À ESPERA
Meus pais me disseram que iam viajar e que voltariam em poucos dias, tinha seis anos, hoje tenho trinta anos e até hoje não sei o paradeiro deles, às vezes sonho com eles voltando, naquele fusca vermelho, felizes me tomando em seus braços me abraçando e me beijando, acordo, caio no choro. Há anos em vão os procuro, como outros filhos de desaparecidos políticos, nada de resposta, continuam insepultos em uma vala comum, mas quanta dor isso me causa!