LIGAÇÃO DO INFERNO
Havia começado como operador a menos de uma semana. Cobrar as pessoas nunca foi meu forte, mas sempre dei o meu melhor. Já era quase a centésima quarta ligação do dia e tudo fora daquele headset tedioso parecia melhor e mais interessante. Era por volta do meio dia quando a ficha de Rogério Wellington Van Collar caiu para mim, o senhor de quase oitenta anos tinha dificuldade para falar e levei quase meia hora para fazê-lo confirmar os dados de segurança para poder prosseguir o contato. Rogério estava devendo três mil duzentos e vinte reais de um cheque especial e um cartão de credito no valor de noventa reais. Tentei negociar com ele, mas o senhor me implorou que retirasse os juros de seus produtos, por dez vezes disse que só conseguia pagar até quinhentos reais que era o que tinha guardado.
Com quase uma hora de ligação, acabei me irritando com o senhor e gritei com ele o xingando, disse que o debito era contratual e que se ele não queria pagar juros deveria não ter pedido créditos ao banco. A ligação ficou muda em seguida e ouvi ao fundo uma respiração ofegante, e um grunhido quase inaudível, tive de desligar o contato, pois já fazia cerca de dois minutos que não respondia.
No dia seguinte não consegui ir trabalhar, estava gripado e durante o tempo que fiquei em cima da cama, ligaram no meu celular, um número desconhecido, eu atendia, mas sempre que o fazia a ligação caia e ligavam de novo, e de novo e de novo até que desliguei o celular. No dia seguinte minha gripe piorou, parecia que estava sugando minhas forças, e estava perdendo pesa de minuto, em minuto, cada vez mais magro. Pedi afastamento do trabalho e comecei a juntar uma tonelada de dividas, pois o dinheiro do INSS não saiu dentro do prazo. Então, seis meses depois, deitado numa maca num hospital, tendo perdido a casa e quase tudo que tinha, um enfermeiro veio me trazer um celular, disse que a ligação era para mim, e quando atendi já esperava que ligação estivesse muda.
Havia começado como operador a menos de uma semana. Cobrar as pessoas nunca foi meu forte, mas sempre dei o meu melhor. Já era quase a centésima quarta ligação do dia e tudo fora daquele headset tedioso parecia melhor e mais interessante. Era por volta do meio dia quando a ficha de Rogério Wellington Van Collar caiu para mim, o senhor de quase oitenta anos tinha dificuldade para falar e levei quase meia hora para fazê-lo confirmar os dados de segurança para poder prosseguir o contato. Rogério estava devendo três mil duzentos e vinte reais de um cheque especial e um cartão de credito no valor de noventa reais. Tentei negociar com ele, mas o senhor me implorou que retirasse os juros de seus produtos, por dez vezes disse que só conseguia pagar até quinhentos reais que era o que tinha guardado.
Com quase uma hora de ligação, acabei me irritando com o senhor e gritei com ele o xingando, disse que o debito era contratual e que se ele não queria pagar juros deveria não ter pedido créditos ao banco. A ligação ficou muda em seguida e ouvi ao fundo uma respiração ofegante, e um grunhido quase inaudível, tive de desligar o contato, pois já fazia cerca de dois minutos que não respondia.
No dia seguinte não consegui ir trabalhar, estava gripado e durante o tempo que fiquei em cima da cama, ligaram no meu celular, um número desconhecido, eu atendia, mas sempre que o fazia a ligação caia e ligavam de novo, e de novo e de novo até que desliguei o celular. No dia seguinte minha gripe piorou, parecia que estava sugando minhas forças, e estava perdendo pesa de minuto, em minuto, cada vez mais magro. Pedi afastamento do trabalho e comecei a juntar uma tonelada de dividas, pois o dinheiro do INSS não saiu dentro do prazo. Então, seis meses depois, deitado numa maca num hospital, tendo perdido a casa e quase tudo que tinha, um enfermeiro veio me trazer um celular, disse que a ligação era para mim, e quando atendi já esperava que ligação estivesse muda.