Insônia
O som do trovão parece explodir dentro do meu quarto e me desperta. Levo a mão instintivamente ao interruptor ao lado da cama, mas a luz não acende.
A chuva deve ter derrubado a rede de eletricidade.
Fico ali, quieta, talvez se eu fechar os olhos consigo voltar a dormir. Começo a perder a consciência. Logo estarei vagando por um sono leve.
Sinto-me feliz. Talvez hoje eu tenha uma noite inteira de sono. Ainda é cedo. Não deve ser nem uma da manhã. Tenho bastante tempo...
Porque estou pensando nisso? Tento silenciar minha mente. Preciso voltar a dormir antes que o sono me escape, antes que eles cheguem...
Não penso em nada, não penso... silêncio... Estou quase dormindo... o som da chuva lá fora ajuda...
A imagem invade minha mente e me desperta.
Não, por favor, não!
O primeiro pensamento chega e sei que ele será seguido pelos demais.
Aperto os olhos, não quero ver. Mas a imagem está lá, os pensamentos invadindo minha mente como intrusos, sem serem convidados.
Vejo meus pais caídos na estrada, tem muito sangue ali, seus olhos estão abertos e me olham. Um acidente que nunca aconteceu, mas que em minha mente se repete vezes sem fim, me torturando.
Quando aquela imagem se vai, mesmo eu já sabendo o que verei em seguida, sinto a ansiedade me invadir, não quero ver aquilo, mas é inevitável e não consigo afastar aquela cena em que as rodas do carro passam sobre a cabeça da minha irmã, mais uma vez seus olhos abertos me fitam.
Aquilo acaba e então vem a pior imagem, a que me tortura, que faz com que eu me odeie pelo simples fato de cogitar aquilo, belisco a pele do meu braço, arranho minhas coxas, mordo meus lábios com força, as vezes a dor ajuda a afastar os pensamentos, mas hoje isso não acontece, hoje eu tenho que ver minha sobrinha, meu anjo lindo, caindo da janela do apartamento, seu corpo no chão, os olhos abertos.
Respiro fundo tentanto inutilmente me livrar daquilo. Estou suando e sentindo frio ao mesmo tempo. Sei que tenho poucos segundos antes que tudo comece outra vez.
“Não, por favor!” imploro para que minha mente pare de me torturar, para que me obedeça, mas minha mente não obedece, e aquela roleta recomeça, agora girando ainda mais rápido... vejo meus pais, minha irmã, minha sobrinha, meus pais, minha irmã, minha sobrinha, meus pais, minha irmã, minha sobrinha, meus pais irmã sobrinha... tudo se mistura... sangue, olhos abertos... meus pais, minha irmã, minha sobrinha...
A noite se torna madrugada e a madrugada começa a dar lugar ao amanhecer, a tortura está próxima do fim.
Enfim, minha mente livre me permite pegar no sono.
Estou exausta física e emocionalmente quando o despertador toca, me dizendo que está na hora de acordar.
A chuva deve ter derrubado a rede de eletricidade.
Fico ali, quieta, talvez se eu fechar os olhos consigo voltar a dormir. Começo a perder a consciência. Logo estarei vagando por um sono leve.
Sinto-me feliz. Talvez hoje eu tenha uma noite inteira de sono. Ainda é cedo. Não deve ser nem uma da manhã. Tenho bastante tempo...
Porque estou pensando nisso? Tento silenciar minha mente. Preciso voltar a dormir antes que o sono me escape, antes que eles cheguem...
Não penso em nada, não penso... silêncio... Estou quase dormindo... o som da chuva lá fora ajuda...
A imagem invade minha mente e me desperta.
Não, por favor, não!
O primeiro pensamento chega e sei que ele será seguido pelos demais.
Aperto os olhos, não quero ver. Mas a imagem está lá, os pensamentos invadindo minha mente como intrusos, sem serem convidados.
Vejo meus pais caídos na estrada, tem muito sangue ali, seus olhos estão abertos e me olham. Um acidente que nunca aconteceu, mas que em minha mente se repete vezes sem fim, me torturando.
Quando aquela imagem se vai, mesmo eu já sabendo o que verei em seguida, sinto a ansiedade me invadir, não quero ver aquilo, mas é inevitável e não consigo afastar aquela cena em que as rodas do carro passam sobre a cabeça da minha irmã, mais uma vez seus olhos abertos me fitam.
Aquilo acaba e então vem a pior imagem, a que me tortura, que faz com que eu me odeie pelo simples fato de cogitar aquilo, belisco a pele do meu braço, arranho minhas coxas, mordo meus lábios com força, as vezes a dor ajuda a afastar os pensamentos, mas hoje isso não acontece, hoje eu tenho que ver minha sobrinha, meu anjo lindo, caindo da janela do apartamento, seu corpo no chão, os olhos abertos.
Respiro fundo tentanto inutilmente me livrar daquilo. Estou suando e sentindo frio ao mesmo tempo. Sei que tenho poucos segundos antes que tudo comece outra vez.
“Não, por favor!” imploro para que minha mente pare de me torturar, para que me obedeça, mas minha mente não obedece, e aquela roleta recomeça, agora girando ainda mais rápido... vejo meus pais, minha irmã, minha sobrinha, meus pais, minha irmã, minha sobrinha, meus pais, minha irmã, minha sobrinha, meus pais irmã sobrinha... tudo se mistura... sangue, olhos abertos... meus pais, minha irmã, minha sobrinha...
A noite se torna madrugada e a madrugada começa a dar lugar ao amanhecer, a tortura está próxima do fim.
Enfim, minha mente livre me permite pegar no sono.
Estou exausta física e emocionalmente quando o despertador toca, me dizendo que está na hora de acordar.