Memórias
Esboçava a lápis os trechos de uma noveleta, enquanto meu filho de quatro anos brincava no carpete do escritório. Os pensamentos divagavam por mundos nebulosos, lutando para se alinhar e dar vida às palavras em meu cenário mental, quando ele se aproximou.
— Pai, quem é mais forte? Você ou eu?
A indagação me trouxe à realidade e fitei-o. O pequeno trazia um boneco do Hulk e Superman em cada uma das mãos — a fonte do dilema. Fiquei em silêncio, processando a questão, aquele rostinho espevitado à espera.
— Eu sou fraquinho, não é? — se adiantou, baixando os ombros como que envergonhado.
Fraquinho.
Me veio à mente a cena de um pai se atracando na rua com dois pitbulls para proteger a filha; perdeu parte da mão direita e metade da orelha. Uma mãe pulando do terceiro andar com seu rebento no colo, escapando das chamas que consumiam o apartamento; quebrou as pernas e três costelas, a criança não teve lesões sérias. Uma avó entrando na água para salvar o neto, mesmo sem saber nadar; quase se afogou, mas o salvou.
Heróis da vida real.
Puxei-o para mim, abraçando-o carinhosamente, o coração enchendo-se de alegria.
— Toda a nossa força reside no amor à sua fraqueza, pequeno — foi a única coisa que as lágrimas me permitiram responder.
Esboçava a lápis os trechos de uma noveleta, enquanto meu filho de quatro anos brincava no carpete do escritório. Os pensamentos divagavam por mundos nebulosos, lutando para se alinhar e dar vida às palavras em meu cenário mental, quando ele se aproximou.
— Pai, quem é mais forte? Você ou eu?
A indagação me trouxe à realidade e fitei-o. O pequeno trazia um boneco do Hulk e Superman em cada uma das mãos — a fonte do dilema. Fiquei em silêncio, processando a questão, aquele rostinho espevitado à espera.
— Eu sou fraquinho, não é? — se adiantou, baixando os ombros como que envergonhado.
Fraquinho.
Me veio à mente a cena de um pai se atracando na rua com dois pitbulls para proteger a filha; perdeu parte da mão direita e metade da orelha. Uma mãe pulando do terceiro andar com seu rebento no colo, escapando das chamas que consumiam o apartamento; quebrou as pernas e três costelas, a criança não teve lesões sérias. Uma avó entrando na água para salvar o neto, mesmo sem saber nadar; quase se afogou, mas o salvou.
Heróis da vida real.
Puxei-o para mim, abraçando-o carinhosamente, o coração enchendo-se de alegria.
— Toda a nossa força reside no amor à sua fraqueza, pequeno — foi a única coisa que as lágrimas me permitiram responder.