FELIZ NATAL, ELIEL - CLTS 03
Eliel morreu muito jovem, aos 18 anos, e sua alma desencarnou de forma tão repentina, lhe causando muitos problemas até que percebesse. Foi numa noite de natal que aconteceu. Era só uma noite comum para ele. Voltava para casa sozinho depois de farrear e beber com os amigos. Simplesmente tropeçou trocando os pés e ploft, caiu feito um pacote entre a calçada e a rua. A cabeça se partiu sobre o meio-fio e o sangue escorria pela boca de lobo. E foi de imediato que sentiu aquela sensação corriqueira aos que morrem da forma como ele morreu, de ter a alma arrancada de uma vez como se cortassem violentamente com um machado sua barriga e puxassem seus intestinos ainda vivo. Depois lembra de estar fugindo de alguma coisa, porém era tudo muito vago, a não ser a luz. Sim, era da luz que fugia, descendo uma colina até a estrada lá embaixo. Começou a pedir carona, mas quem lhe daria carona naquele estado em que estava, ensanguentado, sujo, no meio da madrugada? Até que finalmente alguém parou num corcel verde-musgo. Ele entrou ainda perplexo com toda a situação, mas o motorista pareceu não se importar, sorrindo satisfeito, alegre.
– Não foi uma noite fácil, amigo? – perguntou o sujeito e seu sorriso medonho fez Eliel tremer.
– Já tive melhores. Mas nada que uma boa noite de sono não resolva.
– Talvez devesse procurar um hospital antes. Esse machucado na cabeça parece sério e dá pra ver que você perdeu muito sangue.
– É, eu tropecei e cai. Mas não sinto nada. – Justificou Eliel. O homem começou a rir de maneira descontrolada e sem sentido, quando então parou e inclinou-se para pegar algo no porta-luvas, era uma garrafa de bebida. Nesse momento estavam parados no semáforo. O homem deu um gole e ofereceu a Eliel, que rejeitou, achando aquilo tudo muito estranho e tendo boas razões para começar a se arrepender de ter aceitado a carona.
– Escuta, bebida e direção não são uma boa combinação. Quer saber, o senhor pode me deixar em qualquer lugar, tá bem? Pare aqui!
– Não, eu não posso. Porque eu tenho que te levar pro inferno. Você fugiu da morte, não foi? Se encontrou com ela agora a pouco, né? Todos falam que a morte é infalível, irremediável, besteira. Quantos já não voltaram pra contar como ela é ao longo da história? Estiveram mortos por algum momento, exerceram o direito aos domínios restritos do Hades e depois, ao se depararem com a luz, fugiram, covardes! Mal sabem que ela é a morte. O próprio Jesus não ressuscitou Lázaro? E quando Samuel evocou o espírito de Saul, o trazendo de volta contra a sua vontade? Anjo sublime de luz que é a morte, vem generosa e oferece tudo aquilo que o homem sempre almejou, e pelo que condenou sua própria alma: sabedoria e ciência plenas e poder ilimitado. Porém os oferece, a morte, sem o jugo, sem o chicote inclemente do criador, que em troca conduziria sua criação inteira como rebanhos de ovelhinhas obedientes. A morte, como eu, oferece o que o pai de vocês negou, ou o que ofertou em troca de preço tão alto. Já eu sou mais generoso, o que ofereço é em troca de algo que não vão mais precisar depois desta vida e não se engane meu jovem, convencendo-se que uma promessa de vida eterna poderá salvá-lo da ira dele. Aqueles que prometem são os políticos, que injustamente são tão comparados comigo. Eu não prometo nada, pois sei que o mal vai sempre existir. Ninguém escapa de ser mal ou de não ter tido o menor pensamento impuro. Enquanto perambulava pelo abismo, circundando suas cristas afiadas e pisando nos buracos das serpentes, vi aquele lampejo lá embaixo, no lago, espelho de todas as almas encarnadas ou desencarnadas e sei o que o lampejo significa, por isso aqui estou. Não tenha medo, porque eu não sou tão mau como dizem, sabe? Você vai ver. Só aproveita a viagem.
E depois de dizer isso a enigmática figura acelerou o carro numa velocidade estratosférica. Eliel se segurava no banco ainda tentando assimilar o que acabara de ouvir. Mas seus pensamentos passavam rápido como cometas, eles eram cometas. O carro uma espaçonave desafiando as leis naturais da física. Eliel mal conseguia gritar e corriam lágrimas dos seus olhos. Olhava para frente, onde só via borrões e depois para o homem. Então viu chamas saírem dos seus olhos e a gargalhada demoníaca derramava-se incontida como se uma represa rompesse.
Eliel gritava em desespero enquanto o ser demoníaco cerrava os olhos invocado, acelerando o carro, executando as ações de forma tão ágil e leve que pareciam mais sobrenaturais que físicas e mecânicas. O carro enfurecido, tal qual seu condutor, cuspia fogo, não pelos olhos como ele, mas pelas rodas, que como as rodas do carro de fogo de Elias pareciam não tocar o chão. Numa atitude precipitada, tomado pelo mais angustiante sentimento, Eliel abriu a porta projetando-se para fora do veículo. Ele sabia que se fizesse isso em condições normais estaria morto, mas desde que pegou aquela carona concluiu que essas não eram condições normais, então arriscou.
Ainda caindo Eliel agitava braços e pernas pelo ar enquanto percebia que tudo em volta era escuridão completa. Tentava calcular o quanto já havia caído, mas parecia difícil. Coisas como medidas, tanto de tempo quanto de distância tornaram-se estranhas. A própria realidade era desconexa e avessa à convencional. Mas alguma claridade, ainda fraca, parecia revelar o lugar aos poucos, até que os pequenos demônios apareceram. Diminutos monstrengos orelhudos e dentuços que se sustentavam sobre duas perninhas finas. Alguns seguravam velas, rindo o tempo todo como se debochassem de Eliel. Pareciam todos iguais a princípio, segurando as velas na mesma posição sacerdotal e evocando o deus Loki, com suas traquinagens, piruetas e algazarra. Os que não seguravam velas rodopiavam e pulavam, cada um no seu buraquinho escavado na rocha, mordendo, mostrando a língua, outros ainda batiam palmas.
Quando a estranha galeria parecia ser o auge do absurdo ele caiu. Deu com a cara num chão duro, que pelo impacto parecia ser de pedra. Embora não sentisse mais o que um dia lembrava ser dor, notou que pela violência do tombo deveria no mínimo ter quebrado alguns ossos (se os tivesse); mas foi um pensamento incômodo até, como se enxotasse uma mosca, logo o ignorou e percebeu que estava numa estrada asfaltada. E o lugar não lhe era desconhecido, passou por ali naquela mesma noite. As luzes de natal refletiam nas poças d’água que a chuva formou e mais à frente, estendido entre a calçada e a rua, estava ele, morto.
Aquela projeção astral vertiginosa causava ao seu espírito o que poderia se chamar, no corpo físico, de tontura, e a simples visão do seu corpo morto foi sentida como um baque, uma porta batida bem na sua cara, o acordando daquele terrível sonho para então despertá-lo em outro sonho ainda mais amedrontador e mais realístico.
Neste sonho ele acordava num hospital, percebendo aos poucos que não conseguia se mover ou mesmo sentir qualquer coisa. Seus olhos fixos no teto aos poucos iam se adaptando, mas ainda via manchas escuras e pontos brilhantes que saltavam de todas as direções. Ele não ouvia, não podia falar, mal tinha consciência de si mesmo. Só o teto branco e as lâmpadas davam testemunho de sua existência e também eram as únicas coisas que tinha como testemunhas dela. Por isso as sombras o perturbavam tanto. Ele via as sombras projetarem-se nas paredes e sentia-se sufocado pelo medo e enfaixado completamente, como uma múmia onde apenas os olhos ficavam descobertos.
Eliel não sabe quanto tempo se passou até que começou a ouvir, mas como não podia fazer nada naquelas condições, suas emoções que aos poucos iam ressurgindo, foram suficientes para fazê-lo derramar uma lágrima. Em verdade uma doída lágrima oriunda de seu desespero. O desespero por não poder expressar, de qualquer forma que fosse, que estava ali, mais do que antes. Que estava voltando aos poucos. Foi mergulhado nessas conjecturas que Eliel pôde finalmente ouvir uma voz diferente das que escutava no hospital todos os dias, de enfermeiras, médicos ou mesmo pacientes. Era a sua namorada Camila:
– Eu não devia ter te deixado você, meu amor. Tô tão arrependida. Eu não podia imaginar que aquela noite você ia sair desvairado e bêbado daquele jeito, sozinho, e que ia acabar caído numa calçada com a cabeça quebrada. Eu só queria me divertir, assim como você queria. Éramos felizes desse jeito, né? E eu não vejo como minha vida pode ser diferente, nem imagino ela sem você. Então faz favor de acordar logo desse coma porque eu preciso de você. Viva, meu amor. Viva pra mim. Se não quiser viver por você, viva pra mim. Prometo que farei valer a pena cada dia da sua nova vida se voltar pra mim, pra nós, seus amigos, sua família. Todos te amamos muito.
Camila, emocionada, segurava a mão de Eliel. Ele fez um esforço supremo evocando suas inatingíveis emoções, rogando pela reação mais ínfima do seu sistema límbico, um reflexo, por menor que fosse, mas não conseguiu nada dessa vez, nem sequer um resquício daquela lágrima, que parecia ter se exaurido completamente. A namorada, tanto pela culpa quanto pelo afeto que por ele nutria, mantinha-se ao seu lado por horas, até o deixar com um suave beijo na testa e uma promessa de retorno no outro dia. Quando saiu já era tão tarde que se impressionou ao perceber quanto tempo ficou ali. O ambiente hospitalar a noite era apavorante. Mesmo com todas as luzes e a circulação incessante de pessoas sentia um aperto no peito e sabia que não era aquela sensação ruim habitual que a maioria das pessoas sente ao entrar em um hospital, era muito mais que isso. Era uma presença invisível que baforava atrás dela, soprando do próprio inferno os ventos pestilentos do mal mais primordial. Ela dizia consigo mesma, rezando, que era exagero, que Deus era maior que aquilo e embora não acreditasse muito nesse Deus, ela o buscou no fundo da sua alma e do seu coração, fazendo uma oração desesperada e fervorosa para que ele vencesse aquele mal que crescia cada vez mais. Quando finalmente pôs os pés fora do hospital a presença maligna aliviou sua carga das costas dela e sentindo-se leve ela começou a chorar. A tremedeira e a fraqueza colapsaram e sem que o choro fosse suficiente para desafogar seu estresse emocional Camila desmaiou.
As luzes da cozinha piscavam sempre no mesmo horário, às 21 horas. Eliel já se acostumara e ultimamente não dava bola. Não era uma pessoa supersticiosa nem nada, então para ele não era questão nem de ignorar e sim de saber que aquilo tinha alguma explicação plausível. A casa era velha, herança dos pais mortos naquele terrível e inexplicável acidente de carro ocorrido há 10 anos, tão noticiado e revirado pelas mídias e alcoviteiros, que deduziam as mais criativas teorias da conspiracão. É fato que as pontas soltas deixavam dúvidas, mas nada foi provado.
Muitas coisas naquela casa eram decrépitas e Eliel permanecia ali por teimosia. Seus tios, principalmente o irmão mais velho de seu pai, Renato, fizeram as mais variadas e generosas propostas, tanto de emprego quanto de moradia e ele recusou todas para viver na enorme e triste mansão, sob a tutela do mordomo fiel Abneder. Não que ele vivesse de lembranças, remoendo o passado, mas ainda não se considerava pronto pra toda a bajulação dos tios e aquelas reações exageradas e falsas de piedade. Abneder, zeloso e amoroso como um pai, aconselhava, instruía, mas tinha suas limitações, apesar de tutor também era um simples empregado. Ficava à sombra, revelando-se quando achava necessário. Nos momentos que precisava chorar era Camila que ele buscava. Ela o entendia como ninguém mais e os tios, que quando os pais eram vivos simplesmente o ignoravam e o relegavam à fruta podre do cesto, não eram as pessoas mais acessíveis aos seus sentimentos, pois mal o conheciam.
As festas quase sempre preenchiam os espaços vazios da mansão e quando não dava festas ele chamava Camila ou ia à casa dela. A maldita herança deixada pelos pais também parecia ser uma sombra que obscurecia seu entendimento dele mesmo e das pessoas que se aproximavam dele. Era difícil julgar se havia interesse ou não. Mesmo tendo vivido sempre com a sombra desta dúvida não conseguia discernir o caráter de um amigo verdadeiro quando envolvia dinheiro e a única pessoa para quem mantinha as portas do seu coração e da sua confiança abertas era Camila, sua doce criança, como ele chamava.
Exatamente 09 meses depois de Eliel entrar em coma seu tio Renato adentrou o hospital. Embora tivesse conhecimento do acidente quando aconteceu, pois o mesmo teve uma cobertura massiva da imprensa, considerando a importância da família Dias, Renato na ocasião estava em viagem de negócios à China e sabia que interrompê-la para visitar o sobrinho naquela situação incapacitante não seria nada benéfico para nenhum dos dois.
Foi assustador encarar seu sobrinho daquele jeito. Era um homem frio e sério. A única expressão que podia se notar em seu rosto eram as rugas na testa, mas embora nos negócios e na sua vida amorosa fosse muitas vezes traiçoeiro e inacessível, nutria pelo sobrinho um sentimento verdadeiro de afeto. Mas Eliel não percebia os sentimentos sinceros do tio, porque suas habilidades de julgar caráter ficaram embaçadas depois de algumas decepções, que ao invés de o amadurecerem o deixaram ainda mais relutante.
– Meu sobrinho teimoso. Porque nunca aceitou meu auxilio. Se acha que eu lhe deva algum favor por ser filho do meu irmão enganasse. Somos família, não era solidariedade, deveria saber. Não sou um homem solidário, dou a cada um o que jugo necessário. Tenho dinheiro, poder e são essas coisas que controlam o mundo. Mas nunca quis controlá-lo, nem moldá-lo para me servir. Vejo em você muito do Marcos, descanse em paz onde estiver. Teimoso como ele, com suas convicções de poder mudar o mundo com seus ideais e sua luta por justiça e paz. Vocês me enchem de orgulho. Mas infelizmente o mundo que vocês idealizaram não vai acontecer. – Como ele está reagindo? – Perguntou à enfermeira que acabara de entrar no quarto.
– Bom, existem muitos casos como os dele que são irreversíveis e mantemos os aparelhos ligados por insistência da família, mas não é o que acontece aqui. Ele teve uma relevante, embora lenta melhora ao longo do coma. Enxerga, ouve e faz umas semanas ele segurou forte por 10 segundos a mão da sua namorada Camila, que gritou para o hospital inteiro ouvir, emocionada. Eu ainda consegui ver enquanto segurava a mão dela. Uma lágrima escorreu dos seus olhos.
– Que ótimo, senhorita. Agora falarei com o médico responsável. Não pouparei despesas para que meu sobrinho se recupere. Investirei o quanto for necessário para isso. Sei que ele está em boas mãos. Este é o melhor hospital da América Latina e eu confio na nossa medicina mais do que em qualquer outra do mundo. Tenho meus motivos pra isso, não cabe aqui explicar. Mas sei que logo o terei do meu lado me ajudando a tocar a empresa. Perdi um irmão bom, honesto, não perderei meu sobrinho. Passe bem.
Eliel acordou assustado e ofegante. Sentou-se abruptamente, olhou para um lado, para outro, arrancou os tubos e aparelhos ligados à ele e se levantou. Andando em círculos buscava entender tudo aquilo. Colocar a cabeça no lugar, os pensamentos em ordem. Estava confuso, perplexo. Quando as luzes do hospital piscaram teve o arrebatamento. Estava na cozinha da velha mansão, onde as luzes também piscavam e depois desse flashback veio tudo, como se ligasse uma chave e quando as luzes novamente se ascenderam brotava do chão à sua frente uma poça de sangue asquerosa e pulsante, que fluía em jorros famintos consumindo rapidamente todos os espaços e cantos. Eliel subiu em cima da cama para escapar daquilo, mas o sangue inundaria tudo em poucos minutos, então ele pulou pisando no viscoso e fétido sangue.
Mergulhado em sangue até a cintura esforçava-se para vencer a agitação borbulhante do fluido decrepito. O cheiro de podridão e esgoto eram insuportáveis. Quando finalmente escapou correu o quanto pode. Pelos corredores entrava em todos os quartos, CTIS, leitos, salas, recepção. O hospital estava completamente vazio. Eliel gritava à plenos pulmões: “Socorro! Me ajudem! Tem sangue, tem sangue. Ele está em mim. Estou sujo e fedendo. É o cheiro da morte em mim. Podridão, sujeira. Estou sujo. É a morte, ela quer me pegar”!
Correu pra fora do hospital e não viu ninguém. Nenhum carro estacionado, nem uma viva alma, nem o vento soprava, sentia dificuldade até em respirar. Continuou correndo pela estrada, parava em cada esquina olhando ao redor, procurando alguém, mas não viu nada a não ser desolação, abandono. Depois de dobrar mais uma esquina deu de cara com o mesmo hospital do qual fugira em pânico. Foi como um choque, como se enfim recalculasse todos os passos e entendesse que devia estar louco. Correu em direção à porta de vidro do hospital chocando-se contra ela. O vidro trincou, mas não quebrou. O corte em sua cabeça jorrava sangue enquanto ele continuava investindo contra a porta. Após mais uma investida seu corpo não mais se chocou contra o resistente vidro blindado e sim caiu sobre o colchão duro de uma cama de hospital, a sua cama. Não havia mais sangue e a enfermeira estava lá, simpática, com um sorriso esplendoroso, tão solicita, prestativa. Os tubos continuavam presos à ele e tudo estava normal de novo.
O alivio que o sorriso daquela enfermeira trazia era reconfortante. Curava a aflição que sentia ao imaginar-se louco e uma presença feminina o fazia pensar em Camila. A enfermeira agora estava de costas e fazia algum tempo já que se encontrava nessa posição. Eliel teve uma visão, em que livre do coma e dos aparelhos dirigia-se a ela e a virava segurando pelo braço e logo voltou a si com ela ainda de costas. Até que ela se virou com uma seringa provida de uma enorme agulha na mão. Eliel começou a puxar o ar dos pulmões se sufocando e se debatendo. A agulhada perfurou seu coração e ele ficou deitado, morrendo, sufocando e gemendo. A enfermeira deu lugar a um demônio horrendo com olhos em chamas. Era o mesmo demônio do seu sonho, o que veio lhe buscar naquele carro para o levar para o inferno.
Eliel levantou-se confuso e desorientado. Chovia, estava ensopado, a calçada fria e molhada não era o melhor lugar pra se dormir. Uma forte enxaqueca irradiava incomodamente, provocando muita dor. A sensação de boca seca, o mal-estar. Bom, já estava mais que acostumado à todas essas consequências causadas pelas bebedeiras. O que não estava acostumado era cair de tão bêbado e dormir numa calçada. De resto, aquela noite entraria no podium dos fracassos e seria uma disputa ferrenha visto a sucessão de presepadas que ele colecionava.
Quando chegou em casa Camila encontrava-se em sua cama, nua, apenas com a toquinha do Papai Noel sobre a púbis. Ela sorriu para ele e disse:
– Amor, desculpa por aquela cena na boate, mas fazia parte da surpresa. Queria me dar de presente pra você esta noite. Sou sua hoje e serei sempre. Feliz Natal, Eliel.
FIM
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