando morro abaixo, arrastando tudo que encontrava na sua frente.
– Ah! que destino cruel – disse o jovem cortador de pedras. – Bem que eu gostaria de ser uma dessas enormes pedras que estão na base da montanha... Assim, eu não seria incomodado por nada. Viveria eternamente imóvel, sem precisar fazer nada na vida...
Puff! O jovem cortador de pedras foi transformado em uma enorme rocha. E ali se postou, na base da montanha, altaneira como uma sentinela da natureza, olhando de frente para a cidade. E de repente, eis que aparece um operário, com seu martelo e sua ponteira. E ele começou a cortar aquela enorme pedra em pedaços retangulares, para deles fazer paralepípidos. Ele era uma pedra, mas tinha consciência do que lhe acontecia. E a cada golpe daquela ponteira, ele sentia dor, muita dor.
E foi então que ele desejou ser aquele jovem cortador de pedras ao invés de ser a pedra que ele estava cortando.
Imediatamente seu desejo foi atendido. Em segundos, ele era, novamente, um operário, trabalhando numa pedreira.
Mas não teve tempo de gozar a volta ao seu estado natural. Pois no momento seguinte, um anãozinho de barba branca e pernas tortas, com um olhar maldoso e um sorriso zombeteiro, o arrebatou e o levou para as profundezas da terra, onde ele seria acorrentado a uma árvore, para passar a eternidade toda cortando pedras.
Um dia, ao passar em frente a uma suntuosa mansão, no bairro rico da cidade, ele viu o dono da casa saindo, no seu luxuoso automóvel, ao lado de uma linda mulher.
– Ah! suspirou ele.– O que não daria para ser como esse cara!
Aconteceu de estar passando por ali um senhorzinho, bem baixinho, de longas barbas brancas e pernas tortas. Tinha orelhas pontudas e grossas sobrancelhas, bem negras. Seu olhar era maldoso e o sorriso sarcástico.
– Isso que você disse é de coração? – perguntou o anãozinho, que na verdade era um duende.
– De todo coração – respondeu o rapaz.
– Pois então está concedido! Tudo que você pedir, daqui para a frente, lhe será dado– disse o duende, rindo como um pequeno demônio travesso.
Ele fez um gesto com as mão e puff! Eis o jovem cortador de pedras, por um passe de mágica, vivendo numa rica mansão, com uma linda loura do lado. Tudo do bom e do melhor. Um exército de empregados, todos armados, tomavam conta da sua mansão. Ele não estranhou toda aquela parafernália. Achou que fazia parte do pacote.
“ Esse gênio pensa em tudo”, imaginou ele, pois com uma grana daquela, os bandidos deviam estar de olho nele. Mas não havia se passado três dias- ele estava na piscina, tomando a sua champanhe - e eis que um batalhão de policiais invade a esplêndida mansão e leva todo mundo para a cadeia. A acusação: ele era o chefão de um grupo de traficantes de drogas. Então o jovem cortador de pedras compreendeu de onde vinha toda aquela grana. Sozinho na sua cela, amargando a perspectiva de pegar uns vinte anos de cadeia sem ser culpado, ele se arrependeu de não ter pedido ao duende que fizesse dele um monge que não precisasse se preocupar com mais nada a não ser comer e rezar.
Puff! E eis que imediatamente, lá estava ele num mosteiro, no alto de uma montanha, vestido de monge, com uma gamela de sopa de batatas na mão. E ele logo viu que a vida de um monge não era só comer e rezar. Os coitados trabalhavam de sol a sol. De manhã arrumavam a cela, depois faziam a faxina no mosteiro, depois arrumavam a cozinha e deixavam tudo pronto paa o almoço, e à tarde trabalhavam na horta. Á noite, moídos de cansaço, só tinham um colchão de palha, estendido no chão frio, para dormir. E para comer, só aquela horrorosa papa. Ele logo verificou que ali, naquele mosteiro, estava tão preso quanto antes, quando era um traficante de drogas. Desejou ser livre. Livre com aquele passarinho, que vinha pousar na sua janela pela manhã e depois saia voando, alegre, pelos campos...
Puff! Eis o antigo jovem cortador de pedras transformado em um vistoso sabiá-laranjeira, de mavioso canto e linda plumagem, voando feliz, pelos campos. Voava, de árvore em árvore, cantava, saltitava, alegre na relva. Na sua alegria, não percebeu o gavião que o espreitava. Só se deu conta do que acontecera quando as garras do terrível predador se fecharam, como tenazes, sobre ele. E ele percebeu que estava sendo levado para o ninho do gavião, onde, de certo seria devorado.
Voando bem alto, preso nas garras do gavião, ele se arrependeu da escolha que havia feito e desejou ser uma nuvem, pois elas sim, não se preocupavam com nada...
Puff! Ei-lo, nuvem branquinha, a pairar no céu, levado de um lado para o outro, pelo sopro do vento... E o jovem cortador de pedras pensou: “agora sim. É só planar, planar, sem preocupações, nem problemas, nem ninguém para me fazer mal...”. No sossego que estava então, nem notou que o vento o havia empurrado para uma zona mais fria, no céu. E que seu corpo vaporoso estava se transformando em água. Que em poucos minutos estava caindo na terra, na forma de uma copiosa chuva. Que logo se transformou numa forte enxurrada, rolando morro abaixo, arrastando tudo que encontrava na sua frente.
– Ah! que destino cruel – disse o jovem cortador de pedras. – Bem que eu gostaria de ser uma dessas enormes pedras que estão na base da montanha... Assim, eu não seria incomodado por nada. Viveria eternamente imóvel, sem precisar fazer nada na vida...
Puff! O jovem cortador de pedras foi transformado em uma enorme rocha. E ali se postou, na base da montanha, altaneira como uma sentinela da natureza, olhando de frente para a cidade. E de repente, eis que aparece um operário, com seu martelo e sua ponteira. E ele começou a cortar aquela enorme pedra em pedaços retangulares, para deles fazer paralepípidos. Ele era uma pedra, mas tinha consciência do que lhe acontecia. E a cada golpe daquela ponteira, ele sentia dor, muita dor.
E foi então que ele desejou ser aquele jovem cortador de pedras ao invés de ser a pedra que ele estava cortando.
Imediatamente seu desejo foi atendido. Em segundos, ele era, novamente, um operário, trabalhando numa pedreira.
Mas não teve tempo de gozar a volta ao seu estado natural. Pois no momento seguinte, um anãozinho de barba branca e pernas tortas, com um olhar maldoso e um sorriso zombeteiro, o arrebatou e o levou para as profundezas da terra, onde ele seria acorrentado a uma árvore, para passar a eternidade toda cortando pedras.