O ataque dos germes sereia CAP 05
Capítulo 05 - Onde tudo começou.
Gabriela entrou no quarto aos prantos. Chorando como criança, com o braço tampando os olhos, passou por mim e tentou disfarçar, entrou no quarto e fechou logo a porta. Percebi que havia algo errado.
- Gabi? o que aconteceu ? toc toc, abre a porta, deixa eu entrar pra conversar.
-NADA PAI. Disse ela.
-Gabi, conversa comigo, sou seu pai e seu amigo. Tudo o que acontece com você ou comigo, afeta nós dois.
Ela abriu a porta. Entrei e sentei na cama ao seu lado. Ela estava chorando muito, notava-se algo estranho aconteceu, ela balbuciou duas vezes e logo começou a contar. Não seria muito diferente, logo imaginava, ficar sem seu PET ALIEN havia sido muito ruim mesmo. Lembro-me muito bem, as únicas pessoas que não possuíam um "animal" desses é porque sofriam de algum trauma ou uma transgressão social, como pessoas sem escrúpulos, tendências a psicopatia, misantropas, falidos economicamente ou emocionalmente, presidiários, assassinos... etc. Com certeza eu me enquadro em alguns desses exemplos e arrastei minha filha. Ela sofreu muito na época, não ficamos com o TUFINHO e ela não estava suportando. As amigas da escola todas tinham o seu PA. Gabriela começou a ser esnobada, perdera muitas amigas e apenas algumas estavam a falar com ela. Era como a Gabriela tivesse vindo de outro país ou ela era a alienígena. Conversamos, sobre esperar para ter um, havia muitos e era muito fácil ter o seu, 3 dias estaria a pular pela casa. Mas na realidade eu não queria e não sabia como falar não para ela, então só a "enrolava". Dizia mais pra frente, quando terminar o colégio. Acredito como foi difícil pra ela, mas foi fundamental para ficássemos vivos. Os hospedeiros eram os primeiros a serem mortos pelos seus PETs. Todos os sobreviventes não possuíam simbionte, aprenderam a se esconder ou foram devorados dias após. A estratégia de fugir sempre em velocidade aprimorou-se, conforme a necessidade da sobrevivência. Sobre estresse todos superaram suas deficiências e aprimoraram seus conhecimentos, reagimos de forma agressiva ao mundo novo, quem não se adapta morre, não sobrevive a um mundo inóspito ao ser humano. E a cada ciclo o mundo fica mais perigoso, a evolução os transforma em exterminadores mais eficientes. Num curto período de semanas, eles ficam mais inteligentes e sobrepõe nossas estratégias de sobrevivência. Estimo que a cada 45 dias é o ciclo evolutivo. No começo fugir em auto-estrada e parar em campo aberto, com os olheiros era seguro. Após 4 ciclos de evolução a população de predadores reduziu e a agressividade e eficiência aumentou virtigiosamente. Nossa população humana também sofreu severas baixas, dos 3 comboios reunidos com 90 sobreviventes, hoje só nós sobrevivemos, sem nenhuma comunicação no rádio, não sabemos se há outros, o rádio está mudo.
Sempre há esperança, ontem como se o destino realmente existisse e se importasse com o último sopro de esperança da humanidade, conhecemos Peréon. Em nossa fuga para Buenos Aires, descobri ele sobrevivendo de uma forma totalmente inusitada, mas funcional. Ele estava criando um PET ALIEN com pouca comida, balanceada e em troca de sobrevivência. O animal é muito esperto e evolutivo, sabe sobreviver, mas até quando? Sabemos carregar uma carga genética assassina. Quatro dias antes do dia E, Peréon recebeu sua semente de germe-sereia com um pouco de atraso, ele vivia em terras distantes argentinas, contato restrito. Com o atraso resultou no mutualismo, o animal não sobreviveria sem a ajuda dele e vice-versa.
- Ele é muito esperto João. Mas para ele não crescer mais eu não dou muita comida pra ele. Ele obedece meus comandos, a comida é quase toda enlatada e ele não consegue abrir. Disse o jovem argentino.
Peréon um rapaz inteligente e com ajuda certa, sobreviveram milagrosamente, por 6 meses. Pode ser que sobreviveria muito mais se não tivéssemos conhecido. Não posso fazer muitas projeções de sobrevivência, estaríamos no final. O Been é um animal similar a um macaco prego, com garras maiores, afiadas que podem segurar-se no concreto e descer um prédio, como fez no dia anterior. Ele tem olhos e ouvidos maiores, sua evolução é parecida com animais herbívoros.
Após uma reunião entre eu, Maicon e Jack, decidimos o novo trajeto. Voltarmos para Campinas e buscar novas sementes de germes-sereia. Possuir um PET ALIENÍGENA nesse ciclo planetário seria de uma valia muito grande, uma ajuda para a sobrevivência, ou assim imaginávamos. Poderia ser o nosso suicídio voltar, estávamos rumo ao Sul, viemos fugidos de predadores ainda maiores. Campinas é uma cidade do interior do Estado de São Paulo, com muitas saídas rodoviárias, como Anhanguera, Bandeirantes e D. Pedro e possuía um aeroporto internacional, Vira-Copos. Local estratégico para a disseminação dos germes, fato importante a se pensar? ou seria só coincidência? Atravessamos fronteiras com o Uruguai de Montevidéu a Buenos Aires, traçamos nova rota, vamos de Córdoba até Assunção e depois decidimos entrar no Brasil pelo estado de Mato Grosso ou Paraná. Voltar para Campinas e conseguir novas sementes de PETs, precisaremos ser cautelosos e fazer a volta muito maior, eles seguem nossos rastros. Com a chegada do Peréon e do PET Been ao nosso grupo a esperança faz um fio de raio de sol em um dia de tempestade, o Rapaz tem a idade que procurava para cuidar da minha filha depois de mim e o animal é muito inteligente, não podemos chamar ele de a coisa ou de um animal não-racional, ele é sim racional e pode ser até mais que nós humanos, ajudanda-nos com uma comunicação entre o hospedeiro Peréon e o Alien. Usam uma telepatia telecinética, estabelecida pelo mascote. Por isso os seres humanos foram vítimas muito fáceis, estavam sobre controle telecinético.
Viajamos por 48h e estamos chegando a Córdoba. O Been está sempre conectado ao mundo, olhos e ouvidos na estrada, ele é um animal muito sensorial, capta ondas no solo, ar e odores. Por ser adaptado para sobreviver ele é rápido e intuitivo, avisa-nos o perigo antes de acontecer. Sobrevivi sem ajuda de um animal desses, por 6 meses e 15 dias. Precisamos equalizar a equação vida = morte, os predadores estão cada vez mais próximos e nosso contingente menor. Porém minha intuição sabe de não poder confiar nele. Nossas vidas estão em perigo dentro e fora dos carros, agora carregamos uma bomba relógio e estamos a buscar outras. Tudo o que eu conhecia sobre esses animais caíram por terra, Peréon sabe muito mais. Conhece todos animais e suas táticas de ataque, na simbiose o hóspede revelou muitas informações importantes, como por exemplo: Eles se adaptam conforme a estrutura genética recolhida nos primeiros dias de vida, de outros animais doméstico, como cães, gatos, pássaros. Uma explicação para seu modo evolutivo de como caçam, em matilha, predadores felinos alienígena e principalmente os alados, podem percorrer distâncias mais rápido que nós e rastreiam sua presa a mais de 100 Km de distância. O Been provavelmente comeu algum macaco próximo a floresta onde Peréon morava, seus traços primatas revelam sua origem. Estamos em Córdoba, todos já sabem seus postos, duas Blazer para Maicon recolher gasolina e uma para nós, vamos atrás de provimentos, um veículo mais rápido. Mas algo surgiu e isso foi completamente inesperado.
- João Cambio. Com uma voz tremula e nervosa.
-Prossiga Maicon. Cambio
- João, você não vai acreditar. O Lopes nos atacou, ele se transformou num monstro de 2,5m de altura, braços e pernas alongados com garras gigantes. Descrevendo-o ele continuou:
- Ele sabia onde nos encontrar, atacou primeiro a Blazer e mataram o Rico e nitro. Atiramos nele e fugiu. Está a nossa espreita, carregamos todo equipamento de volta ao Home, o caminhão combustível e uma guarnição Jack e Tropper.
- Maicon, vamos nos reagrupar e fugir. Estamos próximo ao centro da cidade, vamos nos encontrar ao Leste, ele sabe que estamos indo para o norte. Cambio.
Lopes está vivo, comeu carne alienígena e se transformou em um humanoide muito perigoso, sobreviveu e aumentou seu tamanho, matou e devorou outro concorrente a nos aniquilar. Percorreu mais de 1000 km em nosso encalço, não irá desistir, Lopes é invisível no ataque e conhece nossas estratégias, Been não identificou o predador, estava no seu raio de alcance, precisaremos matar Lopes ou o que ele se transformou. Estamos a chegar no ponto de encontro, nosso estoque de mantimentos está baixa por causa do último ataque, precisamos sair da cidade rápido, solo comprometido, combustível em alta, passaremos uma temporada com dieta baixa. Estamos rumo a Santiago, atravessaremos o Chile e a Bolívia até entrar no Brasil por Mato Grosso. A viagem vai durar semanas, talvez até meses. Não temos expectativa de vida, vivemos um dia por vez, nossa concentração é viver os minutos e aproveitar os segundos. Tudo o que me resta de humanidade é minha filha, viver para cuidar dela e dar-lhe um futuro. Não é para isso que servem os pais? Garantir a sua geração no mundo? Mas qual mundo vou entregar para Gabriela? Precisamos sobreviver até morrer o último alienígena assassino, até matá-lo se for necessário.
Vejo algo há muito tempo esquecido. Diminuo a velocidade, grito para Gabi com alegria e um sorriso:
- Olhe GABI, ali no acostamento da estrada, veja!!!!
Eram girassóis. Uma pequena plantação deles. Germinaram e floriram com solo nutritivo, luz e chuvas, sem ação do homem. Algo lindo de se ver, um colorido no mundo em preto e branco, por poucos segundos passamos devagar a admirar, visão extraordinária simples e singela. Podemos reocupar o mundo, levaremos gerações, séculos, mas não perderemos o Planeta para esses invasores. Você adotaria um PET ALIENÍGENA? Estamos em busca do nosso.