Um conto inspirado e escrito no Café do Mato, Lençóis Ba:
As escadas, eram duas apenas..., eram grandes, largas e irregulares. Mas bem visíveis. As pessoas podiam vê-las de uma longa distância. Mas aquela moça gordinha não viu. Estava distraída e acabou tropeçando.
De seu corpo estirado, - metade entre os degraus, metade na calçada de pedra – escorria um filete de sangue escuro, quase roxo. Algumas pessoas se aproximaram e pararam em sua volta...
Uma senhora deu dois passos pra trás, para que o filete de sangue pudesse passar livremente, e também para que o mesmo não acabasse sujando suas sandálias, que eram brancas e recém lavadas.
O casal cochichava... perguntavam-se distraidamente, em meio a beijos e abraços, se ela estava mesmo morta, se tinha desmaiado, ou se queria apenas chamar atenção.
Um sujeito alto e muito magro, fumando um cigarro e muito bem vestido, se manteve afastado de tudo, encostado no muro do outro lado da rua onde havia outro restaurante. A garota do restaurante lhe ofereceu o cardápio, mas ele fez uma careta e ela acabou se afastando ofendida. O homem era médico, mas estava de férias, com muita preguiça, e não queria trabalhar dando socorro a ninguém... muito menos de graça.
Muito perto do corpo, a esquerda, a adolescente da cabelos longos, calça lascadas e excesso de atitude, tapava a boca com a mãos, apertando o rosto com força. Ela tentava parecer chocada com a situação, mas na verdade tinha uma terrível mania de gargalhar quando via pessoas caindo na rua. Afinal, acabou fingindo um ataque de choro, que na verdade era um ataque de riso.
A menina linda de cinco anos, filha dos donos do bistrô, largou-se dos braços da mãe e correu até o corpo.
A menina percebeu que as pernas davam pequenos espasmos. Ela olhou em volta e ninguém lhe impediu de pegar a cabeça da moça gordinha pelos cabelos e puxar, a fim de poder ver o seu rosto.
A mulher estava deformada, com a pele em torno da boca quase removida, envolta em sangue misturado com a areia do chão.
- Oi! – Disse a menina, sorrindo docemente.
O único olho que sobrara naquele rosto disforme, piscou duas vezes, como que tentando responder a gentileza da menininha. E o pouco de pele que ainda restava naquelas bochechas, se esticou, parecendo tentar sorrir.
A menina soltou bruscamente os cabelos da moça, fazendo com que a face batesse novamente com o rosto no chão, mas não com tanta força.
- Ela está viva?! – Perguntaram.
- Sim. – Respondeu a menina, sorrindo.
E então todos se afastaram e foram viver suas, enquanto a moça gordinha continuava com seus espasmos de dor, atrapalhando a passagem dos clientes no restaurante.
As escadas, eram duas apenas..., eram grandes, largas e irregulares. Mas bem visíveis. As pessoas podiam vê-las de uma longa distância. Mas aquela moça gordinha não viu. Estava distraída e acabou tropeçando.
De seu corpo estirado, - metade entre os degraus, metade na calçada de pedra – escorria um filete de sangue escuro, quase roxo. Algumas pessoas se aproximaram e pararam em sua volta...
Uma senhora deu dois passos pra trás, para que o filete de sangue pudesse passar livremente, e também para que o mesmo não acabasse sujando suas sandálias, que eram brancas e recém lavadas.
O casal cochichava... perguntavam-se distraidamente, em meio a beijos e abraços, se ela estava mesmo morta, se tinha desmaiado, ou se queria apenas chamar atenção.
Um sujeito alto e muito magro, fumando um cigarro e muito bem vestido, se manteve afastado de tudo, encostado no muro do outro lado da rua onde havia outro restaurante. A garota do restaurante lhe ofereceu o cardápio, mas ele fez uma careta e ela acabou se afastando ofendida. O homem era médico, mas estava de férias, com muita preguiça, e não queria trabalhar dando socorro a ninguém... muito menos de graça.
Muito perto do corpo, a esquerda, a adolescente da cabelos longos, calça lascadas e excesso de atitude, tapava a boca com a mãos, apertando o rosto com força. Ela tentava parecer chocada com a situação, mas na verdade tinha uma terrível mania de gargalhar quando via pessoas caindo na rua. Afinal, acabou fingindo um ataque de choro, que na verdade era um ataque de riso.
A menina linda de cinco anos, filha dos donos do bistrô, largou-se dos braços da mãe e correu até o corpo.
A menina percebeu que as pernas davam pequenos espasmos. Ela olhou em volta e ninguém lhe impediu de pegar a cabeça da moça gordinha pelos cabelos e puxar, a fim de poder ver o seu rosto.
A mulher estava deformada, com a pele em torno da boca quase removida, envolta em sangue misturado com a areia do chão.
- Oi! – Disse a menina, sorrindo docemente.
O único olho que sobrara naquele rosto disforme, piscou duas vezes, como que tentando responder a gentileza da menininha. E o pouco de pele que ainda restava naquelas bochechas, se esticou, parecendo tentar sorrir.
A menina soltou bruscamente os cabelos da moça, fazendo com que a face batesse novamente com o rosto no chão, mas não com tanta força.
- Ela está viva?! – Perguntaram.
- Sim. – Respondeu a menina, sorrindo.
E então todos se afastaram e foram viver suas, enquanto a moça gordinha continuava com seus espasmos de dor, atrapalhando a passagem dos clientes no restaurante.