O ataque dos germes sereia CAP 02
Capítulo 2 - A conquista dos germes-sereia
Tapa na cara. Forte.
- Acorda Gabriela. Vamos. Acorda. O mundo não é mais o mesmo. Não é seguro. Você estava sonhando.
Tapa na cara. Forte
Gabi levantou as duas mãos pra cima e gritou:
- Já estou acordada, tá bom. Pare.
Eu nunca chamo ela de "Gabi". Somente imagino a chama-la assim, pareceria normal. Não quero ela abaixando a guarda. Todos nos acordamos dessa forma. Para já ficarmos em alerta, já descarrega adrenalina. Acorda-se preparado. E não se pensa no mundo antes do dia E. Ao dormirmos, sonhamos com o mundo de antigamente, todos nós. Aceleramos em comboio, estamos em 18 sobreviventes. Eu e Gabi no carro possante, uma CLK Mercedes, nossa função é ir a frente, abrindo caminho e fazendo o reconhecimento. Aprendemos a sobreviver rastreando o inimigo, eles são farejadores, termais (detectam suas emissões de calor) outros vibrações, sabemos disso pela forma que atacam, armadilhas subterrâneas, ataques repentinos. Esses animais são alienígenas, não me surpreenderia serem mais inteligentes que nós. Nos dias atuais polegar não é vantagem na seleção natural. Vamos a frente seguindo, os grandes alados, onde os encontramos haverá mais caça e nossa presença menos relevante. Por mais que isso possa parecer irônico e uma péssima alternativa de sobrevivência, os alados são os mais temidos e também por outros predadores, caçam os ALIENs menores rondam e atacam em grupos, sua população foi reduzida, sofreram uma grande baixa. Ultimamente são raros de serem vistos, onde estiverem os voadores gigantes os menores fugirão.
Atrás de nós segue o comboio, 3 ônibus Home Truck. Um caminhão-tanque de gasolina, e as 3 blazer carregadas com 0.5 ao final. Um dos sobreviventes o Jack era oficial do exército brasileiro. Sargento armeiro. Ele adaptou dentro dos carros o suporte e as metralhadoras para disparar pelo vidro de trás do carro, como antes era feito nas guerras de cartel. Com uma arma dessas pode derrubar grande parte dos animalescos. O problema é acertar. Na maior parte dos ataques não sabemos de onde vieram. Poucos conseguiram sobreviver e contar. Eu e Gabi somos os últimos a sobreviver a ataques de ALIEN. Paramos umas 5 vezes por dia em lugares diferentes, nunca repetimos o trajeto. Carregamos transformadores e bombas para puxar gasolina. Os postos e centros de alimentação são os locais mais perigoso para nós, ideais para emboscadas. Eles sabem que precisamos de alimento e gasolina. Outra tarefa importante é procurar sobreviventes. Cada vez mais raros. O último encontrado foi o Rico a dois meses. Ele sobreviveu, foi inteligente, aprendeu a se camuflar com tecidos sobre o corpo. A noite dormia em lugares descampados e com sua tenta ao chão coberta de areia, alimentava-se dos enlatados que encontrava nos subúrbios. Comer carne é impossível. Comida está valiosa. No grupo contamos com um engenheiro elétrico, o Maicon. Está conosco desde o começo, foi o primeiro encontrado vagando com seu Dodge Charger RT 1970, ele não achou o carro, era dele mesmo, não abriu mão da sua relíqua. De grande ajuda, adapta os nossos recursos operacionais. De repente, uma sombra imensa, como um avião sobrevoando baixo, passa por nós.
- Você viu aquilo Gabriela ?
- É o maior de todos que já vimos, olha como esse animal voador evoluiu. Repeti plasmado para Gabriela.
- Acho que ele vem migrando de outro lugar, pai. Respondeu a minha filha.
- Sim, com certeza Gabriela, ele está migrando. O que significa ao norte tens menos alimento. Respondi.
- Copia Maicon, você viu aquilo ? Chamei meu amigo sobrevivente ao rádio.
- Sim João, eu vi. Ele respondeu.
- Vamos segui-lo, nessa direção. Exclamei.
- Não sei João, ele era muito grande. Está a procura de animalescos que podem ser desagradáveis para nós. Respondeu Maicon.
- Ao norte estará devastado. Muito mais perigoso. Não temos muita opção. O inimigo do meu inimigo é meu amigo. Vamos na direção que passou. Respondi.
Não me lembro quando colocaram-me de líder do grupo. Na verdade não sou. Traço meu caminho e de minha filha, se não nos seguem abandonamo-os. Eles nos seguem por acreditarem ser a nossa a melhor opção.
- Pai olha. Gritou Gabriela.
Um Alien quadrupede maior que nosso carro. Em frente a rodovia, parado. Será ele esperava um confronto ? Travei as rodas do carro. Ele não se mexeu. Ficou a nos encarar e nós a ele.
- Dá ré pai. Dá ré Pai. Gritou Gabriela. O medo começou a surgir em seu coração.
Não havia mesmo muitas opções, engatei R e acelerei. Depois puxei o freio de mão, virei a direção pisando de leve ao freio e o carro virou, engatei D e acelerei ao máximo.
- Está nos seguindo Gabriela. Perguntei a ela.
- Sim pai. Ela me respondeu.
- Devemos estar em uma zona de baixa quantidade de comida e viramos alvo. Respondi a ela.
- Ele está se aproximando pai, ele é muito rápido. Gritou a Gabriela.
- Não fique nervosa e mostre medo Gabriela, você sabe que ele sente e se atrai pelo seu medo. Rápido pegue o sinalizador. Disse a ela.
O sinalizador é uma das armas eficientes para pequenas distrações e fugirmos. Sempre mire aos olhos, se não o acertar, poderá para-lo para ver o que está mais próximo. Segundos importantes entre vida e morte. Esses Aliens podem ser inteligentes, mas a fome é maior. Seu instinto é comer sem cessar. Estamos no meio de uma limpeza biológica Alienígena. Eles são a arma para novos conquistadores do espaço. Mas vou estragar o plano desses malditos extraterrestres, vamos sobreviver e conquistar o planeta Terra novamente.
- Pai ele continua se aproximando. 300 m. Mais calma exclamou Gabriela.
- Fique atenta Gabriela, quando chegar a 150 m atire aos olhos. Respondi.
- Pai olha aquilo. Gritou Gabriela. Novamente nervosa. - É ele, o alado gigante, está em nossa frente. - Pai, ele está vindo na nossa direção. Ele vai nos pegar. - Pai. Gritou Gabriela.
Em nossa frente o Alado gigantesco em voo rasante. Atrás um quadrupede velocista onde a Mercedes CLK não consegue velocidade suficiente para despistar. Não sobrava muita opção. Continuei acelerando, apesar dos gritos de desespero da Gabi para que eu mudasse o rumo da direção. Mantive em linha reta contra o gigante voador. Ela desesperada, algo raro nela. Ela aprendeu a controlar seus medos, por instinto. Sobrevivente. Mas hoje não, ela acreditou que morreria. Esqueceu da promessa que fiz, vamos sobreviver. Vamos vencer esses animalescos gigantes e colonizar o mundo novamente. Por isso precisamos de mais sobreviventes. Preciso guardar um noivo para ela.
- PAAAAAAAAI – Gritou Gabriela no maior tom de seu desespero dos últimos 6 meses.
O grande voador deu sua baixa rápida em nossa direção, com muito sangue frio mantive a rota. Num golpe rápido ele atacou e pegou o feroz predador atrás de nós, prestes a nos atacar. Arrancou-lhe do chão como se fosse uma pequena galinha. Rapidamente freei novamente em uma manobra brusca em cavalo de pau coloquei o carro de volta a rota original. Mantemos o plano. Gabriela em prantos de choro, coitada achou que morrera naquele momento.
- Gabriela, engole o choro. Para. Não pode chorar, não pode ter medo eles sentem isso. Para agora. Exclamei para ela em tom duro.
Para você leitor, pode achar uma forma muito dura de tratar minha filha. Ela é minha princesinha. Ela é uma menina adorável, linda. Toda sua juventude perdida. Deveria estar no auge da sua adolescência. Seus primeiros namorados. Os melhores momentos da sua vida roubados por esses PET ALIENs. Mas isso agora não importa. O que interessa é sobreviver e sobrevivemos a todo instante. Todo segundo é precioso e não desperdiçado. Nunca reclamamos, nunca estamos triste. Todo momento pode ser nosso último. Então a vida é linda. Vivida a cada segundo. Adrenalina constante. Não poderíamos estar em lugar melhor.
- Maicon, parada em 3 h. Seguindo a Sul. Repasse a transmissão. Cambio.
Nunca me paro de me perguntar, de onde vieram esses germinhos-sereia, como apareceram até nós ? Como vieram parar no nosso planeta ? Somos culpados por ter-los aceitos tão docilmente ? Sem ninguém perceber ? Eu já contei pra você como eles conquistaram nosso planeta ?