Sombras misteriosas

Isabelle estava conseguindo trabalhar parte dos seus dias livres como fotógrafa para escapar do seu outro trabalho de administradora que era cansativo e isolado. Certo dia recebeu um convite para realizar um ensaio fotográfico para o aniversário de uma garota de 15 anos, Sofia, uma conhecida de uma amiga sua. Trocaram algumas mensagens para saber como seria o roteiro de tudo. Chegando a casa, foi recebida pela mãe da menina que a convida para entrar, e viu um grande quadro na parede que assustou a fotógrafa. Parecia que numa foto da menina, havia uma sombra no fundo que lembrava uma pessoa. Como Isabelle entendia de fotos, sabia que aquilo não se tratava de um simples defeito de impressão ou problema com luminosidade, a não ser que fosse uma montagem de photoshop.

Mal sabia o real significado desse quadro, pois guardava um imenso significado pessoal na vida da família, onde inconscientemente a garota também tem uma estranha sensação quando o observa. Viu outras fotos em um álbum de fotos e em algumas delas aparecia à mesma coisa: uma sombra de alguém, que chamava a sua atenção, não sabia se era algum defeito da câmera ou impressora, para sair sombras em algumas fotos. O pior é que não era um simples garrancho, e tinha o formato de uma pessoa. Não agüentou e comentou:

-Gostei das fotos, mas reparei que nesse quadro saiu algo muito estranho, o que também acontece com essa mesma foto. Parece uma sombra estranha.

-Também reparei isso assim que tirei as fotos. Por incrível que pareça, ela aparece e não é só com as fotos dela. Em algumas fotos que são tiradas em casa isso já aconteceu. Me dá medo em pensar, mas ainda não sei se é familiar ou alguma entidade da casa. Hoje pouco ligo para isso.

-Você nunca procurou ajuda de alguém para analisar isso?- indagou Isabelle

-Na verdade assim que eu tirei aquela foto daquele quadro eu procurei ajuda de um padre da igreja. Ele benzeu todos e as fotos. Falou que se eu mantiver minha consciência longe daquilo e com algumas orações, logo ficaríamos em paz. Mas raramente sentia algo estranho. – Explicou a mãe.

-Bom, então vou arrumar sua filha para tirar as fotos prévias para o aniversário de 15 anos.

A casa era grande, com 2 andares. Mas sentia algo estranho ao estar ali. Uma sensação de ansiedade e arrepios em membros do corpo. Diversas fotos foram tiradas naquele fim de tarde, tanto dentro e fora da casa. Numa parte do jardim tinha uma cerca, onde foi alertada por Sofia para ficar longe dali, tampouco tirar fotos naquela região, pois era um lugar sagrado dos seus parentes distantes. Aquela sua atual casa já pertenceu a diversos familiares passados. Deu a entender que na verdade se tratava de um lugar com pessoas enterradas. Só ao pensar naquilo dava arrepios.

Isabelle voltava apressada para casa, e comentou com sua amiga sobre sua tarde, através de mensagens no celular.

-Dizem que as outras pessoas que moravam naquela casa eram bem misteriosas e ouvia ruídos estranhos a noite. Pouco se sabia deles, e não falo de fofoca. Parecia que algo sinistro acontecia ali. Dizem que matavam pequenos animais pra fazer algum sacrifício. – confessou a vizinha.

-Sério? Eu vi uma cerca que formava um quadrado no jardim. Sofia me disse que era algo sagrado. Nem queria tirar fotos por ali.

-Então o que falavam era realmente verdade. Se eu fosse você me livrava logo disso e nunca mais aparecia lá. Depois dessas sombras suspeitas, vai que lá tem alguma entidade e te persegue...

-Notei que uma misteriosa sombra apareceu em três fotos da família. Uma estava num quadro grande, outra no meio das que Sofia me mostrou, outra num pequeno retrato da sala. A mãe não parece se importar tanto com aquilo, achei estranho. – comentou Isabelle pensativa.

-Vai ver que ela deve saber do que se trata essa sombra. Pelo que você falou, o negócio é mesmo sério. Tenha cuidado Isabelle.

Isabelle entrou em sua casa, cumprimentou o marido e o cachorro. Foi logo editar as fotos para mandar para Sofia pelo e-mail mesmo. Encontrou mais uma vez duas fotos com uma misteriosa sombra que parecia ser de uma pessoa. Sentiu uma pitada de medo naquela sombra misteriosa. Como aquilo pode ser possível? Nunca havia visto aquilo em sua vida. É assustador, mas preferiu não se meter. Prometeu a si mesma não aparecer lá novamente depois do aniversário da menina. Excluiu as fotografias ruins e enviou todas que ficaram boas, inclusive a da sombra. Resolveu puxar um assunto falando da misteriosa sombra que aparece nas fotos. Sofia e a mãe pareceram ficar com medo, por incrível que pareça.

Dia seguinte foi para lá. Seria o tão esperado aniversário de 15 anos de Sofia, onde chamaria os colegas da escola. Estava tudo arrumado, em tons de rosa, laranja e roxo. Isabelle ficava surpresa, pois a casa estava cheia de gente. Tirava fotos em todo canto, e notou que havia gente até na área misteriosa. De repente, ouviu um grande barulho vindo de cima, parecia ser de algum quarto, alguma coisa pesada caindo, chamando a atenção de alguns, a maioria aparentemente não ouviu, pois só estavam dançando, brincando ou comendo. Duas pessoas foram para cima, subindo as escadas para saber o que foi, possivelmente seriam crianças brincando. Não passou muito tempo e as duas mulheres que subiram, desceram assustadas chamando a mãe de Sofia. Misteriosamente, o quarto de Sofia estava todo revirado, e ninguém provavelmente estava lá naquele momento. A mãe não sabia o que fazer, estava em choque.

-Você quer que eu ajude em algo? Será que alguém daqui fez isso? – perguntou Isabelle assustada. E não estava acreditando que o quarto ficou todo revirado do nada. Com certeza, alguém deve ter feito aquilo.

-Só pode ter sido. Se não, fico a desconfiar de uma coisa... Minha família tem um passado terrível e isso me persegue até hoje. – disse a mãe

-O que aconteceu? Tem ligação com as sombras que saem em suas fotos?

-Sim. Aquela sombra talvez fosse o meu avô. Ele matou suas irmãs um dia, por vingança. Parece estranho falar assim, mas é a verdade. Ele as enterrou naquele quintal. – disse a mãe.

-Nossa... - Isabelle ficou pensativa. Em seguida, outro grande barulho surgiu e misteriosamente a garrafa de refrigerante caiu da borda da mesa e derramou tudo. As pessoas começaram a ficar assustadas, com os pais chamando os filhos para ir embora. Isabelle também ia indo com medo. Lembrou-se do que prometera a ela mesma, de nunca mais aparecer ali depois da festa, além da conversa que teve com sua amiga.

-Acho que os fantasmas não gostam de festas. – disse Sofia triste e assustada por tudo acabar dessa maneira.

- Talvez o que todos deviam fazer é sair dessa casa. Você precisa se mudar daqui. – falou Isabelle, segurando em Sofia. A mãe parecia estar fazendo as malas apressadamente, pegando rapidamente algumas roupas aleatórias para ir à casa da irmã, pois estava em choque depois daquele acontecimento. Parecia que algo sombrio estava dominando a casa e queria que todos sofressem com isso. Talvez o ideal fosse destruir tudo ali, e quem sabe queimar o corpo de todos que estivessem enterrados no jardim. Independente do que fosse, iria sair de lá.

Os vizinhos observavam tudo assustados. Se vendessem aquela casa só alguém de fora compraria, pois já ganhara fama de ser mal assombrada pelos vizinhos. Todos concordaram com a idéia de queimar os restos mortais que ficavam ali enterrados. Depois daquela festa, a tal entidade deve ter enfurecido de vez. Até que a mãe de Sofia viu um papel estranho caído no quarto da sua filha:

‘’Se por acaso inventarem de criar mais alguma festa, as conseqüências serão piores.’’

A mãe ficou sem entender e não quis fazer perguntas para si própria. Estava pensando em se mudar para outro estado e queria estar bem longe de tudo aquilo. Tacaram fogo no jardim enquanto a casa estava a venda. Até mesmo os vizinhos começaram a ter medo dali. Isabelle ainda se sentia assustada, por ter visto algumas sombras em 5 fotos. Era tudo muito estranho. Enviou para Sofia e apagou tudo de seu computador. De vez em quando conversava com ela pelo celular.

Quatro anos depois, a casa foi vendida por uma família com jovens rebeldes. As pessoas pouco se lembravam do que aconteceu, mas ainda viam a casa como mal assombrada. De repente, numa noite, Isabelle acordou com uma notícia de várias pessoas correndo pela rua daquela antiga casa assustadas: soube que a tal casa havia pegado fogo num meio de uma festa. Lembrou-se imediatamente do que ocorrera no passado e que inclusive estava lá.

Sorte que ninguém morreu, tiveram 7 feridos, e dias depois se mudaram dali quando os vizinhos falaram do passado daquela casa. Para encerrar tudo, resolveram queimar a região e depois apenas vender o terreno, ou o melhor seria não deixar nada ali. Chamaram um padre e fizeram orações naquele lugar, que com o tempo foi se tornando apenas uma pequena floresta, mas nem mesmo naquela época a mãe queria investigar de fundo do que realmente se tratava por sua segurança e para evitar sustos, então a verdadeira verdade é um mistério para aqueles que moram ou moraram por ali. A única coisa que se sabe é que supostamente teria uma ligação com o crime de assassinato que aconteceu no passado. Mas que apenas fique no passado e seja esquecido.

Amanda Passos
Enviado por Amanda Passos em 05/07/2018
Reeditado em 26/02/2023
Código do texto: T6382570
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