Jogos Perigosos (parte II)

Chegou o grande dia do inicio dos jogos. Todos estavam preparados ou ao menos fingiam estar, seja com medo ou ansiedade. Não sabiam exatamente o motivo, se era a vontade de ganhar, o medo de perder ou de algo ruim acontecer. Na recepção do lugar dizia ''Imprevistos sempre podem acontecer''. Assim que os vinte participantes chegaram, foi feito um sorteio, e mais pra frente havia 20 portas onde parte delas bateria em lugares diferentes. O detalhe é que eram coloridas e numeradas de um a vinte. Cada participante entraria em uma daquelas entradas por sorteio, mais especificamente na base da pirâmide: a primeira dimensão. A impressão que dava é que era uma pirâmide irregular, e no ângulo das entradas a segunda dimensão parecia transbordar, como uma ladeira de uma floresta. Mas nada era certo, a construção era tão grande e misteriosa que ali só era possível enxergar realmente a parte frontal do enorme lugar, e seu restante era oculto por um grande muro. O objetivo era sair do topo da pirâmide, onde automaticamente surgiria uma ponte, levando novamente até a entrada.

O robô deu a mensagem de que na entrada, poderiam entrar em pequenos grupos de até quatro pessoas, para aliviar o medo e ansiedade dos participantes, e mais pra frente, o jogo os separaria, deixando duplas, ou pessoas sozinhas. Algumas coisas ali presentes poderiam ser fatais e levar a morte, como a luz ultravioleta vermelha e algumas armadilhas.

A verdade é que existiam sim umas portas iniciais aparentemente melhores que as outras, além de portas fechadas situadas no interior que precisariam ser abertas por chaves escondidas. Era basicamente um labirinto cheio de surpresas. Outra coisa é que poderia ser impossível todos saírem vivos, exceto se todos fossem realmente inteligentes. Os participantes estavam cansados de ouvir tantas instruções e o fato de correrem risco de vida não o fizeram desistir.

Maurício e Júlia eram os mais corajosos no pequeno grupo de amigos e queriam começar o jogo juntos, gostavam de esportes radicais e também se achavam os mais inteligentes. Ana e Matheus eram os que mais implicavam e temiam o que poderiam encontrar. Tinham certo apego à família e também planejavam antes disso sair do país, porém a presença naquele jogo faria com que ficassem um pouco mais nesse lugar. Sabrina e Pedro fariam tudo pelo prêmio – supostamente os mais competitivos, e também vaidosos. Foram lembrados que quem quebrasse as regras seria mandado no subterrâneo, onde era o lugar mais escuro de todos, e teria que fugir dos monstros ali presentes e achar a chave para abrir a porta. Outro detalhe é que a parte interna do local era cheia de portas anteriormente trancadas, com linhas de respectivas cores, onde as chaves estariam escondidas em médias caixas de madeira espalhados. A cor era a resposta se a chave se encaixaria na fechadura ou não. Aparentemente eram chaves muito maiores do que as convencionais, e também mais estranhas.

O jogo começou com 18 pessoas, com a desistência de última hora de duas. Pediram repentinamente para se dividirem em pares e foram aos seus respectivos lugares dados do sorteio. E assim, iniciaram os jogos perigosos, entraram com uma pequena mochila com água e comida, além de objetos pessoais. O uso de celulares e qualquer meio de comunicação com o mundo externo eram proibidos. Com os primeiros passos já dentro da primeira dimensão, parecia realmente um labirinto escuro onde inicialmente deveria conhecer melhor o espaço e encontrar chaves para entrar na outra dimensão (andar superior). Sabrina foi a primeira a achar uma chave: era bastante colorida de rosa e azul, e precisaria encontrar uma porta também com essas cores. Existiam várias pegadinhas pelo jogo onde as paredes tinham forma de uma porta, ou pareciam ter uma chave e não tinham. As paredes eram marrons, de pedra e o ambiente meio escuro, as poucas luzes que havia eram em tom avermelhado, com algumas tochas de fogo ali espalhadas. Nada parecia ser algo de última geração: parecia estar meio a um lugar antigo e até empoeirado, como uma pirâmide pré-histórica. De fato, parecia ser um gigante labirinto que ninguém sabia o que havia ali, e dava até medo de seguir sozinho, por ser um ambiente misterioso e sombrio. Lembrava até cena de filme de terror. Ouvia passos de alguma coisa pesada e esse clima dava medo, como se algum gigante estivesse caminhando.

Pedro foi o primeiro a ver um monstro de longe. Assustou-se e correu de medo para bem longe com Sabrina, quase tropeçando e se deparando com outros participantes que estavam assustados com seu grito. Dois amigos que foram pegos pelo suposto monstro, se sentiram mais cansados. Foi tudo muito rápido, ninguém sabia o que era aquela figura, e o porquê de estarem tão exaustos após ele se aproximar. De fato, não parecia uma figura humana, era assustador e tinha dentes caninos afiados. Mais parecia ser um vampiro. Começaram a ficar com medo, pois se ali havia um vampiro, eles também se tornariam um? Ou seria só mais um disfarce, já que vampiros não existem. Até que os quatro encontraram um robô com um papel, entregando para eles.

''Queridos participantes, tenham cuidado com as coisas de cor vermelha. Os monstros são vermelhos, a luz vermelha é perigosa, se virem algum feixe vermelho, passem por cima, mas não cruzem. Se afastem dela. Quanto mais os monstros sugam a energia das pessoas, mais habilidosos eles ficam. Pessoas muito juntas chamam sua atenção e caso o virem tentarão pegá-los. Se te pegarem cinco vezes você pode optar por sair do jogo, e apenas as primeiras cinco pessoas poderão fazer isso. ''

-Ainda temos chance de sair dessa merda. Sinto que as coisas vão piorar e podemos até morrer aqui dentro. –falou Matheus, o colega que estava com Pedro e Sabrina. Parecia tão assustado quanto eles.

-Vamos ficar juntos e tentar sobreviver e ganhar esse jogo. Quatro pessoas pensam mais que duas e podemos tentar encontrar os tesouros do jogo. Vamos ficar mais um pouco e ver no que vai dar. -disse Sabrina.

Esse quarteto estava indo melhor desde então. Existiam partes com moedas de ouro e gritos estavam sendo presentes, o que era motivo de medo. Mais tarde outros dois quartetos foram formados, até que de repente uma parede surgiu no meio, deixando dois lados para separar os participantes. Uma imagem do robô surgiu na parede informando que dois participantes se queimaram com a luz vermelha e quase morreram. Minutos depois, viram o monstro de longe, fazendo com que corressem em seguida, até que Pedro viu pela primeira vez a luz vermelha, alertando pra que fossem pelo outro caminho.

Já havia se passado 5 horas e todos estavam exaustos de correr e procurar. Receberam uma mensagem do robô falando que mais pra frente havia um lugar para comerem e que rivalidades já estavam acontecendo no jogo. Um participante enlouqueceu e cortou o braço do outro, sendo teleportado para o subterrâneo e caso repetisse, iria ser expulso ou morto no jogo pelos monstros. No outro lado, Ana estava com Ricardo, além de Maurício e Júlia. Estes receberam uma mensagem para tomar cuidado com balas amarelas que eram capazes de enlouquecer a pessoa por uma hora, pois tinham efeito psicodélico. Caso visse alguém pegando, teriam que se afastar dessa pessoa imediatamente por segurança.

- Aqui tem várias armadilhas, balas amarelas, luz vermelha, monstros que parecem vampiros... Já estou ficando com medo. Falaram que podíamos dormir, mas é impossível. - disse Ana, prendendo seus longos cabelos pretos com olhar exausto.

-Duas pessoas quase morreram e uma foi pro subterrâneo. Pelo menos já achamos duas chaves e uma parte do mapa. - completou Júlia, se apoiando em Ana para andarem juntas e parando para beber um pouco de água da garrafa que estava dentro da sua mochila.

Andaram mais um pouco e acharam uma porta com encaixe de chave verde e amarelo. Alegraram-se ao reparar que já tinham uma chave assim. Abriram a porta da segunda dimensão. Avistaram uma escada rolante e lugares para comer. Tinha uma tela em uma parede e era um robô com uma mensagem:

-Bom que já chegaram aqui. Aqui é um espaço neutro e não possui grande perigo, exceto se houverem psicopatas no jogo. Dois participantes enlouqueceram com as balas amarelas e se viraram contra os demais. Como estão sob os efeitos da bala, eles não serão punidos, pois estão sem consciência própria. Recomendo que não fiquem parados aqui, peguem comida e subam logo para cima. O jogo está garantido para vocês.

-Isso não é justo! Estão distribuindo essas coisas para matarem as pessoas e sobrar poucos. Vocês falaram que era proibido se virar contra os outros! Disse Ana.

-É proibido em estado de consciência. Todos foram alertados sobre os riscos. Outro detalhe é que as portas só ficam abertas até cinco minutos assim que alguém abre. Isto significa que depois disso os participantes que continuarem ali terão que procurar a chave novamente. Sua amiga Sabrina está também a caminho.

-Posso saber onde ela está?

-Creio que vão se encontrar lá em cima, pois está do lado oposto que vocês. Peguem o lanche e caiam fora daqui. Quanto mais o tempo passa, mais perigos aparecem.

Foram para um stand eletrônico de comida e tinha um pote cheio de balas coloridas. Ricardo não se esqueceu do perigo das balas amarelas e deixou-as ali. Parecia estar atento a tudo. Subiram a escada e viram uma luz vermelha, onde Ana se machucou, tendo a oportunidade de abandonar o jogo. O cenário lá era mais cinza. O atual trio se sentia triste e assustado vendo Ana sendo levada por um robô e atravessando uma parede que se abriu.

Enquanto isso, Sabrina e Pedro estavam contentes por encontrar moedas de ouro e várias balas e chocolates. Resolveram pegar o pote, pois estavam famintos. Tão famintos que a dupla de amigos pegou várias balas, inclusive as amarelas e se esqueceram desse detalhe. Mais tarde o olho deles começou a escurecer e ficaram quietos, com comportamento estranho. Pedro se lembrou das balas e falou para Matheus, que estava quieto desde o início, para tomar cuidado, pois haviam ingerido as balas amarelas. Quase foram pegos pelo monstro e achou uma porta que por sorte eles tiveram a chave. Tiveram a sorte de escapar. Nesse momento, Matheus mais servia como um guia, juntamente com a sua nova colega, Tatiana, que estava tão quieta quanto ele, até que o silêncio entre eles se quebrou e começaram a falar de suas vidas, enquanto Sabrina e Pedro estavam lentos e drogados devido ao efeito psicodélico. Tatiana tinha cabelos curtos e havia algo de suspeito nela, que Matheus ainda não conseguia identificar. Sentia-se exausto de tanto andar, e a adrenalina e medo ali presentes fazia com que suas energias se deteriorassem mais rápido, apesar das botas pretas confortáveis e roupas um tanto largas que foi dado inicialmente para todos vestirem, sentia imensa vontade de ficar em um lugar tranqüilo e seguro, para deitar e dormir por horas. Tatiana falava de sua vida, trabalhava em um pequeno mercado em uma cidade vizinha, e tinha um irmão que exercia uma função importante dada pelo prefeito de sua cidade.

Estavam cansados, pegaram um sanduíche, guardaram água na mochila e viram o aviso do robô:

-Vocês serão recompensados pelas chaves e tesouro que encontraram anteriormente. Como recompensa, terá acesso à entrada mais fácil para chegar logo na segunda dimensão. Cuidado com os zumbis. Eles são lentos, mas se te pegarem, você se torna um deles. Com isso, ficarão presos aqui para sempre!

-Estamos sendo enganados! Não falaram que havia zumbis e coisas desse tipo aqui! Tatiana gritou assustada, enquanto Sabrina e Pedro estavam melhores, mas um tanto lentos. Matheus aproveitava pra guardar a máxima quantidade de comida possível em sua mochila, e teve a idéia de fazer o mesmo com os demais. Com exceção de Tatiana, que não quis abrir sua mochila por algum motivo.

-Claro que não; mas se falássemos revelaria demais o jogo. Mas alertamos da possibilidade de morrer aqui dentro. O perigo sempre foi alertado. - Falou o robô que depois completou para que corressem dali.

Os amigos estavam na segunda dimensão. Viram um lugar para dormir, uma espécie de porta já aberta com um espaço vazio. Mas não dormiram por mais de cinco horas. Comeram ainda ali dentro, e de longe, avistaram um homem andando vagarosamente: era um zumbi. Parecia ter uma inteligência inferior em relação aos monstros vermelhos que mais pareciam vampiros no andar de baixo. Sua origem ainda era incerta, ainda estavam cheios de dúvidas. As criaturas vestiam roupas rasgadas e possuíam aparência que dava medo. Ainda dava uma ponta de dúvida para saber se aquilo era mesmo real. Encontraram um mapa dentro de um baú deixando num canto, mostrando como chegar a um importante baú, mas não sabiam como encontrar a chave para abrir. Pedro pegou o pequeno baú quando encontraram e o colocou em sua mochila, encontraram energéticos e seguiam vagarosamente a procura da chave. Pouco depois se tocaram: e se outra pessoa já estiver com a chave? Perceberam que precisariam ver se havia mais alguém ali. Precisavam ter contato com as outras pessoas.

Júlia ainda na primeira dimensão estava andando, até que caiu em um buraco negro. Foram avisados que era um túnel que a levou até o fim do jogo, sendo eliminada, podendo retornar caso quisesse. Maurício seguia cansado e assustado apenas com Ricardo: o seu colega de trabalho. Ambos eram advogados e já se conheciam. Conseguiram entrar na segunda dimensão e já tinham visto quatro zumbis e um pouco depois viram Sabrina, Pedro e Matheus de longe, junto com Tatiana. Abraçaram-se e falaram sobre Ana e Júlia, que não estavam mais no jogo e acreditavam também que não estavam mortas, talvez sair do jogo seria o melhor para ambas, tudo ainda estava confuso. Mas em seguida foi dito que realmente saíram por pura escolha, de acordo com um robô. Maurício abordou que encontrou uma pequena chave dentro de uma caixa de madeira, que podia ser do baú que estava com Matheus. Um novo grande grupo já se encontrava inteiramente unido.

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Amanda Passos
Enviado por Amanda Passos em 22/02/2018
Reeditado em 19/03/2023
Código do texto: T6261442
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