O ÚLTIMO PESADELO.
Dormir no escuro? Jamais!
Soninha tinha pavor de escuridão.
Muitas vezes acordava durante a noite apavorada, pois sonhara que era prisioneira num lugar totalmente escuro e sem saída.
Como dormia sozinha em seu quarto, a luz estava sempre acesa.
O caso era grave mesmo, ao ponto de ela passar por um psicólogo para ver se conseguia se livrar desse mal.
E sempre a mesma coisa; uma, ou mais vezes na semana, sonhava que estava presa nesse lugar escuro e sem saída.
Algumas pessoas aconselharam-na a procurar ajuda espiritual, um padre, um médium, ou de qualquer outra religião, pois quem sabe ela precisasse ‘cuidar do espírito’?
Mas Soninha era ateísta!
“Magina...” - dizia ela.
E nada de se curar desses pesadelos.
Certa vez viajara com amigas para o litoral, e, numa noite, suas amigas tiveram que acordá-la, pois ela se debatia e gritava desesperada e não conseguia sair de seu pesadelo.
Tivera o mesmo sonho, mas não conseguia acordar como das outras vezes.
Em algumas vezes ela, durante esses sonhos, até dizia a si mesma que não passava de um pesadelo, de tão frequente que se tornara aquilo.
Tenho certeza que muitas pessoas também tem o mesmo problema de Soninha e sabem que é terrível.
Outra noite...
Outro pesadelo...
Soninha acordara novamente num lugar fechado e totalmente escuro!
Tentava lutar contra seu pesadelo, tentava se livrar da clausura, mas nada... “Vou acordar... tenho que acordar” – dizia.
E um grito desesperador saiu de sua boca... e ninguém para acordá-la!
Alguns metros acima, a mãe de Soninha chorava copiosamente a morte de sua filha que fora vítima de um infarto durante o sono, enquanto os coveiros já tendo coberto seu túmulo, colocavam sobre sua sepultura uma coroa de flores com os dizeres: “Lamentaremos sempre sua partida, mas sabemos ao menos que se livrou de seus terríveis pesadelos.”