Aventureiro, já contava vinte e seis e rodado meio mundo. 
Fez uma série de pequenos trabalhos, juntando dinheiro para comprar uma passagem para qualquer país e tirar um passaporte. Isto durante o ensino médio. Suas notas eram boas, aprendia tudo muito facilmente. Terminou a referida etapa dos estudos, logo em seguida, completou dezoito anos e, ao ajeitar a documentação necessária, pegou um avião rumo aos Estados Unidos da América, mais precisamente para Atlantic City ,New Jersey, porque já tinha uma promessa de trabalho como crupiê ( empregado que, nas casas de jogo, dirige a mesa, principalmente de roleta, recolhendo as apostas e pagando os ganhos) temporário no Cassino Taj Mahal de Donald Trump, ganhando quatrocentos dólares semanais. 

Foram alguns meses que pareciam ser anos, tamanha a carga de experiência num outro país, com cultura, hábitos, língua diferente da sua e muita gente metida a esperta, viciada em jogos, turistas apenas se divertindo, enfim, tudo o que a noite proporciona, e para um garoto novo, era aceitar tudo o que aparecia de bom e de ruim. 

Em seus planos, não estavam acumular bens, apenas pôr uma mochila nas costas e varar o país de ponta a ponta, a pé, de carona, de ônibus. 
Como um rapaz bonito, do tipo manequim de passarela e muito bem articulado, não tinha tempo ruim, era muito bem aceito nos lugares e encarava pratos, louças em restaurantes, bares, atuava como garçom, recebendo gorjetas, ou em troca de abrigo, dormia até no chão dos estabelecimentos, algumas vezes. 
Fez até um pé de meia e resolveu conhecer Las Vegas, conseguiu um Green Card e ,mais uma vez, trabalhou em diversos Cassinos de Luxo por lá, de vez em quando esticava até o Grand Canyon para relaxar. Até que um dia, resolveu arriscar mais da metade das economias, algumas até obtidas com apostas, na roleta e perdeu. 
Como já estava há bastante tempo na América, resolveu comprar uma passagem de volta para o Brasil.
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Andou, então por bairros boêmios, morando em quartos para economizar e não aconteceram coisas muito boas na noite do Rio de Janeiro, por fim, seu dinheiro acabou e não tinha mais para pagar moradias. 
Chegou a dormir uma noite num banco de praça, felizmente um amigo o encontrou e disse:
- Amigo, estou numa situação difícil também, não pior do que a sua. Olha, conheço um casarão abandonado há anos em Niterói, ninguém foi reclamar e ninguém o invadiu porque dizem que é assombrado. Encontrei um místico que disse que o antigo sobrado está sendo muito bem guardado, e que os espíritos estão esperando pelo verdadeiro herdeiro. Só ele conseguirá entrar no casarão e será muito bem recepcionado.

O místico disse que um dia abriu os portões de ferro, e já sentiu um mal-estar. As plantas se mexiam nos jardins,

podia ver pequenos vultos correndo, conseguiu entrar no salão e pode ver o interior intacto, com todos os móveis suntuosos,
um relógio coluna com mais de três metros de altura,

tudo conservado e brilhando, mas foi expulso com socos na cabeça e pontapés, vassouradas, por entidades invisíveis.

Saiu correndo em disparada. Tente entrar na casa, quem sabe você não vê nem sente nada!? Eu vou levá-lo até lá! Vamos agora? Ou tem medo?

- Vamos!
Em Uma hora, entre ônibus e barca, estavam lá.

- Bem, é aqui. Olha que lindo! boa sorte! Não vou ficar aqui esperando não, amigo!
-Muito obrigado pela dica! Se der certo, convido você para tomar um café.
E abraçou o amigo.
Foi entrando como se tudo fosse seu! E ficou deslumbrado pelo alto luxo e limpeza do ambiente.

Aí pensou alto:
- Será que estou invadindo propriedade privada?

E uma voz ecoou: 
-Não, primo, você é o último e único herdeiro dos Abudharam de Carvalho.

Estávamos esperando por você! Agora, podemos descansar em paz! No sótão, há um tesouro que você pode vender para resgatar sua herança. Nossos documentos estão na gaveta da escrivaninha para comprovar parentesco. Só temos uma condição: não se desfaça dos móveis!
Muito Obrigada Pela leitura!
LYGIA VICTORIA
Enviado por LYGIA VICTORIA em 13/08/2018
Reeditado em 14/08/2018
Código do texto: T6418156
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