A sereia do rio Amazonas

A região amazônica é conhecida pela sua extensa reserva ambiental e ser repleta de espécies de seres vivos, atraindo muitos turistas e estudiosos. As pessoas que moravam por perto – em grande parte indígena - diziam ter muito cuidado, por acreditarem que existia uma sereia no rio que poderia ser fatal. Os perigos da natureza também eram certos: havia frutos tóxicos e animais perigosos, a floresta era escura devido ao imenso tamanho das árvores que em muitas partes mal se conseguia ver o céu. Essa região é cheia de armadilhas naturais, onde comumente turistas curiosos desaparecem pelas trilhas e parte até morrem. Vagar pela floresta sem algum guia é algo completamente arriscado e perigoso.

Muitos indígenas nessa localidade costumam fazer antigos rituais, considerando a Floresta Amazônica uma região sagrada e adoravam aquele extenso rio exótico que poderia ser perigoso para viajantes. Alguns relataram já terem visto a tal sereia e inclusive, que ela tinha pernas e poderia andar, apesar de ficar boa parte do tempo em uma região interna do rio dormindo. Boa parte deles a via como uma deusa.

Ela costumava ser atraída a sair do rio nas noites de lua cheia para caminhar e caso alguém a provocasse, mataria. Falavam que tinha olhos muitos verdes e se vestia de plantas, e também possuía uma espécie de coroa com galhos e flores. Tatiana e Ezequiel vinham da Argentina e ficaram surpresos ao ouvir essa história. Estavam em busca de novas aventuras e tirar diversas fotografias ali. Pensavam que a história da sereia era só mais uma lenda popular e de qualquer forma foram avisados para não andarem na região norte do rio, mesmo de barco, mas a enorme curiosidade em conhecer, não os impediu que seguissem o trajeto.

Os dois resolveram dar um passeio de barco e falou que pagaria pelo percurso completo, já que estava de dia e não havia perigo. O homem que estava comandando o barco aconselhou não ir, mas acabou concordando já que seria bem pago e estava longe de escurecer. Assim que eles chegaram à região norte, as águas eram cheia de folhas aquáticas o que dava um cenário verde e azul com o céu. Até que um pouco mais pra frente, viram algo se mexendo pelas águas, e a cabeça de uma mulher ficou à mostra do rio com olhos verde água. O comandante se assustou na hora e entrou em choque, acionando o motor e dando uma espécie de ré. Todos estavam amedrontados, enquanto ela fixou os olhos na direção de Ezequiel e depois boiava em cima das folhas apenas observando-os.

-Meu Deus, ela existe mesmo! - falou o comandante do barco;

-Daqui a pouco é alguém se passando por ela com alguma fantasia, duvido que faça alguma maldade. Sereias não existem. - falou Tatiana.

- Daquele jeito? Ninguém consegue ficar naquela água, é muito funda e difícil de locomover, ela foi muito rápida. Não parecia ser uma humana. – O comandante do barco estava visivelmente assustado.

E de fato, não era uma humana. Falavam que ela protegia a natureza banindo todos que cortassem suas árvores ou qualquer pessoa que iria para lá com más intenções. Alguns caçadores foram mortos naquela região misteriosamente.

No dia seguinte, Ezequiel estava querendo atirar em um pássaro de grande porte para levar para casa. Apesar de estar na parte central do Rio Amazonas, ficou com medo de se aproximar do rio e não resolveu seguir mais na região norte. Viu um falcão que estava sob uma árvore próxima e o acertou. Aproveitou a fragilidade do pássaro para colocá-lo numa gaiola, tirando a flecha logo em seguida. Ezequiel gostava muito de usar arco e flecha e era tão bom que quase sempre acertava em seu alvo.

Minutos depois, sentiu alguém se aproximando atrás dele, o puxou pelo cabelo com uma força sobrenatural, enforcando e o levando para o rio. Era a tal sereia. Ficou inconsciente e horas depois, o encontraram morto boiando no rio. Seu corpo não tinha sinais de ferimentos.

Uma índia quando soube, falou que foi a sereia. Uma misteriosa mulher que vive pelo rio e mata as pessoas ruins, em especial caçadores. Muitos a viam como uma deusa e protetora da natureza e animais. Tatiana ficou chocada quando soube e a recomendaram voltar para sua casa, mas ela queria tirar essa história a limpo e saber quem matou o seu marido. Ainda não acreditava que foi a sereia, mas alguém o matou. O corpo dele foi levado para estudo e descobriram que possivelmente foi por enforcamento. A polícia também estava investigando o caso.

Assim que anoiteceu, Tatiana pegou um barco e foi até a região norte do rio com um policial para investigar. Por cautela, o policial resolveu ir pelas bordas, até que viu a água borbulhando um pouco a frente, e de fato era a tal sereia. Gritaram e saíram do barco, indo em direção a terra, e o policial ainda armado atirou nela, porém nada aconteceu. Ela o alcançou, segurou no pescoço e ele morreu. Vendo aquilo, Tatiana seguiu correndo e apavorada, tropeçou em uns galhos no chão se machucando e quase sendo alcançada pela sereia, que continuava indo em sua direção. Tentou se esconder, mas foi pega e antes de morrer perguntou:

-Por que tudo isso? Por que mata as pessoas?

-Isso acontece com todos os estrangeiros mal intencionados que param aqui. Já nos encontramos antes, e você viveu da última vez. Agora irá morrer sabendo que sou real. Vocês humanos não aprendem. - Logo em seguida, segurou fortemente o seu pescoço morrendo em seguida. Seu corpo e o do policial foram encontrados no dia seguinte, boiando no rio misteriosamente.

A investigação criminal seguiu sem um suspeito específico, mas tudo indica, de acordo com o laudo, que as possíveis mortes são causadas por índios ou caçadores – pessoas que vivem pela proximidade da Floresta Amazônica. A existência de haver uma sereia no rio segue duvidosa, não passando de uma lenda, apesar de muitos indígenas afirmarem ter visto e até mesmo convivido com ela.

Amanda Passos
Enviado por Amanda Passos em 22/02/2018
Reeditado em 19/03/2023
Código do texto: T6261479
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