A ascensão dos enterrados
Madrugada do dia 31 de outubro de 1950, dia das bruxas. O frio é um convite para se manter dormindo, mas alguns querem despertar de seu sono, um sono profundo de longos anos. A cidade de Pennyfield ainda está com as ruas desertas, mas no cemitério local há agitação. Barulhos e gritos são ouvidos em Sleep Forever, o único cemitério de Pennyfield. O coveiro acorda e vai ver o que está acontecendo. Assombrado, vê os mortos saindo de seus túmulos e andando como se vivos fossem. Esqueletos enegrecidos pelo tempo caminham na Terra, após longos anos de inanição. Peter, o coveiro, liga para a polícia.
― Alô, sargento Parker Nills, falando. O que deseja?
― Mandem alguém para o cemitério. Os mortos estão ressuscitando. Socorroooo…
― Alô? Alô? O sargento Parker pensa tratar-se de um trote e desliga o telefone. ― Mortos ressuscitando? Na certa, deve estar bêbado. Riu o sargento da polícia de Pennyfield.
O dia estava amanhecendo e as ruas estavam sendo tomadas por zumbis. Os mortos-vivos iam destruindo tudo que viam pela frente. Casas eram invadidas e seus moradores serviam de alimento para o apetite voraz dos antes enterrados. Não queriam miolos, nem sangue: eles queriam… tripas! Dilaceravam os abdomes dos vivos até chegar aos tão cobiçados intestinos. Alguns moradores tentam reagir à ascensão dos enterrados incendiando-os ou baleando-os com armas de fogo. Mas é inútil. Nada consegue detê-los. Num círculo vicioso, os vivos viram mortos e, após sua transformação em mortos-vivos, seguem seu macabro caminho até a próxima cidade. Um homem, entretanto, consegue fugir. Este sobrevivente é o sargento Parker Nills.
Em sua solitária viatura, o policial tenta avisar, pelo rádio, as autoridades das cidades próximas sobre o que está acontecendo em Pennyfield, mas o rádio não funciona. Nem o rádio, nem os telefones, nada que seja elétrico funciona provavelmente por causa do imenso cometa que cruzou a Terra durante a madrugada cortando todas as formas de comunicação eletromagnéticas. Cidade após cidade, ninguém acredita no relato do sargento sobre a volta à vida dos mortos. Entretanto, a zombaria e o escárnio dos policiais e das autoridades das cidades vizinhas dão lugar a lágrimas e à morte quando eles se dão conta que a história do sargento de polícia, Parker Nills, é real e não fruto de um surto psicótico. No momento em que finalmente acreditam no sargento Parker, nada mais pode ser feito pela nação norte-americana. Os Estados Unidos, outrora o país que liderava a economia do mundo, transformaram-se num imenso território zumbi e os mortos-vivos estão mais vivos do que nunca à procura de mais tripas frescas para se alimentar…
FIM