NA MIRA DOS SEUS OLHOS

 
 
Wagner desligou o motor, estava nervoso e apreensivo, acompanhava a garçonete levar o recado até o homem que almoçava na lanchonete. Douglas devorava meio hambúrguer de carne quando Tamires o entregou o bilhete. — Por favor, não saia ou vai morrer. — Dizia um pedaço de papel amassado.
Douglas se levantou assustado ainda mastigando parte do hambúrguer e olhando para todas as direções pela janela. Ele correu até a garçonete, mas ela se recusou a dizer quem lhe entregara o bilhete. Ele então saiu para fora e neste exato minuto um carro dobrou a esquina, entrou na calçada e esmagou-o contra a parede.
— Droga, eu disse para não sair. ­— Disse Wagner esmurrando o painel do carro.
Ele sabia que logo aconteceria de novo, outra visão, pior que a anterior.
— Não, não, não... para com isso... — Gritou ele, apertando os ouvidos e fechando os olhos o mais forte que podia.
Contudo, já era tarde. Imagens foram se construindo na sua mente como um quebra cabeça, e entre diversos nuances desordenados uma imagem formou-se passando rapidamente por seus olhos como um daqueles filmes antigos.
Havia um menino parado próximo a um ponto de ônibus, procurando alguma coisa dentro de sua bolsa vermelha, quando uma carrocinha cheia de cães raivosos tombou em alta velocidade deixando os cães saírem, três Rottweilers cercaram o garoto, em seguida pularam em cima dele e começaram a comer...
Wagner ficou imóvel, suas não conseguiam parar de tremer e antes de voltar a si, notou uma lagrima escorrendo por seu rosto.
Ele conhecia a avenida aonde o menino estava.
— Alo. Mande uma ambulância agora para a Avenida Brasil.
— Desculpe senhor, o que está acontecendo.
— Não tenho tempo, apenas mande uma ambulância, tem um menino sendo atacado por três Rottweilers.
Wagner fez seu Ford EcoSport 2013 parecer um carro de corrida aos setenta quilômetros por hora, numa via onde o máximo é trinta. Quando chegou no local, o menino começara a abrir a bolsa. Seu carro morrera a quase cem metros dele, e ainda por cima não conseguiu sair, pois a porta havia emperrado. Ele viu a carrocinha vindo, então quebrou o vidro do carro e pulou a janela, entretanto uma ambulância ultrapassou a carrocinha, fazendo o motorista perder o controle e derrapar.
— Ei garoto, sai daí agora.
— Garoto corre!
Os cães se soltaram...
Ele correu, e ainda que estivesse tão perto a ponto de quase poder puxa-lo, acabou pisando em cima de azulejo quebrado que penetrou no seu pé, fazendo-o cair.
Havia sangue..., e uma senhora no ponto de ônibus gritou, num tom de puro horror.
 
 
Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 10/08/2018
Reeditado em 11/08/2018
Código do texto: T6415405
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