A CARNE DOS ANJOS
Eu, como ( conjunção, não verbo) escritor, tive medo de escrever esta história por muitos anos. Por mexer com energias que desconheço em parte, por poder ser tachado de herege, por medo de toda e qualquer espécie de agressão.
Isto aconteceu durante o período da Segunda Guerra Mundial, em alguns países da Europa, mais precisamente. Com a escassez de alimentos, fome era tanta que alguns, sorrateiramente se atreviam a levar cadáveres para suas casas e cozinhar suas carnes. Neste momento, não havia mais o senso religioso, o senso ético, pois muitas convicções, diante da realidade, já não tinham mais razão de ser.
Certo dia, um homem saiu de sua aldeia cinzenta, atravessou o bosque coberto de neve e conseguiu levar para casa um outro homem que estava entre a vida e a morte, mas que impressionava pela beleza física, no intuito de esperar seu passamento para pô-lo no caldeirão do guizado que iria sustentar sua mulher, seus doze filhos e mais alguns parentes e amigos.
Ao despi-lo, surpreendeu-se com um belo par de asas brancas, enormes, surgindo de suas costas. Este anjo ferido proferiu suas últimas palavras naquele corpo: " Não tenha receio de me usar para alimentar sua família, afinal, eu vim mesmo com esta missão. Minha carne irá alimentar os seus corpos e espíritos, de forma que gradativamente todos vocês sejam tomados pela divindade e todos os que tocarem em vocês e se aproximarem, serão iluminados e disseminarão luz pela face da Terra. Não tenham medo! Aparecerão outros anjos com este intuito até o final desta guerra. E não se preocupem pois nosso corpo morre, mas novamente, nosso espírito é capaz de fabricar outro corpo. Nunca, jamais comercializem a nossa carne, mas podem distribuir entre os necessitados, porém sem revelar a eles a verdade! No final da guerra, todos vocês serão recompensados com a prosperidade e felicidade!"
Sou um judeu que conseguiu escapar da guerra e do nazismo, no porão de um navio, para o Brasil. Mas antes, ao me despedir do meu amigo e de sua família na aldeia, ao entrar em sua casa, pude ver horrorizado vários pares de asas brancas, manchados de sangue vivo. E tomei conhecimento da história através do amigo.
Até hoje, fico intrigado se aquilo tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto do meu amigo só para me assustar, ou se foi delírio de guerra. Disse ele que todos aqueles anjos eram Serafins e me deu de presente uma pena que guardo até hoje comigo e que, bem ou mal, deu-me sorte.
MUITO OBRIGADA POR SUA LEITURA!
Eu, como ( conjunção, não verbo) escritor, tive medo de escrever esta história por muitos anos. Por mexer com energias que desconheço em parte, por poder ser tachado de herege, por medo de toda e qualquer espécie de agressão.
Isto aconteceu durante o período da Segunda Guerra Mundial, em alguns países da Europa, mais precisamente. Com a escassez de alimentos, fome era tanta que alguns, sorrateiramente se atreviam a levar cadáveres para suas casas e cozinhar suas carnes. Neste momento, não havia mais o senso religioso, o senso ético, pois muitas convicções, diante da realidade, já não tinham mais razão de ser.
Certo dia, um homem saiu de sua aldeia cinzenta, atravessou o bosque coberto de neve e conseguiu levar para casa um outro homem que estava entre a vida e a morte, mas que impressionava pela beleza física, no intuito de esperar seu passamento para pô-lo no caldeirão do guizado que iria sustentar sua mulher, seus doze filhos e mais alguns parentes e amigos.
Ao despi-lo, surpreendeu-se com um belo par de asas brancas, enormes, surgindo de suas costas. Este anjo ferido proferiu suas últimas palavras naquele corpo: " Não tenha receio de me usar para alimentar sua família, afinal, eu vim mesmo com esta missão. Minha carne irá alimentar os seus corpos e espíritos, de forma que gradativamente todos vocês sejam tomados pela divindade e todos os que tocarem em vocês e se aproximarem, serão iluminados e disseminarão luz pela face da Terra. Não tenham medo! Aparecerão outros anjos com este intuito até o final desta guerra. E não se preocupem pois nosso corpo morre, mas novamente, nosso espírito é capaz de fabricar outro corpo. Nunca, jamais comercializem a nossa carne, mas podem distribuir entre os necessitados, porém sem revelar a eles a verdade! No final da guerra, todos vocês serão recompensados com a prosperidade e felicidade!"
Sou um judeu que conseguiu escapar da guerra e do nazismo, no porão de um navio, para o Brasil. Mas antes, ao me despedir do meu amigo e de sua família na aldeia, ao entrar em sua casa, pude ver horrorizado vários pares de asas brancas, manchados de sangue vivo. E tomei conhecimento da história através do amigo.
Até hoje, fico intrigado se aquilo tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto do meu amigo só para me assustar, ou se foi delírio de guerra. Disse ele que todos aqueles anjos eram Serafins e me deu de presente uma pena que guardo até hoje comigo e que, bem ou mal, deu-me sorte.
MUITO OBRIGADA POR SUA LEITURA!