A NOIVA
“Amar é sem dúvida a incompreensível ilusão passageira e desesperada da vida de poder encontrar felicidade. É como um câncer que cresce no amago de nosso peito, esperando dominar nosso corpo até nos levar ao estado terminal da loucura e do sofrimento”
~I~
Carla havia esperado por quase uma noite inteira seu noivo chegar. Quando recebeu a notícia. Deixou o buque de flores cair... seus olhos logo ficaram avermelhados, inchados. Começou a chorar. A princípio soluços sem força, inexpressivos e relutantes, até se desenrolarem em prantos agressivos de dor e desespero.
Todos a fitavam, vendo sua reação, ainda sem saber o que havia acontecido. Ela estava à frente do púlpito. Seus olhos passeavam pela igreja.
— O que aconteceu? — Ouviu na multidão.
— O noivo... ele morreu.
Quando souberam, uma parcela dos convidados se comoveram, atormentados pela aquela noticia aterradora. Dayane sua irmã, precisou ser hospitalizada. Mesmo tendo inveja de sua irmã ficar com Lucas, ela nunca desejou mal nenhuma a sua irmã, e o amor platônico que tinha pelo noivo de sua irmã era de uma categoria cósmica.
— Ave Maria... — Gritou o padre, segurando o terço entre os lábios.
Carla atônita levantou o queixo até a porta da igreja, deseja vê-lo novamente, mas nunca aconteceu... Suas lagrimas tomaram forma. O padre colocou sua mãe sobre seu ombro gelado.
— Pai... consola esse coração.
— Não, não pode... não... — Soluçava Carla.
Carla não conseguia acreditar. Seu pai tomou-a contra seus braços.
— Calma filha. Calma.
Naquele momento, todas suas lembras passaram como um filme em sua cabeça. Todavia não podia se esquecer de nenhum momento. Lembrara até de seu perfume de quando o conheceu. Seu coração parecera até uma foto sendo consumida pelo fogo, uma foto manchada de sentimentos que carregava toda sua história.
O pai de Carla sentia suas lagrimas quentes escorrendo por seu pescoço.
João também sentia-se triste. Mesmo não gostando tanto de Lucas, ele sentia a dor de sua filha.
Quando finalmente seu choro tomou força, o som de seus soluços podia ser ouvido pelos convidados que começaram a se desesperar.
Carla soltou seu pai, desceu do altar, deixando-o próximo do púlpito ao lado do padre. Seu pai que segurara as alianças, deixara elas caírem pelo altar. Uma delas ricocheteou no chão e caiu em uma fenda no acoalho.
A noite segurou o vestido, suas lagrimas já haviam borrado toda sua maquiagem.
— Não Clara... volte aqui...
Clara segurou o vestido, sentiu o salto incomodar... despiu-os enquanto corria desajeitada pela nave. Os convidados tentavam segura-la, mas não conseguiram. Uma de suas tias, tentou puxa-la pelo vestido e acabou rasgando-o.
Quando saiu da igreja, estava pálida. Ela apalpava o coração que parecia saltar do peito.
— Volta... não me deixe aqui... por favor não.
Correndo pela rua, via as luzes das casas e dos postes e pareciam se misturar numa amalgama de cores insensíveis. Ela pensava em chegar em algum lugar, mas não sabia aonde. Pensava encontra-lo...
— Filha volte aqui. — Gritou seu pai da igreja, já a uns duzentos metros.
Os convidados se reuniram pela rua, vendo-a correr.
Alguns choravam, outros abraçavam-se desesperados, sem saber o que fazer, outros tentavam descobrir ao certo o que havia ocorrido, outros não estavam nem ai para o que estava ocorrendo, estavam ali só para completarem os bancos da igreja.
João tentou correr atrás dela, mas não conseguiu alcança-la. Ela colocava a mão sobre a barriga. Somente ela sabia disto.
— Não pode deixar-nos. Não...
Carla fora direto para a praia que ficava a três quilômetros. Chegara nas areias da praia cansada, mas nada a consolava. Ela caiu de joelhos na areia, chorando, chorando e chorando. Seu choro era tão alto que podia ser ouvido por um grupo de pescadores que estavam a poucos metros de distância em um quiosque. Todos levaram-se abruptamente, vendo-a lá na ponta da praia.
A mare estava alta. A agua chegara até seus pés. Carla não conseguia mais encontrar lagrimas. Sentia-se tonta. Aflita começara a sentir uma forte dor de cabeça.
— Porqueeeeee... meu deus... por favor... não. Não, não, não, não, não...
A noite envolvia o oceano. As nuvens no horizonte preenchiam-no com uma turva camada de nuvens escuras. Relâmpagos caiam sobre o mar, em clarões mudos branco-azulados. Carla não conseguia levar sua cabeça. Estava preenchida de medo e frustação.
— Não fique assim meu amor... — Sibilou uma voz vinda do oceano.
Carla ouvira aquela voz e instantaneamente levantou o rosto, contudo não viu nada a não ser as ondas ensandecidas que quebravam na praia.
— Eu sempre vou estar com você!
— Lu...
Carla levantou-se fraca, quase caindo, Até colocar-se de pé. Tentou enxergar de onde vinha aquela voz, mas não conseguia.
Deu dois passos para frente, sem direção. Sentiu a agua cobrir até seu tornozelo, molhando seu vestido. Seu cabelo estava desarrumado, caia sobre seu ombro desnudo. Ela viu uma silhueta sem forma a frente, dentro das ondas, flutuando...
— Não precisa chorar... meu amor não chore... venha...
Aquela silhueta balançava seus braços em sua direção, balando com as ondas.
Por um momento uma esperança tomou seu corpo. Então uma serie de cores luminosas cobriram as águas a sua volta. Ela parou de chorar... agora estava hipnotizada.
— Meu amor. Porque me deixou?
— Mas eu sempre estive aqui...
Carla seguiu as ondas até desaparecer nas águas, os pescadores viram ela encontrando no mar, seguindo alguma coisa, mas não conseguiram ver o que era.
~II~
— Não...
Helena acordou, suava atrevidamente. Seu marido passou a mão sobre seus braços de forma provocante.
— Volte a dormir.
Helena empurrou seus braços grossos para o lado direito. Seu cabelo bagunçado esparramado por sua face a impedia de enxergar. Ela se levantou da cama. Atônita.
— O que aconteceu?
— Nada...
Helena se lembrara de cada segundo daquele sonho. Permaneceu parada, sentada na beirada da cama durante uns dez minutos pensando.
— Carla.
Helena lembrara-se do sonho com veemência. Quando acordara parecia não conseguir respirar, como se estivesse se afogando. Ela tomara a perspectiva de Carla no sonho.
Edgar segurou seu braço violentamente, puxando-a para cama. Helena deu-lhe um tapa no rosto.
— Sua desgraçada. Volta para essa cama agora.
Helena levantou-se, jogando seu braço sobre a pilastra da cabeceira da cama, fazendo-lhe soltar.
— Eu já disse que não quero.
Helena ainda estava um pouco bêbada. Seus olhos passeavam pelo quarto. Seu desejo era se esquecer daquele sonho, mas não podia. E mesmo que quisesse não conseguiria.
Quando abriram a loja, já passava do meio dia, 10 de fevereiro, um domingo frio.
E naquele mesmo dia, um casal entrou em sua loja. Helena persegui-os com os olhos até chegar no balcão.
— Quais tipos de ternos vocês tem? — Perguntou Lucas colocando a mão sobre o balcão.
Helena vidrou-o, enquanto lembrou-se daquele sentimento ilustre de tristeza que a fez chorar.
— O que foi? Há algo de errado?
Helena enxugou a lagrima e respondeu.
— Não é nada. É que é tão bonito ver um casal como vocês.
Helena os atendeu sem acreditar. O casal escolheu um terno branco, uma gravata vermelha listrada e um sapato branco.
— Desculpe, qual é o nome da senhora?
— Me chamo Carla.
Helena estremeceu muda.
— Carla... que nome bonito. Espero que voltem sempre.
Helena fechou a loja e seguida, não conseguia acreditar.
Helena acordou, suava atrevidamente. Seu marido passou a mão sobre seus braços de forma provocante.
— Volte a dormir.
Helena empurrou seus braços grossos para o lado direito. Seu cabelo bagunçado esparramado por sua face a impedia de enxergar. Ela se levantou da cama. Atônita.
— O que aconteceu?
— Nada...
Helena se lembrara de cada segundo daquele sonho. Permaneceu parada, sentada na beirada da cama durante uns dez minutos pensando.
— Carla.
Helena lembrara-se do sonho com veemência. Quando acordara parecia não conseguir respirar, como se estivesse se afogando. Ela tomara a perspectiva de Carla no sonho.
Edgar segurou seu braço violentamente, puxando-a para cama. Helena deu-lhe um tapa no rosto.
— Sua desgraçada. Volta para essa cama agora.
Helena levantou-se, jogando seu braço sobre a pilastra da cabeceira da cama, fazendo-lhe soltar.
— Eu já disse que não quero.
Helena ainda estava um pouco bêbada. Seus olhos passeavam pelo quarto. Seu desejo era se esquecer daquele sonho, mas não podia. E mesmo que quisesse não conseguiria.
Quando abriram a loja, já passava do meio dia, 10 de fevereiro, um domingo frio.
E naquele mesmo dia, um casal entrou em sua loja. Helena persegui-os com os olhos até chegar no balcão.
— Quais tipos de ternos vocês tem? — Perguntou Lucas colocando a mão sobre o balcão.
Helena vidrou-o, enquanto lembrou-se daquele sentimento ilustre de tristeza que a fez chorar.
— O que foi? Há algo de errado?
Helena enxugou a lagrima e respondeu.
— Não é nada. É que é tão bonito ver um casal como vocês.
Helena os atendeu sem acreditar. O casal escolheu um terno branco, uma gravata vermelha listrada e um sapato branco.
— Desculpe, qual é o nome da senhora?
— Me chamo Carla.
Helena estremeceu muda.
— Carla... que nome bonito. Espero que voltem sempre.
Helena fechou a loja e seguida, não conseguia acreditar.
~III~
— O que vai fazer hoje?
— Não troque de conversa... sabe que isso é errado. — Disse Helena a Lucas, deitados na cama.
— E o que foi aquilo mesmo. Queria me avisar sobre o que mesmo...
Helena não respondeu. Estava agora cometendo um dos piores de todos os pecados. Não conseguia acreditar que aquela noite pudesse terminar desse jeito.
— Hoje eu vou me casar e sabe... eu não quero. Nunca a amei.
Helena o beijou.
— Você é perfeita... Vou terminar tudo com a outra hoje.
— Não... você não pode...
— Porque não?
Helena novamente não respondeu. Permaneceu muda enquanto ele a apalpava com força, passando seus lábios por seu corpo todo.
— Precisa voltar... precisa casar-se.
— Eu não preciso de nada. Faço o que eu quiser e o que eu quero é você.
Helena soltou-o jogando-o da cama.
— O que pensa que está fazendo? — Gritou Lucas desnudo.
— Eu já disse que não podemos fazer isso.
Enquanto discutiam Felipe, o namorado de Helena abriu a porta e os encontrou no quarto.
Felipe tinha duas vezes o tamanho de Lucas e o dobro de sua força.
Ele saltou sobre a cama e o segurou pelo pescoço levando-o até a porta e jogou para fora, em seguida começou a socar seu rosto. Ambos brigavam na rua, o homem alto e o homem nu.
Felipe brigava com Lucas, até que Lucas começou a revidar e conseguiu dobra-lo dando-lhe um soco na boca do estomago. Felipe atingiu-lhe uma direita no queixo, desorientando-o. Ele tirou uma arma de trás do bolso, tentou acerta-lo, mas Lucas segurou, jogando a arma para longe. Felipe estava apanhando. Lucas pegou um pedaço de pau próximo dali e no momento que ia acetar sua cabeça, ouviu-se um tiro... Lucas caiu no chão sem vida.
Helena tratou de pegar o celular de Lucas e ligou para o primeiro numero na lista de contatos, o de Carla. Contudo, foi seu pai que atendeu.
— Alô... eu queria dizer que infelizmente Lucas morreu...
Carla de Oliveira Lima, 28 anos, falecida em 4 de outubro de 1996. Causa da morte, desconhecida...