Jogos Perigosos (Parte IV)
O reencontro de Ana e Júlia com os demais amigos deixou todos tranqüilos e felizes, mas ao mesmo tempo estranhando porque voltaram ao jogo. Estavam numa época de Guerra Mundial onde algumas partes do mundo já estariam virando possíveis catástrofes. Na verdade, parecia um verdadeiro apocalipse. A única grande preocupação atual deles seria em relação aos amigos e família. Como eles estariam? Apesar de terem avisado que iriam sumir um tempo para decidir entrar nesse jogo, o clima de guerra muda muita coisa. Será que estão vivos?
-Pelo que vi, a realidade aqui deve estar melhor que lá fora. A época de frio está chegando e possivelmente teremos uma escassez de alimentos. Eu já recuperei meu machucado e aconselho que não saiam daqui. Recebi a notícia que meus pais saíram do país às pressas, tentei enviar uma mensagem, mas não tive retorno. Mas deixa-me apresentar os novos amigos que conheci aqui: Ricardo e Renata, dois irmãos que entraram comigo no jogo. - falou Ana.
-Prazer gente, que bom que voltaram! De qualquer forma precisaremos nos unir com todos que estão aqui para que todos sobrevivam e cheguem ao fim do jogo. - Disse Matheus.
-Eu lembro que nas regras do jogo falaram que não poderíamos ficar muito tempo no mesmo lugar... Eu ainda penso em sair daqui e com o dinheiro ficaríamos num lugar mais tranqüilo. Ainda deve haver um lugar tranqüilo nesse mundo- falou Sabrina.
-Eu vou contar outro segredo, eu também trouxe um aparelho celular, justamente pra quando a situação apertar, encontrar contato lá fora. – disse Tatiana.
-Parece que alguém aqui não tem medo das regras do jogo. Queria eu ter essa coragem, mas o medo das conseqüências fala mais alto. Vai que colocam na justiça e tenho que pagar multa? -Falou Ricardo, dando risada.
-Mas sério Tatiana, como te deixaram entrar com essas coisas? Algum atendimento VIP? Seu irmão político ajudou? – perguntou Matheus.
-Peguei a arma dele e a escondi abaixo das roupas, vestindo o uniforme que deram por cima. Só isso. Não há nada de VIP. – disse Tatiana.
-Normal, também tenho um plano de emergência caso tudo dê errado. Já arquitetei uma possível explosão na minha cabeça em uma suposta parede para tentar escapar. – Pedro falou baixo, preocupado caso as câmeras escutassem.
-Vocês realmente são loucos. Nos contaram que seríamos observados aqui todo o tempo– disse Ana, assustada.
-Como aqui é um lugar com outros perigos, todos poderiam se juntar para se voltar contra eles. Pelo menos espero que aqui eu não morra de frio e fome. Nem atingida por uma bomba. -falou Renata, a nova integrante do grupo, prendendo os cabelos negros, tinha traços japoneses.
-Vamos colocar nossas cabeças pra pensar pra sairmos logo daqui. – disse Sabrina, ansiosa, que pela conversa queria logo sair do jogo e ao mesmo tempo temia que lá fora possivelmente não encontrasse algum lugar tranqüilo como deseja.
Em seguida, iriam seguindo pela segunda dimensão de novo e resolvendo procurar os outros participantes para se juntarem. Apenas se esqueceram das regras de que não poderiam ficar juntos por muito tempo. Havia armadilhas e começaram a duvidar que estivessem sendo observados, principalmente em algumas partes. Aproveitaram a arma carregada que Tatiana tinha para matar os zumbis dali, e de repente, Matheus achou um baú e o abriu, era uma chave em tons de verde. As chaves eram grandes e grossas, do tamanho de uma palma da mão. De repente, se depararam com mais uma participante sozinha chamada de Beth e se sentia perdida. Foram logo comer alguma coisa no lugar que encontraram: sanduíches com salada, Milkshake, água, refrigerante, pizza e coisas estilo Mc Donalds, onde os atendentes eram robôs. Fizeram o pedido e ganharam diversas balas, inclusive amarelas. Sabrina jogou todas estas no lixo. Acharam a porta da chave e se depararam com uma floresta.
-No meu antigo grupo, as pessoas brigaram e resolvi seguir meu rumo. Uma colega foi atacada por um monstro e não sei o que aconteceu. Ficou estranha depois disso, e parece que começou a se transformar numa daquelas criaturas e corri o máximo que pude. Atravessei pra segunda dimensão sozinha. – disse Beth assustada.
-Meu Deus. Olha só onde estamos. No início eu achava que tudo era pura ilusão de ótica. Mas estou ficando com medo das coisas aqui. – falava Júlia com medo, ainda comendo o máximo que conseguisse para não sentir fome tão cedo.
-Pois é, resolvemos voltar quando soubermos da situação desse país, agora vamos arcar com as consequências. – disse Ana.
Vamos parar de conversas e nos concentrar de forma racional. Precisamos bolar um plano e sermos amigos, para sair daqui. E quando chegarmos lá fora, procuramos pelo local mais seguro e tranqüilo que houver. – disse Sabrina.
Andavam atentos, encontraram uma chave, abriram um baú, e caminhando mais rapidamente, encontraram uma porta para a terceira dimensão, surgindo uma rampa de grama, sentindo um vento frio. Se prepararam para vestirem as roupas de frio que haviam guardado na mochila, enquanto Ana, Júlia, Ricardo e Renata já estavam vestidos, por serem do outro grupo.
Era uma floresta bonita, diferente daquela nevasca que encontraram da última vez que visitaram a terceira dimensão. Céu nublado, com árvores cheias de frutos e clima um pouco frio, com traços de neve. Parecia tudo tranqüilo e de qualquer forma se aparecesse algum perigo já teria a arma de Tatiana. Comeram as frutas, no geral todos guardaram algumas nas suas mochilas. Viram um aviso num mural:
''Sempre que quiserem descansar e se banhar venha para cá, mas cuidado com armadilhas, existem buracos por aí. Cuidado também com as cobras que são venenosas e use sempre botas. Todos que comerem do pé de maçã mais bonito, que tem o caule listrado com tintas irão enlouquecer. Vale lembrar que o objetivo do jogo é sobreviver e chegar ao destino final, muito dificilmente todos conseguirão escapar ao mesmo tempo. ''
-E se decidirmos viver aqui? Ao menos passar um bom tempo? Perguntou Ana.
-É possível, mas muito difícil. Os coordenadores irão dar um jeito sempre de peneirar os participantes. Vocês precisariam ser muito inteligentes. - Disse o robô.
-E onde ficam os coordenadores? São eles que realmente coordenam o jogo? Quem são eles? - perguntou Ricardo.
-Ficam em um lugar de difícil acesso. Seria um grande desafio pra vocês conseguirem ter acesso a eles. – completava o robô.
-Se por acaso formos até eles e fazer um trato para ficarmos em paz aqui, nem que seja por uns dias, poderíamos? – retrucou Ricardo, que estava assustado com os comentários em relação ao mundo externo. Estava mais preocupado com sua família do que a ele mesmo.
-Não. Isso é um jogo. Se quiserem alguma coisa ou proposta, com certeza terá que passar por muitos obstáculos, principalmente se envolver os coordenadores. Eles são muito poderosos e donos desse jogo. - Falou o robô.
-Aqui existem câmeras em todos os lugares mesmo? Acho que essa história de sermos espiados todo o tempo é só uma história para assustar os participantes. – disse Tatiana.
-Em alguns lugares, não há câmeras. Robôs praticamente são responsáveis pela vigia completa. – disse o robô pequeno, em frente deles.
-Entendi. – falou Tatiana pensativa, torcendo que ninguém saiba que conseguiu entrar com uma arma e o celular que ainda nem usou.
Todos seguiram e aos poucos ficavam cientes de como as coisas aconteciam. Passava pensamentos obscuros em suas mentes, caso dominassem de alguma forma os robôs e supostos líderes, conseguiriam colocar tudo do jeito que querem? Claro que isso seria loucura. Saíram da floresta e voltaram para o espaço que ficavam os zumbis. Matheus reparou que os zumbis que viu morrer no dia anterior estavam vivos novamente, pois eram as mesmas feições. Acharam estranho, então eles não morreriam com simples tiros.
Continua em https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/preview.php?idt=6366715