A entrega
Juliano Lenz parecia ir do nada para lugar nenhum. Estava dirigindo seu caminhão há 18 horas sem avistar sequer um ser vivo. O que lhe movia era o dinheiro que receberia após fazer a entrega da misteriosa caixa de aço, em formato de cubo, que cabia na palma de sua mão. Apesar de o contratante ter dito expressamente para não abrir a caixa em nenhuma circunstância, Juliano, movido por uma imensa curiosidade, sacudiu a caixa tentando adivinhar seu conteúdo. Pelo barulho, parecia que havia pó dentro dela, como o pó de uma ampulheta. “Será que é cocaína?” pensou o caminhoneiro. Não importava. Por 2.000 dólares, Juliano transportaria até um caixão com um defunto dentro. Sem pestanejar. Ainda faltavam 4 horas para chegar a seu destino: a cidade de Bucareste, capital da Romênia. Lá, estaria esperando-o o destinatário do pacote e a grana. A noite chegou acompanhada de uma forte e inesperada tempestade. Raios e trovões assustavam o caminhoneiro, mas seu medo maior era dos uivos de uma alcateia que começara a acompanhar seu caminhão desde o crepúsculo do sol. Juliano Lenz não estava com sono. Tomara um estimulante para ficar bem acordado. A entrega tinha que ser feita antes do amanhecer, caso contrário, Juliano não receberia o dinheiro. O caminhoneiro não ia dar chance para o azar. Atrasar? Sem chance. Precisava do dinheiro para se casar com Ilana, sua noiva, que estava grávida de seu primeiro filho. Faltando menos de uma hora para chegar ao destino a tempestade piorou e os uivos dos lobos pareciam cada vez mais perto, uma proximidade que incomodava Juliano Lenz, que tinha medo até de cachorro, fará de lobos.
Eram quatro horas da manhã quando Juliano Lenz chegou, finalmente, ao destino. Um homem alto como um poste, extremamente magro e com um olhar sinistro o aguardava. O caminhoneiro sentiu um arrepio por todo o corpo quando o estranho de terno preto o tocou. A mão do sombrio homem era tão gélida quanto a de um cadáver.
― Trouxe a minha esposa? Quero dizer, trouxe a caixa? ― perguntou o misterioso homem mordendo os lábios pelo ato falho.
― Está dentro do caminhão. Vou pegá-la. ― Disse Juliano morrendo de vontade de sair dali.
― Ande logo. Meu tempo é precioso. ― Disse o soturno homem com um esgar de raiva.
Juliano Lenz entregou a caixa metálica ao homem, mas não recebeu o dinheiro conforme o combinado. Foi “convidado” a acompanhar o senhor Alucard até seu castelo, nos Montes Cárpatos. A noiva de Juliano Lenz, seus parentes e amigos nunca mais o viram com vida. A polícia romena arquivou o caso depois de várias buscas infrutíferas pelo jovem Juliano Lenz.
FIM