O Fantasma de Dylan ou não?

O terror. Acredito que não é para muitos. Não é de se esperar que isso aconteça com as pessoas ou simplesmente com você. Fico me perguntando o porquê elas são atraídas para nós, se é assim que posso chamar, ou melhor, tanto faz como são chamadas ou se somos atraídos, mas porque?

Pode me chamar de Eds é assim que me chamam na universidade e na minha família. Não sou aqueles caras que vivem e dormem acordados na frente de computadores para danificarem ou hacker suas coisas, eu só sou o Eds e procuro entender o que é e porque dá força do mal. Admitir que elas realmente existem é fácil, mas já parou pra pensar o porque? Com certeza sim. Há sim, fico pesquisando várias e várias horas para uma resposta e nada prende minha atenção.

Já busquei ajuda de muitos amigos que entendem dessas bizarras loucuras do sobrenatural, mas não obtive a resposta que eu exatamente queria. Em fim, como já disse vivo perdendo meu tempo em frente do computador na hora vagas do trabalho. Isso já virou uma rotina. Tenho 22 anos, trabalho em um escritório com um patrão chato pra merda, mas ganho minha mesada, porque pra mim por enquanto está bom demais. Há e quase ia me esquecendo, sou do tipo que gravo meus documentários que faço por mim mesmo, de casas e prédios mal assombrados no YouTube.

Não estou aqui para falar de mim e sim do que aconteceu comigo no verão passado em Boston. Nunca me esqueci, mas depois daquilo procurei feito um louco o porquê o mal existe e aí soube que o medo também. Esse cara Eds que sou eu, não ligava muito para esse tipo de bobagens até que. . . Infelizmente eu vi com meu próprio olho e fiquei sem reação, sem fôlego, sem nada, só restou o vazio daquela coisa macabra em mim, naquele dia minha alma saiu e me deixou vago ali pálido até eu me recompor totalmente. Não moro exatamente em Boston, mas em Salen na cidade de Massachusetts naquelas casas com duas pequenas janelinhas em cima, duas em baixo só que mais separado, com a grama quase aparada e uma plaquinha de Bem-Vinda a família que seria a minha.

No verão passado, nunca me esqueci, e acredito em mim mesmo que aquilo foi apenas uma mensagem ou sei lá o que, mas foi surreal e sem sentido para um cara normal. Depois que passei ver aquela figura, me misturei pouco com os amigos da universidade nas sextas feiras quando saíamos de uma aula chata para bebermos e rirmos o resto da noite. Passei ficar mais em casa e no trabalho eu mal conversava com os colegas de trabalho e me achavam estranho. De fato, é a partir daí que sua vida começa a mudar e coisas estranhas te acontecem, todo mundo começa te achar estranho e mal humorado e então você passa de vítima para aquela coisa. E você vai atrás a busca do por que. Pelo menos eu fui, ou ainda estou a procura.

Naquele dia, estava de férias em casa sem fazer merda nenhuma em frente do PC, até que escuto um barulho vindo ao sentido do corredor para um quarto desocupado. Parei o que estava fazendo subitamente e fiquei a escutar se o som pronunciasse de novo e aí eu pensaria se valeria a pena em me preocupar. Mas, logo que esse pensamento surgiu o barulho se tornou a fazer e mais forte com mais frequência. Pensei que era apenas mamãe trocando de novo aqueles lençóis brancos que me dava desprezo, bobagem eu sei, mas parecia com mortos sem alma já velha sem cor pronta pra levantar a qualquer hora e piscar pra você e te devorar por inteiro. Resolvi a chamar e assim falar para trocar de cor os lençóis e ela resmungar que estava louco.

- Dona Emma! Mas de novo? - gritei do quarto e segui o olhar direto para o corredor para escutar aquela voz de repreensão e no mesmo tempo alegre. E nada. Fiquei olhando na direção do corredor procurando a resposta de volta e nada. Levantei-me de devagar e fui andando ao sentido do quarto e vi que a porta estava meio aberta e parei e pronunciei seu nome novamente e como resposta obtive silêncio. Estava ficando mesmo doido. Quando me incentivei para entrar dona Emma aparece carregando lençóis nos braços e me olha com um olhar de desconfiança como se eu tivesse aprontando algo.

- Eds! Não aguento mais você entrando nesse quarto, quantas vezes já te disse que os lençóis não tem nada haver? Vou ter que internar você com medo dos lençóis, já pensou uma coisas dessas! - Fiquei olhando para ela e ela olhando para mim e disse:

- Dona Emma a senhora que está ficando doida! Não entro nesse quarto desde quando Dylan se foi. . . E não tenho motivo para entrar também! - Disse sem pensar e num instante ela já tinha se virado e os lençóis tinham caído no chão. Senti-me como um bosta por ter falado do meu irmão de 7 anos por ter morrido afogado enquanto brincava na beirada da piscina. Não gosto de pensar a respeito e no que poderíamos ter feito para salvar a vida de Dylan, mas nem eu e nem dona Emma temos culpa, mas ela. . . Bem não quer dar ouvidos e se sente culpada desde quando papai também partiu deixando a "sozinha". Olhei para a porta do quarto e a fechei de imediato.

Depois do banho e resolvido que ia tentar conversar com mamãe segui na direção da cozinha onde já sabia o que mamãe estaria fazendo. Parado na porta e se seguindo os olhos para lá e para cá para dona Emma que servia o jantar ela disse cabisbaixa:

- Sabe que não gosto que me chamem de senhora e muito menos. . . - parou um e disse rapidamente -, nem Don pequeno Dylan - e começou a chorar consequentemente. Fiz a sentar na cadeira antiga que combinava perfeitamente com a casa também antiga e peguei em sua mão para acalma-lá. Não sabia o que dizer então apenas massageei sua mão pequena e macia. Olhei para ela e disse:

- Não entrei no quarto - em vez de pedir apenas desculpas - não entro naquele quarto e nunca tive motivos de entrar. O que está acontecendo? - ela olhou com cara de choro e soluçou e apenas balançou a cabeça. Fiquei meditando no que ela disse e por incrível que parece me arrepiei por inteiro. - Dona Emma?

- Eds. . . Desde quando seu pai e o seu irmão partiu deixando nós dois sozinhos as coisas mudaram, você sabe o que estou querendo dizer. . . E por coisas que você sabe que ainda sofro. . . Você é um garoto bom Eds. . . - ela balançou a cabeça de novo e de novo e disse - Coma tudo é lave a louça hoje para mim estou exasta - disse voltando com seu tom alto e alegre que sempre fazia. Tentando disfarçar a sua tristeza e forte como sempre foi.

- Pode deixar dona Emma - e olhando para mim me beijou na testa e se levantou rumo a escuridão do outro cômodo e disse antes de ela sumir de ela sumir de vista e subir as escadas - Me perdoa, não queria magoar a se. . Digo dona Emma. - ela assentiu e saiu resmungando algo.

Olhei para o prato de comida e fui me deliciando com uma costela envolta com bacon, asas de frango delicadamente cozidas com um cheiro maravilhoso, rolinhos de primavera e comecei a uma garfada, duas, três, quatro e na quinta ouço novamente o estranho e tímido barulho. A minha boca aberta e o garfo quase entrando evocou certo arrependimento repentino de ter pronunciado o nome de Dylan, que não soube o por que. Abaixei o garfo como fechei a boca em uma linha só é fingi ignorar o pequeno barulho lá de cima agora mais alto intimamente agoniante como uma cripta sendo arrastada de longe.

Lavei os copos primeiro e avancei para os pratos e depois os talheres. Fechei a torneira respingando a última gota e me virei para a espaçosa cozinha quase velha e nada. Coisa da minha cabeça. Com certeza. Olhei para o relógio pendurado do cuco é eram quase 00h00min. Estou tentando justificar alguma coisa, pensei, mas o que. Peguei um pano seco e enxuguei as mãos, e tentei esquecer o que tinha acontecido até agora. Andei a geladeira e peguei uma garrafa de vinho branco e saboreei esperançoso de nunca mais ouvir aqueles ruídos abafados ou sei lá o que.

Umas mosca pousou na mesa e lá ficou como se não importasse de sair, pousei a taça em cima da mesa e me vi andando em direção da escada e depois passando um, dois, três dos quartos estava eu de pé em frente ao quarto desocupado e abri a maçaneta que fez um ruído estridente e acendi a luz e. . .

PAM. . . Tudo estava normal, a cama sempre arrumada como mamãe deixava com cara de defuntos quase velhos, dois abajures ao lado da cama, uma poltrona mais velha que minha tataravó e um guarda roupa em frente da cama de madeira pintada de um verniz mais escuro. Funguei irritado que era coisa da minha cabeça e assim que ia saindo, escutei de novo aquele inferno de barulho.

Estremeci-me todo, dá cabeça aos pés. Peguei-me novamente tentando justificar algo que não sabia o que era e deixei para lá logo vez, talvez seja um bom conselho para minha alma. O barulho parecia mais tímido agora e mais abafado como se já estivesse cansado o bastante para arrastar a velha e apodecida cripta. Agora procurando para todos lados o indecifrável barulho, me vi olhando em baixo da cama e pensei com os olhos arregalados que qualquer monstro de dentes afiados podia sair dali e me devorar. Se isso acontecer, pensei, acabou. Não havia nada em baixo da cama, só o cheiro de desinfetante que mamãe passava. Levantei-me o barulho veio junto agora mais suave que nunca em cima do guarda roupa. Sinto uma pressão instantanea, suando com o coração disparado no peito. Sim, eu estava realmente suando, conseguia sentir descendo pela testa, pelas axilas, molhando os pelos no peito. Ergui o olhar para cima e vi o monstro, agachado no alto do guarda roupa, me olhando de forma sinistra. Ele era todo preto, seus pelos com traços de sangue com pequenas coisas indefinidas se mexendo nele, sua boca com dentes afiados e sangue cor vinho pingava e caia sobre chão. Havia buracos onde era para estarem os olhos, estava segurando uma coisa que não dava muito para enxergar.

A meu Deus, o que é isso! Não soube o que fazer, meu corpo ficou do jeito que estava meus pés colados ao chão, minha boca na forma de um O e não conseguia gritar, minha voz não saia.

- GRUUUUNCH - gritou o monstro, e seu maxilar rasgou e a metade ficou pendurada pronta para cair e pingar sangue para todos os lados. Ele colocou as duas mãos ou patas para trás, onde não soube distinguir aquilo e foi para a direita do guarda roupa e desceu ali e ficou no canto grunhindo algo lamacento e nojento e prosseguiu. - Vem aqui Eds, vem cá - chamou ele - tenho uma coisa para te mostrar. Não vou te machucar. Venha aqui!

Meu Deus está louco! Só posso estar louco, eu não vou ir aí, não estou nem conseguindo me mexer e nem gritar, imagina ir aí. Se eu gritar mamãe vai pensar que eu enlouqueci de vez.

- Ah, sei que não pode - disse o monstro ainda grunhindo algo gosmento. - Sei que não pode, como também sei que estavai pensando algo ruim, eu que estava em sua mente! - e assim que terminou de falar lançou uma risada alta e tremenda que fez minha cabeça quase explodir. O som foi tão que ecoou pela casa toda e tive certeza que mamãe desta vez ouviu. Mais nada aconteceu dela entrando. - Ah Eds, só você pode ouvir! Não sabe se justificar por si só Eds! Não sabe cuidar da podre mamãe que se sente por perdido o irmãzinho Dylan querido e porque acha que isso aconteceu, hum? Ah, tudo bem, eu te conto. Ele se afogou porque eu quis, seu papai morreu porque eu quis Eds, ah sim, por que eu bem quis Eds! Ah Eds, venha aqui que te tenho um presente. - novamente gargalhou com um som agudo de estourar os tímpanos.

Não vou ir aí seu idiota de merda, e também vou te matar por falar de Dylan e da minha família, vai se ferrar, quem é você para falar assim da minha família!

Assim que eu pensei isso, a coisa parou repentinamente de fazer o barulho que eu escutava e se prolongou um silêncio profundo e mortal. Tomei coragem e comecei a andar devagar para o canto aonde o monstro tinha se escondido e quando fui me aproximando cauteloso lá estava ele de pé, mas não o monstro retorcido que eu tinha visto, mas outra coisa maligna se tornou. Dylan estava ali de pé no canto do guarda roupa, não o Dylan em si, uma figura Dy-Demônio velho com o rosto como uma raiz apodrecida de vários tempos, esquecida ali. Seu rosto era de puro terror, era a forma temível que eu não imaginava ver, era branco como os lençóis da mamãe, era totalmente pálido, seus olhos eram vermelho pretejados, da cor de um sangue preso ou ferimento aberto por muito tempo. A sua boca se abria e fechava e quando se abria novamente filetes de sangue e vermes se saltavam para fora e voltavam para dentro se qualquer carne estragada daquele corpo se infiltrando pelo buraco negros onde formava. Pedaços de lábios mordidos caíram de sua boca, e logo pensei o quanto mamãe ia ficar louca se visse isso.

Paralisado e tendo certeza que iria vomitar logo em seguida o Dy-Demônio disse com voz trêmula:

- Passei para te dar uma boa noite Eds querido, quero te dar um forte abraço! - e sangue jorrou para o chão e ele se engasgou caindo de lado e levantando brevemente. Ofegante, gritei com pavor e caí ao chão tremendo e com as mãos nos olhos. Dona Emma se prostava já na porta perguntando sem parar o que tinha lhe ocorrido. Eu tremia feito um louco, e chorava sem parar. Mamãe me deu um abraço e pediu que saíssemos do quarto e feito isso abraçada junto a ela tremendo como um covarde sem poder fazer nada ao Dylan prostrou a chorar a madrugada inteira sem deixar mamãe dormir.

No café da manhã estava pasmo, era como se eu sobressaíse desse mundo e fosse para outro. Meu ouvido emitia um barulho como ondas sonoras prontas para detectar algum fantasma. De longe e parecia de fato ser bem distante escutava alguém me chamar e conversar ao mesmo tempo comigo e logo fui voltando e percebi que era mamãe com grandes orelhas nos olhos levantando e abaixando as mãos em minha frente.

- Eds! Ah meu Deus do céu, você não está bem! Vai me contar o que aconteceu ou não?! - disse levantando a xícara de café amargo que sempre tomava e voltar a falar. - Eds! Você me assustou, sabia? Não consegui dormir a merda da noite inteira. - deu a volta e foi procurar algo no armário da cozinha.

- Desculpa dona Emma, foi. . . Foi um pesadelo, não foi nada demais. - ela esquentou água no bule e agora me observava com atenção.

- Ok! Entendi, se aquele negócio que te falei sobre alguém ter entrado no quarto te assustou, eu sinto muito. Você sabe. . Eu pensei. . . Ah meu Deus. . . - antes que ela pudesse terminar balbuciei:

- Dona Emma, vamos esquecer isso! Vamos esquecer só esquecer. Ok? Promete? - ela me olhou e assentiu dando um abraço reconfortante, mas apertado e depois disso serviu o café da manhã e foi tomar banho. A partir daí nunca fui igual como era antes e também depois daquele verão nunca fui o mesmo. Eu não era o mesmo, o cara tranquilo chamado Eds. Nunca na minha vida vou esquecer aquilo, se mamãe viu algo do tipo, também não queria compartilhar, só que. . . O que podia significar tudo aquilo? Que tipo de mensagem. . . Ou melhor aquilo não foi mensagem nenhuma, o que foi aquela coisa?

A coisa queria me pegar, e se me pegasse o que poderia ter acontecido, coisas desse tipo vêem em minha mente. Às vezes, bem distraidamente escuto vozes ou barulhos vindos do além, mais do que isso como foi aquele nunca mais. Já fiz vários documentários sobre assombrações; possessões, entre outras, mas sempre dão no mesmo. Fato é que, não saberei responder se aquela coisa era Dylan ou apenas um demônio querendo me assustar, mas o que um demônio queria de mim ou até que ponto o demônio pode fazer. Não saberei responder. O que ele me disse, sobre tudo aquilo alguma coisa deve estar errada e eu vou saber o que é.

Estou a procura de uma boa resposta, uma resposta mais profunda que faça com que eu entenda o porquê disso, porque somos atraídos por essas coisas. O que o demônio quis mostrar. Se eu vou achar a resposta não sei, mas que irei a procura e se por acaso eu ter que enfrentar ele novamente se acontecer alguma coisa ou se possível eu nunca mais voltar fica está história marcada aqui para vocês, para todos que lerem que pelo menos tentei.

Milla Christie Lacerda de Souza
Enviado por Milla Christie Lacerda de Souza em 26/05/2018
Código do texto: T6347529
Classificação de conteúdo: seguro