A Tumba

Início do século XX. Nas ruínas do castelo de Akalante, no sul da Espanha, o arqueólogo norte-americano, Tyrone Bells encontra, numa cripta, uma tumba há muito esquecida. Apesar de já ser noite e seus comandados estarem cansados dos trabalhos realizados durante o dia, Tyrone ignora a fome, a sede e o cansaço pelo foco em sua descoberta. Libera os quatro fiéis empregados para o merecido descanso, mas não libera sua filha, nem sua avassaladora curiosidade. ― Quem será que está na tumba? O que ela contém? ― são as perguntas que o velho arqueólogo de 77 anos se fazia. Tyrone esteve atrás de um grande descoberta durante toda sua vida. Era um tradutor renomado de sumério, sânscrito, árabe, egípcio e espanhol, mas nunca fizera uma descoberta de grande vulto. Não estava em Andaluzia à toa. Soubera de fonte segura que as ruínas do castelo de Akalante, que pertenceu a um príncipe bastardo do egípcio, Muhamed Assef III, guardavam um segredo que podia torná-lo célebre. E foi pelo desejo de entrar para história como um grande arqueólogo que Tyrone Bells levou sua equipe de quatro homens e sua filha, Anne, até a península Ibérica.

Anne Bells estava exausta, mas tal como pai bastante curiosa. Seguira a carreira do pai por adorar descobrir coisas ocultas. Quando criança amava brincar de tesouro escondido com as amigas e daí a virar arqueóloga foi um pulo. Anne tinha apenas 25 anos, mas dominava línguas mortas como o aramaico e o latim, além de ser, como o pai, especialista em espanhol medieval.

― Anne, ilumine aqui. Vou tentar remover a tampa da tumba.

― Está bom assim, papai?

― Sim. Assim está ótimo. ― Disse o velho arqueólogo fazendo um esforço colossal para abrir a tumba.

Após alguns minutos, com a ajuda de Anne, a tumba foi aberta. Nela havia um corpo mumificado segurando um livro muito antigo com capa de couro de cabra.

Tyrone pega o livro das mãos da múmia e o abre. O livro está em egípcio e ele começa a lê-lo para sua filha, que não domina o idioma: ― “Os infiéis que abrirem minha tumba sofrerão as consequências de Anúbis, o deus da morte!”. E após o arqueólogo ler esta passagem do livro, ouve-se um grito inumano e um mecanismo sela a entrada da cripta, trancando pai e filha na sala subterrânea. Pela manhã, a equipe começa às buscas ao professor e sua filha. Conseguem encontrá-los, após muito esforço, no início da tarde: ambos mortos e com os corpos em carne viva, com um olhar de medo assustador, um olhar de quem viu algo pior do que a morte.

FIM

Luciano RF
Enviado por Luciano RF em 27/12/2017
Código do texto: T6209550
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.