A despedida de uma lenda
Cinco décadas de carreira ou de estrada, como dizem seus colegas de profissão: os músicos. Começou a cantar profissionalmente aos vinte anos. No início, cantava em bares e boates de Minas Gerais para poucos. Agora canta para muitos. Hoje é seu último show. Vai deixar a banda de rock que o consagrou como vocalista e se aposentar. Aproveitar o resto de sua vida com sua família e amigos. “Os Strongers”, sua banda, seguirão com outro vocalista. Mas os fãs sentirão sua falta. Sem ele, Karlos Karlúcio (ou “A Lenda do Rock” como é carinhosamente chamado pelos fãs), as músicas soarão diferente, presumivelmente pior. Mas ninguém é insubstituível. É o que dizem. Karlos Karlúcio começou o show no Maracanã, com um de seus maiores sucesso: “Don’t cry, baby”. Os cinquenta mil fãs foram ao delírio. As músicas que se seguiram só fizeram o público se lamentar pela despedida da “Lenda do Rock”. Foram duas horas de show no maior alto astral. Karlos Karlúcio encerrou o show com “I will love you forever”. O público aplaudiu de pé e pediu bis. E teve. Karlos Karlúcio cantou “Only tears” a primeira música que compôs na vida. O show terminou ali e a carreira de músico para Karlos Karlúcio também. No camarim, recebeu inúmeros presentes de seus devotados fãs. Mas um dos presentes era inusitado. Uma carta. O fã, um garoto aparentando ter treze anos de idade, pediu que Karlos a abrisse em casa e sozinho, porque a carta trazia uma mensagem que só podia ser lida por ele e, por mais ninguém. Karlos agradeceu ao adolescente, com um abraço apertado, e recebeu dele um beijo no rosto.
No dia seguinte, os noticiários dos telejornais anunciavam: “vocalista da banda “Os Strongers”, “A Lenda do Rock”, Karlos Karlúcio, que se aposentou, ontem à noite, com um megashow, no Maracanã, é encontrado morto em sua mansão após abrir uma carta-bomba.
FIM