O LOBISOMEN E O ESPANTALHO


Tínhamos colocado um espantalho no centro da plantação. Já fazia uma semana que a coisa atacava nossas videiras, por vezes destruía boa parte da plantação e tudo ocorria no período noturno. Max, nosso cachorro saiu uma noite quando ouviu alguma coisa, fomos encontrar seus restos dois dias depois atrás sob uma pilha de roupas rasgadas, inclusive, encontramos ossos estranhos que não pareciam ser de um cachorro. As noites toravam-se curtas, não conseguíamos dormir, precisávamos acabar com aquilo, meu irmão, Edgar, sabia atirar como meu pai, e desenterrou do fundo do porão a velha espingarda dele. Estávamos preparados para quando a coisa viesse. Um mês se passou e nada aconteceu, então, quando acordamos um dia, Mary nossa mãe havia sumido, seguimos um rastro de sangue que desapareceu dentro da plantação.
Não sabíamos o que fazer, e sentíamos que algo muito ruim havia acontecido com nossa mãe. Alex nosso irmão mais novo encontrou atrás de nossa casa um vestido branco de nossa mãe manchado de sangue e aquilo foi a resposta para nossa pergunta, a coisa matou nossa mãe. Chamamos o delegado, seis policiais, um repórter, um padre, alguns vizinhos e vários cães de caça e fomos a procura da besta. Quando a lua subiu a céu ouvimos um uivo vindo do centro da –plantação próximo do espantalho, algo se movia vorazmente naquele espaço. Estava morrendo de medo. Pediram que cercássemos a coisa, notei desde que me afastei dos outros que o delegado havia sumido e um grito pavoroso ressoou, era o som violento de estalar de ossos e pele sendo dilacerada. A coisa estava próxima de mim, tentei fugir, mas aquilo me perseguiu, ouvi tiros, mas pareciam mirar a ermo, quando aquilo me alcançou, abocanhou meu pé e me puxou, quando me virei, percebi que a coisa era Alex, nosso irmão mais novo, seu corpo estava cheio de pelos e no seu tórax havia uma marca de mordida. Ele aranhou minha jugular e mordeu meu braço, sentir o gosto do meu sangue deve ter feito se lembrar de quem eu era, seus olhos de citrino ficaram claros e azuis, e ele uivou calmo, me soltou e correu. Não contei a ninguém sobre isso, Alex também não se lembra do que aconteceu. Os pedaços de nossa mãe foram encontrados próximos do espantalho, em estado de decomposição. Agora, sempre que a lua sobe ao céu, adormeço abruptamente e tenho medo, tenho muito medo que possa ter me tornado aquela coisa.
Vinícius N Neto
Enviado por Vinícius N Neto em 24/01/2018
Código do texto: T6235030
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.