Dia dos namorados sangrento

Julia Reis e Tomaz Lainha estavam ansiosos para chegar o dia 12 de junho: o dia dos namorados. Era a primeira vez que ambos comemorariam a data festiva namorando. Julia tinha 17 anos e Tomaz 18. Evangélicos, só admitiam o sexo após o casamento e não tinham nenhum problema com isso, apesar de escutarem piadinhas dos amigos, sobre suas virgindades, quase o tempo todo. Era véspera do dia dos namorados, quando Julia Reis foi ao Shopping Rio Sul, em Botafogo, escolher o presente de Tomaz. Ela não foi sozinha. Foi com Renata e Viviane, suas melhores amigas e colegas da faculdade de medicina da Uerj. Ambas eram lindas e só não estavam namorando que nem Julia, por priorizarem os estudos, mas se alegravam de verdade com o namoro da amiga. O Shopping estava cheio. Um mar de clientes passeava nas diversas lojas como formigas num imenso formigueiro. Julia queria comprar sapatos ou roupas para Tomaz, mas influenciada pelas amigas, decidiu comprar um celular. O modelo que escolheu não era caro, nem barato e cabia dentro de seu orçamento: leia-se mesada que ela recebia dos pais. Após pagar a compra com o cartão de débito, Julia se assustou com um barulho vindo de fora da loja. Foi um tiro. O Shopping estava sendo assaltado. Pessoas corriam de um lado para outro buscando um local para se protegerem. Uma rajada de tiros, possivelmente disparada por uma metralhadora, aterrorizou ainda mais os clientes do local. Viviane e Renata choravam compulsivamente. Julia não. Ela orava. Pedia a Deus que tudo acabasse bem. Mas Deus estava de folga naquele dia. A estudante de 17 anos é atingida por um tiro de fuzil no abdome. Antes de morrer, ela diz a seguinte frase às amigas: “entreguem o presente para o Tomaz e digam a ele que eu o amo e sempre o amarei.” Julia Reis foi enterrada no dia seguinte, no dia em que ela comemoraria o primeiro ano de namoro com Tomaz. Um dia dos namorados sangrento...

FIM