Jogos Perigosos (Parte V)

Agora formavam um grupo de dez pessoas: Ana, Maurício, Matheus, Sabrina, Júlia, Tatiana, Pedro, Ricardo, Renata e Beth, onde as duas últimas haviam conhecido mais recentemente. Queriam juntar todos para formar um grande grupo e dominar de vez o jogo secretamente, já que lá fora as coisas estariam perigosas e complicadas e no jogo não tão diferente, porém, um tanto injusto e masoquista com os participantes. Se lá fora poderiam passar fome e passar pela guerra e alguns desastres que estavam acontecendo, no jogo precisariam fugir dos perigos com o objetivo que sair dali, vencendo todos os obstáculos.

-Se aqui não tivesse inimigos seria um sonho de lugar. Chamaríamos nossos conhecidos para ficar aqui nesses tempos difíceis - disse Júlia, angustiada com a situação. Não sabia se sairia ou se morreria ali mesmo, já que sua vida fora do jogo estaria pelo avesso, pois perdera seu emprego de gerente de uma loja de roupas e pensava seriamente em uma mudança de profissão.

-Nem me fale. As coisas estão horríveis lá fora, prefiro ficar aqui. Não sei o que aconteceu com os meus pais. - falou Ana.

-Poderia tentar te ajudar a mandar uma mensagem para eles no meu celular. Teria que ser um lugar escondido e agir de forma discreta. – disse Tatiana.

-Tudo bem, assim que encontrarmos um lugar fechado pra descanso, falo com você, obrigada. – disse Ana.

-Vamos destruir todos os inimigos e dominar tudo aqui! - exclamou Matheus.

-Primeiro temos que descobrir o segredo de tudo. Todos os inimigos são robôs. Tem alguma forma de destruí-los, seja tacando fogo, retirando alguma pilha... Aposto que aqueles monstros lá da primeira geração podem ser queimados, assim como zumbis. - disse Ricardo, que sempre parecia observador em relação a tudo.

-Podemos fazer isso agora mesmo. Precisamos nos comunicar baixo ou por papel. Ninguém pode saber disso, não ainda. -disse Beth, acrescentando também que poderiam causar uma explosão no primeiro andar, mas quando apenas os inimigos estivessem lá.

-Excelente idéia. Basta queimar por alguns segundos, e depois lançar pedras de gelo e água ali para cessar o fogo. Precisaríamos da ajuda de todos. - disse Pedro, que ao mesmo tempo pensava nos materiais mais acessíveis ali para fazer o que queria. Como era químico, já facilitava muito.

-Seria interessante criar um simples explosivo. Pegando uma garrafa, álcool, sal com ativação do fogo já daria bons resultados. – continuava Pedro, entusiasmado com a conversa, parecia ter tudo arquitetado em sua mente.

-Peraí, vamos com calma gente. Não vamos fazer burrada à toa. Melhor planejarmos tudo primeiro para uma situação certa. – disse Maurício.

Depois disso, cada um foi pra um caminho, possivelmente a fim de encontrar as chaves e baú para saírem daquela dimensão. Ana, Júlia e Tatiana formaram um trio, e avistaram árvores carregadas de maçãs. Uma delas com o tronco listrado, se lembrando que as frutas ali teriam efeito psicodélico. E por ali mesmo encontraram uma chave dourada pendurada em um dos galhos. A suave neve que caía, agora com o céu todo em cinza dava mostrava que estariam de fato em um lugar ao ar livre, onde o clima da cidade naquela época do ano era exatamente esse. Por pouco tempo se sentiram em paz, como estivessem em um lugar comum e tranquilo.

Em seguida, começaram a sentir um tremor, como se fosse um terremoto. Nenhum lugar ali era totalmente seguro ou cheio de privacidade. Poderiam estar sendo sempre observados, mas ao mesmo tempo todos tentavam evitar que ouvissem as conversas falando mais baixo. Sabrina e Mateus que conversavam naquele momento se assustaram, estavam sentados sob o lago congelado que agora estava cheio de rachaduras. Saíram cautelosamente, com medo de o gelo quebrar e se afundarem. Renata, Maurício e Beth que estavam do mesmo lado, evitaram chegar perto desse gelo por segurança, e tentavam localizar Ricardo e Pedro que aparentemente havia se afastado dos demais. Ambos já teriam planejado um suposto ataque: queriam arrombar e explodir as paredes. Parecia loucura, mas na mente deles, era o melhor a se fazer ali. Pegaram madeira, tira de metal, álcool e sal enquanto os demais estariam realizando suas devidas atividades, dando uma pequena explosão em forma de estalo. O suficiente para danificar parte da construção, criando rachaduras, que seguiam até o piso com neve, contribuindo ainda mais para que as rachaduras se espalhassem. Precisariam de um gás de cozinha ou qualquer coisa elétrica para reagir imediatamente e causar uma explosão maior.

Tatiana e Júlia, apesar de confusas, combinaram de ajudá-los e correram para a lanchonete, buscando por gás de cozinha e se deparou com três robôs ali. Pedro chegou e atirou rapidamente fósforos em chamas na cabeça dos robôs, os desconfigurando e destruindo. Pegaram o gás. De repente todo o cenário dentro da construção começou a apitar, dando alarme vermelho. Ana ainda estava confusa e não sabia o que fazer, foi tudo de repente. Na verdade, só Pedro e Ricardo sabiam o que estavam fazendo. Resolveram seguir o jogo, ajudando os colegas e contribuindo com o plano de emergência.

Correram até o local, enquanto Mateus, Sabrina e Beth se preparavam rápido pra saírem o mais rápido de lá.

-Meu Deus, que loucura! - Falou Sabrina, enquanto via colocarem uns materiais em frente ao portão e próximo da rachadura do antigo lago que aos poucos se engrossava mais. Acenderam alguns fósforos e pularam fora. As chamas aos poucos surgiam, e ficava forte, até ouvir um rápido estalo, que espalhou o fogo. Os três seguiam rapidamente para longe dali, procurando alguma saída. Até que Beth caiu num buraco grande, mas tão grande que era bastante complicado tirar ela de lá. Precisariam encontrar alguma grande corda, até Beth se dar conta de que havia uma passagem misteriosa ali.

Os participantes que ficaram do outro lado, ainda dentro da construção, se preparavam com os alarmes, além dos ruídos de emergência. As paredes haviam se partido e parte dos vidros, quebrados. Surge um robô numa parede com um quadro elétrico, com uma mensagem:

''Houve um pequeno incêndio criado pelos participantes, e parece que um matou alguns robôs. Se quiserem sobreviver terão que lutar arduamente contra os inimigos que estarão em maior quantidade. Caso vocês consigam acabar com eles, poderá conversar com os líderes do jogo, aqueles que os observam todo o tempo. Mas não sonhe em destruí-los, isso é impossível. Precisam apagar o fogo que pode se espalhar e causar danos a vocês mesmos. ''

Em seguida, apareceram pela floresta tigres, além de zumbis e monstros vermelhos vindo de dentro em direção a eles.

-Expandem o fogo!- gritou Pedro, enquanto atirava mais madeira para aumentar o incêndio e queimar os inimigos. Lançavam fogo antes de chegarem à floresta, para não alcançá-los, já que a outra parte já estava em chamas. O fogo foi aumentando de uma forma que os inimigos se queimavam e ficavam preocupados de como iriam escapar dali com a entrada do jogo em chamas.

No outro lado, Mateus encontrou uma corda em sua mochila, amarrou fortemente na árvore junto do buraco, e percebeu que várias onças e zumbis estavam se aproximando. Não havia outra escolha a não ser pular ali. Sabrina o seguiu e fez o mesmo.

-Gente, vocês podem descer! Tem uma entrada aqui! - gritou Beth, que viu uma mensagem do robô que seria uma passagem de sobrevivência. Na verdade, eles não pareciam ser tão ruins assim. Os dois pularam preocupados e entraram pela tal entrada misteriosa, junto com Beth. Temiam o destino do jogo. Na verdade, tinham a impressão que não sabiam mais de nada. Talvez ficar ali não compensasse e as propagandas seriam enganosas. As coisas seguiam num rumo pelo qual ninguém sabia no que ia dar ou se realmente valeria a pena o esforço de arriscar suas vidas por dinheiro, mesmo que na realidade as coisas não sejam perfeitas. Querendo ou não, todos tinham uma vida fora dali. Querendo ou não, todos tinham uma vida fora dali. Sabrina, uma médica que atendia pessoas, Ana, planejava sair do país, Matheus, queria concluir sua faculdade de engenharia, Tatiana, tinha projetos de ampliar o mercado, Maurício, advogado que queria sair do país, Pedro, um químico responsável pela fabricação de medicamentos em laboratório, Ricardo, um advogado conhecido, Renata, atriz e modelo ainda não muito conhecida, Júlia, administradora e gerente de empresas e Beth, advogada que sonhar em ter uma família.

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Amanda Passos
Enviado por Amanda Passos em 17/06/2018
Reeditado em 19/03/2023
Código do texto: T6366715
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