CHANTAGEANDO O MORTO
Muitos condenam o outro porque recorre a "recursos" espirituais para conseguir alguma graça, vamos denominar assim.

Uns se reportam a anjos, outros a santos, fazem promessas, até os prendem (as imagens), põem de cabeça para baixo, até terem os seus desejos realizados, seus pedidos aceitos.
Outros fazem despachos, uns, orações. Outros vendem a alma ao diabo. Enfim, cada um procura o que mais for confortável e adequado a si. Normalmente estas "chantagens" ao astral surtem efeitos.

Não se sabe se é pela energia da crença, pois, segundo consta, o homem não tem ideia do poder da sua mente, ou se realmente tais entidades têm poder. Sou adepto ao pensar de que o que se considera impossível, pode acontecer, milagres, se esta for a senda e já estiver programada.

Cada indivíduo veio com um fim pré-determinado. Outros são agnósticos, não creem em Deus e nas religiões e todos estes "se acham muitas coisas". Não creem no poder de um Deus, que, para mim, é a força criadora, a que equilibra o universo, a que sim, nos dá um destino imutável. Não acreditam, por pensar que Deus devesse interferir em tudo, principalmente nos atos de maldade e covardia. Interferir num caso de doença grave, de morte prematura.

Magia, oração, tudo isto é "troca" com o astral, com o mundo invisível aos olhos naturais.
Bem, há algum tempo, tive um grau enorme de amizade com um dos maiores atores de cinema de todos os tempos. Ele Prometeu me ajudar com a carreira de roteirista. Trabalhei para ele, mas nada de me colocar nas "rodas" e eu já era bom, esforçado nas artes. Tinha apenas dezenove anos e muitos sonhos para o futuro. Uns cinco anos se passaram e nada de cumprir o prometido, pelo contrário, não sei o porquê nunca me ajudou efetivamente, apenas me considerava um bom amigo, aquele que não tinha interesses maiores, só admiração.

O fato dele ter me oferecido ajuda, aguçou algo em mim que não existia e eu não almejava. Não sei se foi para me "amarrar" naquela amizade, se foi para me testar, ou por sadismo, porque ele tinha sim uma ponta de sadismo.
Antes de morrer, ele me contou um segredo que não revelava nem para os analiistas. Nem sei o porquê de ter feito isto. Foi algo ocorrido em sua infância.
Fiquei sabendo de sua morte numa de suas viagens ao exterior. Causou-me tristeza, ia fazer o quê?
Passou o tempo e me lembrei das promessas feitas a mim. E pensei: Será que existe "vida" após a morte? E se não "vida", pelo menos consciência?! Nesta história, só eu me dei mal, uma amizade de uma via. Aí, involuntariamente, dei para ameaçar o morto, e bradava, chantageando, dizendo que se, de alguma maneira não cumprisse com o que falou a mim, iria por a boca no trombone e revelaria seu segredo aos quatro cantos. Algo incompatível com as minhas crenças e convicções, de respeitar as memórias de quem se foi.
Não consegui nada, apenas elogios e ninguém vive de elogios. Ele apareceu várias vezes nos meus sonhos, dizendo que eu estava atrapalhando seu descanso eterno, que estava ardendo em chamas a cada dia e por isto ia mover os "pauzinhos" para que a minha vida andasse. Todavia, nada aconteceu.

Vai ver que estes sonhos com ele foram ocasionadas pelo sentimento de culpa nutridos por mim, e não passaram de fabricações do meu cérebro. Maldito defunto! Meus sonhos minguaram mais ainda quando ele se foi. Quero pensar nele como os seus personagens fabricados no cinema, como alguém que nunca existiu!
Dizem os ciganos, que não se deve falar mal dos mortos, porque eles não podem se defender.

Muito obrigada pela leitura!
LYGIA VICTORIA
Enviado por LYGIA VICTORIA em 18/05/2018
Reeditado em 21/05/2018
Código do texto: T6339851
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