Perigo é tudo que separa
A dor e o sorriso
Porta do inferno
Luz do paraíso
Quando te procuro não encontro mais
Aí a minha natureza não aguenta mais.
Jardim dos Animais (Paraíso)
- Fagner
Dentro do casebre sertanejo a família jantava, ou pelo menos tentava. Sobre a surrada mesa três pratos de alumínio amassado tinham apenas caldo de feijão e poucas batatas cozidas diante do olhar abatido do pai e do jovem filho.
- Oia não é muito, mais tenho certeza que já chove e a gente vai consegui colher alguma coisinha.. – a mãe sorriu, os dois nada disseram.
- Tem tempo que não cai chuva pêraqui. Mas isso que dizê qui o próximo inverno vai ser melhor. Temo qui te fé. – insistiu.
- Fé não vai encher o bucho da gente mulhé.
- Mais...
- Já tá bom disso, vou pro mato caçar alguma coisa pra nois cumê! – disse o pai, saindo da mesa e pegando o velho rifle na parede de taipa. Seu filho foi logo atrás pegando o lampião.
- Não homi, cão mora lá!.
- Besteira! Já tô cansando disso e não vô morre de fome aqui. – dizendo isso partiu levando o filho para floresta.
Os dois entraram no mato alto e escuro e logo desapareceram. A última coisa que a mulher viu antes de fechar a porta foi uma coisa de forma estranha e asas pontudas voando em círculos acima da floresta negra.
Foi tanto medo que não conseguiu gritar.