A mulher do Caixão!
De fato existem histórias que não se pode acreditar. Mas acredite, essa história que contarei é a mais pura verdade, a mais intrigante e a mais suspeita que já acontecera com aqueles grandes amigos. Daquelas que os pais contam aos seus filhos e os filhos contam aos seus filhos, mas que deveras a vivemos.
Sabíamos que naquele lugar, chamado Caixão, os antigos contavam histórias que instigavam a curiosidade de muitos que ali passavam. Era um lugar sombrio, daqueles cheios de árvores muito juntas umas nas outras, mata fechada e muito grito de animais que se escondiam para que nenhum humano os visse.
Perto daquele lugar, havia uma lagoa que sempre dava muitos peixes e vez ou outra, alguns homens gostavam de passar o fim de semana acampando e bebendo com o intuito de se divertirem, mas nunca ninguém lembrava muito o que lá de fato acontecia. Sabiam que era uma lagoa farta, mas faltava era coragem para a maioria dos homens pernoitarem naquele lugar. Diziam que perto daquela lagoa, algo inusitado, algo muito estranho acontecia toda vez que iam acampar por lá.
Caio e Thiago eram amigos há anos. Gostavam de acampamentos e pescarias. Disseram-lhes que lá no Caixão tinha uma lagoa com muitos peixes e que essa lagoa não era de nenhum proprietário. Deveras combinaram de se aventurarem por lá. Claro, não os disseram sobre o que por lá acontecia. Muito eufóricos, partiram em busca de diversão e aventura. Aventura? Sim, muita!
Era sexta-feira à noite, frio e com uma serração fechada. Chegaram ao local, mas se depararam com aquela mata cheia de árvores todas muito juntas. Então, tiveram que deixar o carro na estrada e irem a pé até o local da lagoa. Com muito custo, muitos galhos e muitos espinhos, chegaram até as margens. Fizeram uma limpa em um ponto onde de fato puderam armar a barraca e fazer o fogo para pernoitarem ali. Ao acender as chamas, como de relance, um vulto passa por ela. Caio assustado deu um salto para trás, mas percebera que era apenas fruto da sua imaginação. Thiago havia adentrado a mata para buscar lenhas para o fogo.
De repente, Caio ouviu um grito muito forte de seu amigo na mata e percebera que algo não estava certo. De fato não estava. Correu até o encontro dele, mas já não o viu mais. Seguiu os rastros que fora deixado, como se alguém o tivesse arrastado por entre as folhas secas da mata. Fora adentrando cada vez mais para o meio e se afastando do acampamento. Ele estava muito assustado, mas não podia deixar de saber o que acontecera com Thiago. Então, começou a ouvir novamente os gritos de socorro dele. Sabia que estava próximo. Foi com mais cautela. Abriu os galhos que os separavam e para sua surpresa avistou um cemitério. Um cemitério daqueles que somente tinha uma cruz de madeira para demarcar cada corpo enterrado. Um cemitério? Ali? Quando caio caiu em si, percebeu que Thiago estava sendo arrastado por uma mulher vestida de branco, com os cabelos emaranhados, para aquele cemitério abandonado no meio do nada. Ele já estava desacordado e fora deixado caído ao lado das cruzes, quando então ela voltou para a mata.
Caio se encorajou e correu até Thiago no intuito de reanimá-lo e saírem correndo daquele lugar assustador. Quando chegou até o corpo de Thiago ali desmaiado, percebera que aquele cemitério era um cemitério somente de crianças. Havia nas cruzes as datas de nascimento e morte de cada uma delas. Eram datas com mais de cinquenta décadas, todas pintadas com tintas e a mão. Thiago acordou meio desacreditando no que estava acontecendo, levantou-se cambaleado e naquele mesmo instante a mulher vestida de branco retornara ao local que o deixou. Os amigos muito assustados saíram correndo dali muito depressa, pegaram suas coisas e correram cambaleando até o carro estacionado na beirada da estrada. Ligaram o motor e não tinham sequer coragem de olhar para trás. Porém, olhar para trás não era preciso. A mulher vestida de branco pulou a frente do carro fazendo-os se perderem da direção acabando capotando o carro.
Acordaram no hospital. Não sabiam ao certo como haviam chegado até lá. Um lenhador passou por aquela estrada e viu o carro tombado e os levaram as pressas para o socorro. Todos queriam saber o que havia acontecido. Mas, infelizmente nenhum dos dois se lembrava do que acontecera naquela mata fechada. Alguns falavam que eles tinham bebido demais, outros que estavam em alta velocidade. Mas, uma mulher desconhecida que estava naquele hospital, vestida de branco, com os cabelos emaranhados, disse-lhes que o que eles viram e o que aconteceu com eles, sempre acontecerá com qualquer pessoa que adentrar a mata não importando o dia, o mês, o ano ou a época. Foi então que perceberam que as histórias vividas no Caixão, passarão de geração a geração e serão contadas de filho para filho. Sempre com uma nova versão.