Os germinhos sereia

Aconteceu num final de semana, comum. Estava com meu irmão mais velho e meu tio. Fomos a passear num bosque na cidade que moramos, lugar muito frequentado e com alguns animais silvestres para os visitantes. Local público, dia quente sol. Não me lembro porque fomos ao local, somos adultos, eu não estava a conversar com meu irmão por motivos de brigas familiares, com meu tio sempre nos dávamos bem. Seria mais um dia comum, se nao houvesse algo novo, nunca antes visto. Meu tio foi o primeiro a ver, logo quando crianças a brincar próximos de nós com seus germinhos, mas o que era isso ? Todo entusiamado ele pegou um do chão e logo todo feliz ficou deslumbrado, me recordo ele dizer:

- Parece um germe sereia, lindo, e come na nossa mão. Pequeno, minúsculo.

Fiquei curioso, não sabia o que era, nunca havia visto algo parecido, logo fui atrás de encontrar um, nada difícil, ao chão haviam bolinhas verdes quando chegava perto elas soltavam delicadamente um pequeno germe na mão, como se dissesse, cuide de mim. Logo nós três já estávamos com seus germinhos sereia alimentando-os, pequenos indefesos. Fofos, lindo de ver comer em nossas mãos.

Todo fascínio transformava o passeio, a richa com meu irmão passado, tudo era muito gratificante, em pouco tempo todos estávamos com seus germinhos sereia, adultos crianças, passeando ao parque com seus novos bichinhos, procurando alimento para eles. Esses bichinhos realmente eram muito fofos e delicados, ficavam na palma da mão e um grão de comida eles engoliam com vontade e nunca paravam de comer.

Meu tio e meu irmão voltaram a ser crianças novamente tamanha felicidade em cuidar e alimentar esses seres mágicos, admito entusiamado fiquei no começo com algo tão singular e nem me perguntava de onde teria vindo esses germes ?

Logo passaram algumas horas, não me recordo, estava com meu germinho sereia, alimentando-o como todos no bosque. Como tudo come, cresce, já não era mais um minúsculo germe, já estava do tamanho da metade da minha mão e mostrava aparentes dentes e fome insaciável. Ao menor cheiro de comida devorava tudo. Lembrei de um animal doméstico, do qual alimentamos quando pequenos e crescem reconhecendo seus donos. Eles também ? Não demorou muito, e alguns sacos de pipoca, milho e tudo o que se vendia no local ele já começava apresentar sua forma: Um quadrupte parecido com listras de um tigre, sem olhos e com enorme boca e dentes. Já não o achava assim fofinho, parecia um pequeno predador. Com essa estranha forma eu o abandonei, joguei-o ao mato. Não me parecia algo que eu quissesse criar ou ter lugar para ele. Nesse mesmo tempo passou uma mulher ao meu lado, com o dedo sangrando indo embora com pressa a dizer:

- ele me mordeu, ele me mordeu, meu bichinho me mordeu

Foi quando comecei a perceber algo estava errado, eles não param de comer e não param de crescer. Fui procurar meu tio e meu irmão para afastar eles desses bichos peçonhentos. Logo já começava a perceber um certo corre corre, país com seus filhos e ainda alguns com seus pequenos leões a procurar comida. Meu tio estava a beira de um barranco quando o achei, ele estava parado com seu bichinho de estimação quando o mesmo o mordeu e ele escorregou. Corri para ver se ele havia se machucado, quando cheguei para vê-lo não pude acreditar, haviam muitos deles e o devoraram tão rápido que ele nem gritou, como piranhas, até os ossos comeram. E mais uma surpresa me havia guardado, quando eles comem carne se desenvolvem mais rápidos, evoluem e ficam ágeis e começam a criar olhos ouvidos. Já estavam do tamanho de cachorros.

Como por instinto de sobreviver corri para fora do bosque, no caminho era so desespero, vi pessoas com as mãos comidas pelos seus germes para dar-lhes de alimento, os animais gritando tentando se defender das manadas que atacavam em grupos, nada podia fazer além de correr. Meu irmão ao meio sendo devorado, já não haviam muitas pessoas com vida, os poucos que ainda restavam corriam em desespero, ao caminho os predadores enormes a buscar ferozmente suas presas e comendo-as inteiras, sem cessar, crescendo, evoluindo. Estavam do tamanhos de rinocerontes, com garras olhos e bocas com dentes a fora. Ao sair ao fundo ouvia os gritos de desespero, será que fui o único a sair com vida ? Em meio a pouco tempo o ambiente mudou de um passeio feliz a uma carnificina feroz de animais enfurecidos atacar todos pelo caminho.

Não sei como mas consegui chegar ao carro, vim direto para o meu prédio, só pensava nos meus filhos. Ao chegar aparentava estar tudo normal, mas algumas crianças alimentando seus germinhos, junto com seus pais, babás e funcionários do prédio. Tentei alerta-los para o perigo eminente mas os defendiam feito suas crias. Sabia que seria inútil. Peguei meus filhos enquanto tempo havia para fugirmos. Entrei em auto estrada, liguei para todos que conhecia, mas inútil ninguém atendia. O que havia acontecido? Para onde iria?

PS: Esse conto é adaptação de um sonho que tive, está contado da forma que me lembro e adaptado para ter um final. Foi reescrito para ser adequado a o concurso CLTS 2. Com o nome do ataque dos germes sereia.