Asas Negras.

Por detrás da velha recapagem de pneus, existia um diabólico segredo. Os entulhos de ferros retorcidos eram a morada de um maníaco. A doença mental o havia sequestrado, e o transformado em um assassino. Ele se ocultava dentro do lixo da velha recapagem, que outrora foi o seu ganha pão, ele havia sido um grande empresário da indústria de pneus automotivos, até o dia em que perdeu a sua esposa e seus filhos em um maldito acidente de carro. Depois daquela noite, a sua empresa se transformou em ruínas, e ele se tornou um monstro desfigurado e perturbado. Não demorou muito para ele começar a matar, adorava estripar os gatos e cachorros que perambulavam pelo bairro. A principio ninguém percebeu, nem mesmo eu, que sou policial militar e responsável pela segurança do bairro. Mas um dia eu tive um estranho pressentimento de que o Mal estava habitando a rua de baixo. Eu comecei a ter medo da rua de trás, mesmo já tendo vivenciado várias situações de perigo e terror absoluto. Nada chegava aos pés do que eu sentia quando eu caminhava pela rua de trás. Por isso comecei a fazer rondas armado envolta da velha recapagem. Até que um dia, por grande sacanagem do destino, eu tive a sorte ou talvez o azar de vislumbrar a estranha criatura, que já não lembrava o Senhor Roberto, que um dia eu conheci. Ele havia passado por alguma terrível metamorfose, eu não sei se era a carne humana que agora ele estava consumindo, junto com a carne dos felinos e caninos da vizinhança. Mas era fato, que agora o seu corpo havia se transformado, dando a ele a aparência de um predador. Positivamente, pela sua nova fisionomia, ele estava chegando ao topo da cadeia alimentar. Eu não hesitei em sacar a minha pistola quando eu percebi, que agora o seu corpo estava repleto de penugem e que havia alguma coisa, como asas negras que estavam nascendo das costas dele. Eu dei três tiros na cabeça daquele maníaco. Se eu não tivesse o matado, com certeza aquele desgraçado, teria se transformado em algum tipo de criatura sobrenatural. Não sei qual tipo de rito obscuro ele usou para começar a se transformar naquela coisa.

Ou qual besta do inferno ele invocou para ganhar aquelas profanas assas. A única coisa que eu sei, e que agora a criatura está morta, com a cabeça toda estourada, queimando junto com as ruínas da velha recapagem. Após matar a besta luciferiana, eu a arrastei para dentro da recapagem e a afoguei em gasolina, depois joguei alguns pedaços de papel com fogo, e saí correndo de lá, tudo lá dentro explodiu. Saí daquelas ruínas com a estranha sensação de que tudo que havia de bom em mim, havia morrido junto com a estranha criatura. Ao chegar em minha casa, senti um desgosto profundo por minha esposa e por meus filhos. Uma sede incontrolável tomou conta de mim. Tentei me refrescar com água. Tentei me embriagar com uma caixinha de cerveja. Quando eu ia abrir uma garrafa de refrigerante, olhei para as veias do pescoço do meu filho mais novo, o Vitor Gabriel de apenas 6 anos. Eu não sei lhes explicar, mas algo dentro da garganta do meu filho pedia para ser libertado. Ele tentou fugir quando eu abrir a sua garganta com uma faca de açougueiro. Imobilizei o seu corpo, e bebi aquele suco avermelhado que saia de seu pescoço. A minha mulher histérica como é, desmaiou ao ver a cena. Os meus outros filhos, uma menina de 16 anos e dois garotos de 14 anos, tentaram fugir aos prantos, quando perceberam que alguma coisa, como asas negras estavam saindo de minhas costas.

Luan Ribeiro
Enviado por Luan Ribeiro em 28/05/2018
Reeditado em 29/05/2018
Código do texto: T6348390
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