Nobel de Sangue
Caio Fernando Tadeu Lima aprendeu a ler, aos 3 anos de idade, sozinho. Aos 7 anos, escreveu seu primeiro livro “O Sapato falante”. Aos 12 anos, já sabia sua profissão: escritor. O pai de Caio Fernando, Lucas Tiloso, era diplomata e seu maior incentivador. Comprava-lhe livros clássicos e da atualidade para Caio desenvolver seu dom. Caio Fernando lia tudo que fosse escrito, mas sua preferência eram os contos. Quando leu Edgar Allan Poe pela primeira vez sentiu um prazer indescritível se apossar de seu corpo. Poe era fantástico e Caio queria ser Poe. A Poe, se seguiu Homero, Sartre, Kafka, Oscar Wilde e até Paulo Coelho. Com 19 anos, Caio Fernando Tadeu Lima já havia escrito 10 livros! Com a chegada da internet, Caio começou a escrever num blog. Seu diário virtual tinha de tudo. Toda sua vida estava ali. Um livro aberto para quem se interessasse em lê-lo. Caio estava sempre procurando aprimorar sua escrita. Lia livros sobre como escrever bem tanto impressos quanto digitais. Tinha uma meta pessoal: ser o mais jovem escritor a ganhar um Nobel de literatura, façanha que pertencia a Rudyard Kipling, britânico nascido na Índia que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, em 1907, aos 42 anos de idade.
Aos 26 anos, Caio formou-se em Letras pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e começou a fazer diversas oficinas literárias.
Aos 35 anos, Caio já havia escrito perto de uma centena de livros e ganho diversos prêmios literários de renome nacional e internacional. Ganhou três vezes o Jabuti e o Machado de Assis (nacionais) e duas o Camões (para autores de língua portuguesa) dentre muitos outros. Mas Caio queria o Nobel e quebrar o recorde de Kipling, e lutaria por isso custasse o que custasse.
Aos 41 anos de idade, Caio Fernando Tadeu Lima ficou famoso. Muito famoso. Não. Ele não ganhou o Nobel de Literatura. Sua fama foi decorrente dele ter matado 10 membros da ABL (Academia Brasileira de Letras) a tiros de pistola e se suicidado em seguida, com um tiro no peito, como Vargas. Caio não conseguiu realizar seu sonho, sua meta pessoal e surtou por causa disto. Para ele a vida perdeu o sentido. Tudo que ele fez até então foi inútil. Tempo jogado no lixo. Caio Fernando não foi, nem nunca seria um escritor laureado com um prêmio Nobel, ainda mais depois dos assassinatos que cometeu. Mas sua família não tinha do que se queixar. Após sua trágica morte, Caio Fernando Tadeu Lima tornou-se um best-seller. Um escritor cultuado. Seus livros vendiam como nunca e sua fama, assim como a fortuna de seus herdeiros, não param de crescer…
FIM